Fanfic: Cega paixão (terminada)

Alfonso lavou-se na pia da cozinha e quando Anahí saiu do banheiro estava ao telefone. Sabia que ela podia ouvi-lo e falou mais alto do que o necessário.

- Danny, estamos a salvo. Não importa onde mas, se tentar, não vai ser difícil adivinhar. Cuidou do nosso problema? - Alfonso olhou para cima e a viu fitá-lo com olhos arregalados. - Obrigado, amigão, fico lhe devendo um grande favor. Tem certeza de que ninguém o viu? Não quero que se prejudique por minha causa. Claro que tenho confiança na sua capacidade, ou não o teria chamado. Não há muita gente em quem se possa confiar. Sim, para você também. Telefono amanhã. - E desligou.

Os cabelos dela estavam úmidos e se encaracolavam, emoldurando-lhe o rosto. Anahí usava a camisola que ele lhe comprara e por um momento Alfonso se perguntou por que teria escolhido na loja aquele modelo branco virginal.

Quando Alfonso começou a subir a escada, Anahí recuou, arisca, fazendo-o sentir-se culpado.

- Danny cuidou de Kemptom; pôs o corpo num carro em chamas e o jogou num rio. Seria impossível suspeitarem de alguém. O fogo destrói qualquer pista e não há mais nada com que se preocupar...

- Por favor, não diga mais nada. Não quero mais pensar nisso.

Os pés dela estavam descalços e esse foi um dos primeiros fatores que o atraíram, embora não soubesse explicar por quê. Anahí não era o tipo de mulher que normalmente o atraía, mas Alfonso admirava-lhe a fragilidade, a bravura; seu jeito doce, e também o modo como o desafiava. Por algum motivo, sentia-se mais atraído por Anahí do que por qualquer outra garota em toda sua vida.

- Não pode deixar de pensar nisso? Só ficará bem quando aprender a aceitar e conviver com a realidade: você matou um homem porque não tinha outra saída, uma vez que ele iria matá-la. Fim.

- Vá embora, Alfonso.

- Consulte sua bola de cristal, guru - murmurou baixinho. - Esta será a nossa noite. Você não vai passar as próximas doze horas presa neste seu casulo remoendo o passado. Vai passar a noite comigo.

- Alfonso - ela pediu, quase em pânico, ao dar vários passos para trás. - Você não entende...

Sua voz era entrecortada pelo fôlego curto e Alfonso esticou a mão para segurá-la, temendo que tropeçasse e caísse.

- Por que está com tanto medo? - perguntou realmente curioso. - Não vou machucá-la, sabe disso. E me deseja tanto quanto desejo você. Sabe que não estou mentindo.

- Eu não...

- Diga que não - ele sugeriu de modo afável, os dedos acariciando-lhe a pele dos braços nus. - Tudo o que tem a fazer é dizer que não me quer e prometo que irei dormir no sofá.

- Eu...

As palavras estavam presas em sua garganta e Alfonso tirou proveito da situação, roçando-lhe os lábios pálidos com os seus.

- Não consegue, não é mesmo? - Ele tornou a beijá-la, mais devagar, e dessa vez os lábios doces se prenderam aos seus. Alfonso ergueu o rosto, sempre fitando-a bem dentro dos olhos. - Vamos, Anahí, não há o que temer. Parece até que nunca esteve com um homem antes...

Ele nem terminara a frase quando caiu em si. Sua vontade era soltá-la e correr, fugir daquela armadilha, mas não pôde. Não conseguiu soltá-la, não conseguiu correr nem deixar de desejá-la.

- Anahí, esta é... é sua primeira vez, não é? - sussurrou.

Evitando encará-lo ela apenas balançou a cabeça numa afirmativa.

Alfonso segurou-lhe o queixo e, empurrando-a com carinho até a parede do quarto, pressionou o corpo ao dela, deixando evidente o quanto a desejava. Anahí fitou-lhe os olhos cor de mel numa atitude que dizia mais do que mil palavras.

- Então, já está na hora de saber como é - disse, beijando-lhe a boca.

Só que, agora, de forma mais exigente e, para sua satisfação, Anahí correspondeu sem se encabular lançando-lhe os braços ao redor da cintura ao mesmo tempo em que entreabria os lábios.

Suave e macia, ela tremia em seus braços. Quanto mais a beijava, mais a desejava; queria mergulhar naquela boca úmida que o recebia, faminta.

Quando Alfonso afastou-se, Anahí o fitou pasma, absolutamente vulnerável. Vendo-a ali tão frágil, Alfonso olhou para aqueles olhos azuis e entendeu que, se avançasse mais um passo, não conseguiria mais parar. Então, disse a si mesmo que devia ser paciente, calmo, dar-lhe tempo para se acostumar com a idéia.

Com todo carinho, ergueu-a nos braços e levou-a para a cama pequena e antiga, coberta com uma colcha grossa e muito macia. Deitou-a bem no centro do leito, admirou-lhe o rosto bonito emoldurado pelos cabelos. Depois, recostou-se ao seu lado e apagou a luz.

Alfonso não sabia por onde começar. Não sabia se podia tocá-la sem assustá-la; se teria paciência e autocontrole para desabotoar todos aqueles botõezinhos da camisola sem se precipitar; se conseguiria acariciá-la, excitá-la, dar-lhe prazer antes que o próprio desejo o consumisse.

- Alfonso? - Anahí segurou-lhe a mão, e sua voz não era mais do que um sussurro na escuridão.

Alfonso acariciou-lhe o rosto. Apagara as luzes por causa dela, pois sabia que Anahí era tímida. E para não ver o quanto estava vulnerável, admitiu a si mesmo. Ali, mesmo na escuridão, sabia que Anahí era toda sua.