Fanfic: Cega paixão (terminada)

Não havia como escapar. Os braços dele a prendiam, e, ao mesmo tempo, a abrigavam. De repente, ela viu. O perigo, a escuridão, a dor. Aos poucos a tensão foi dominando-a, como uma onda.

As visões vieram mas Anahí não queria contar o que via.

- Não relute. Diga o que está vendo.

Era inútil insistir. O vermelho escuro estava espalhado por toda parte. Canais vermelhos de sangue.

- Canais de sangue - disse quase sem perceber.

- Canais... - Alfonso repetiu. - Então, ela ainda está em Amsterdã?

- Azul. A casa é azul e muito velha. Ele está com ela, mas há outros.

- Ele quem?

- O assassino de Phil. Ele está com ela! - E abriu os olhos fixando-os nas paredes sem enxergá-las. - Vejo sangue sobre mim. E... é o seu, Alfonso!

Dessa vez foi Alfonso quem se afastou, assustado.

- Minha nossa! - exclamou, atônito.

Mas ela não notou. Estava com tanto frio que talvez jamais conseguisse aquecer-se novamente. Alfonso ia morrer, e ela iria assistir a sua morte.

- Não posso deixar que aconteça de novo - disse ela em voz alta.

- Acontecer o quê?

- Não quero ver mais ninguém morrer. Primeiro foram meus pais, depois Alan. E Phil. Já chega. Não quero mais bancar a detetive, não quero encontrar estes sujeitos; quero que estas tragédias parem.

- Anahí, isso é impossível. Coisas ruins acontecem para todos. A única coisa que pode fazer para ajudar é descobrir esses sujeitos e impedi-los de agir. Não pode mudar o passado e não sei se poderá mudar o futuro.

- Neste caso, não vou fazer mais nada.

- Mas eu posso estar enganado. E se a minha única chance de sobreviver for tê-la a meu lado para me ajudar?

- E se sua única chance de sobreviver for não encontrar aquela casa? Aquela mulher doente e este homem, este... assassino?

- Você sabe que, cedo ou tarde, eu irei encontrá-los.

- Mas não quero estar lá para ver.

- Ou pode ser que eles me encontrem. E você estará comigo. E o sangue pode ser seu, não meu! - disse, com medo das próprias palavras.

E, sem dar-lhe chance de responder, abraçou-a e a beijou.

Indefesa, Anahí segurou-lhe o rosto com as duas mãos e confessou:

- Não quero que você morra, Alfonso!

- Eu não quero morrer. Não vou morrer, Anahí! Me ajude e ambos sairemos ilesos desta confusão.

Era impossível para ela resistir a um pedido dele.

- Está bem.

- Você sabe onde fica a casa azul?

- Não, mas a reconhecerei quando a vir.

- Então, vou providenciar uns passaportes falsos e partiremos o quanto antes. Já não sei mais em quem confiar, acho que daqui para diante teremos que agir sozinhos, ao menos, não teremos que nos preocupar com os falsos amigos.

- Tudo bem... mas agora preciso subir e dormir o mais que puder. Sozinha.

- Boa idéia, mas é melhor comer antes. Precisa se alimentar direito!

- Já tomei um bom prato de sopa. Mais tarde tomarei lanche.

- Certo! Aliás, vamos comer bem em Amsterdã. Os holandeses são famosos por sua culinária. Você vai gostar.

- Não vamos para a Holanda, Alfonso! - ela disse, como se acabasse de descobrir a informação mais importante do mundo. - Shari Derringer está em Veneza!