Fanfic: Cega paixão (terminada)

No armário, encontrou o maior estoque de sopa enlatada que jamais vira e, nervosa, começou a abrir uma das latas, pondo-a para esquentar.

- Sabe de uma coisa? -ele disse num tom casual. - Eu sempre achei que daria tudo para vê-la com este vestido vermelho.

Anahí virou-se e inclinou-se sobre o balcão que separava a cozinha da sala.

- E mudou de idéia?

- Mudei. Agora daria tudo para vê-la sem ele - confessou com voz meiga e muito sensual.

- Pois use a imaginação - ela sugeriu, apanhando um prato e uma colher no armário.

- Vou usar mais que isso - Alfonso brincou, já erguendo-se. O telefone tocou e ele o atendeu: - Sim?

Anahí colocou a sopa no prato e foi para a sala, comendo. Não era preciso ser paranormal para saber que as notícias não eram nada boas e, enquanto tomava a sopa, procurou ouvir a conversa.

Minutos depois, Alfonso desligou o telefone e praguejou.

- O que foi?

Ele se recostou no sofá e olhou-a com o canto dos olhos.

- Por que você não me conta?

A princípio ela o compreendeu mal e ficou chocada.

- Não vai me dizer que ainda suspeita que eu esteja envolvida...

Alfonso balançou a cabeça.

- Claro que não, Anahí, você não entendeu. Por que não consulta a bola de cristal? Estamos num beco sem saída. Mary Nelson voou de Frankfurt para Amsterdã e, de lá, desapareceu. Não há mais sinal dela. Nem haverá. Deve ter apanhado um avião particular, e agora não teremos mais informações.

- Como sabe? - indagou, levando o prato vazio até o balcão.

- Danny já falou com todo mundo que pudesse ajudar. Agora, cabe a você encontrá-la.

- Não posso.

- Mas precisa, Anahí! Senão, a morte de Phil não será vingada. Ninguém pagará pelo crime.

- Eu já falei que...

- Isso para não falar em Mary Nelson, as outras moças do Colorado e sabe Deus quantas mais. Qualquer que seja a causa que os move, é algo muito sério pelo qual vale à pena matar e nada irá detê-los. Já que você não faz mesmo parte do grupo, na certa virão a sua procura assim que tudo terminar. E a minha, também. Só que, desta vez, não cometerão mais erros.

- Quantas vezes tenho que repetir que não é assim tão simples? - perguntou, quase em lágrimas.

Alfonso levantou-se do sofá com a agilidade de um felino Anahí teve vontade de sair correndo. No entanto, permaneceu exatamente onde estava e ergueu o queixo num desafio.

- Você esqueceu? Já tentamos antes, e deu certo. Podemos tentar de novo, Anahí...

- Talvez eu tenha perdido meus poderes... Não há uma lenda que diz que as bruxas perdem os poderes quando deixam de ser virgens?

- Não - ele disse, segurando-a pelos braços. - Elas perdem os poderes quando se apaixonam.

Ela sabia que Alfonso a estava testando.

- Neste caso, estou fora de perigo.

- É claro que só as virgens conseguem capturar os unicórnios - comentou, puxando-a para si. - Por acaso tencionava sair caçando unicórnios?

- Não, Alfonso... - E tentou soltar-se, mas não conseguiu. - Estou muito... fraca. Preciso de um tempo, de um descanso, por favor.

- Tempo é só o que não temos. - Quando Anahí quis correr, Alfonso segurou-a, de modo que suas costas se apoiassem em seu peito e seus braços se cruzassem sobre os seios dela. - Feche os olhos, Anahí, e me diga o que consegue ver.