Fanfic: Cega paixão (terminada)

Pela manhã, o amor entre os dois foi mais calmo, o vestido vermelho jogado ao pé da cama. Desta vez, foi ela quem tomou a iniciativa e impôs seu próprio ritmo à relação, posicionando-se sobre ele. Agora que descobrira o quanto era bom, Anahí não se cansava de fazer amor.

E quase experimentaram se amar sob o chuveiro, mas Alfonso teve medo de voltar a se descontrolar, e sugeriu que agissem como dois adultos razoáveis, limitando-se apenas a algumas carícias mais ousadas.

Ao descer para o café, Anahí sentiu as pernas trêmulas e sua fraqueza era tal que temeu desmaiar de fome. Alfonso colocou um prato de ovos com bacon a sua frente, uma xícara grande de café e observou-a devorar a comida.

- Não sei por que acordei com tanta fome - ela comentou, já satisfeita, ao tomar a segunda xícara de café, pondo os cabelos para trás da orelha. - No Colorado, eu comia pouquíssimo.

- É que tem despendido mais energia - Alfonso lembrou, tanto distraído.

- Tem razão. - Ela percebeu a mudança de humor. - Algum problema?

- Não, não. Danny passou por aqui enquanto dormíamos e nos trouxe umas roupas e dois passaportes. Devemos sair dentro de uma hora para conseguirmos pegar o vôo que sai do aeroporto de Nova York daqui a sete horas. Vamos para Veneza.

Anahí sentiu um friozinho no estômago, mas ignorou-o.

- Como conseguiram fazer um passaporte para mim sem minha foto?

- Nunca subestime meus amigos. Danny viu uma foto sua num jornal do Colorado, depois deu uma olhada nos arquivos do setor de identificação, arranjou uma moça bem parecida e arrumou a foto em apenas algumas horas. Veja. -  E entregou-lhe o passaporte.

Ao abri-lo, Anahí ficou pasma ao ver a moça que bem poderia ser sua irmã gêmea. Só então compreendeu o significado da crença que diz que cada pessoa tem um similar idêntico em algum ponto da Terra. A única diferença eram os cabelos da moça. Eram bem curtos. Anahí fechou o passaporte e olhou para Alfonso.

- Por que não arrumaram uma peruca para ela?

- Eles tentaram, mas ficou muito artificial.

Anahí, então, puxou os cabelos para o lado e os prendeu numa trança.

- Tem uma tesoura?

Por um segundo, ele vacilou.

- S-sim - respondeu, afinal, indo até a cozinha.

Quando voltou, ela lhe deu as costas sentindo-se a própria condenada à guilhotina. Mas Alfonso não se mexeu. Finalmente, voltou-se para fitá-lo, e viu os olhos dele muito tristes, atormentados.

- E-eu não posso cortá-los, Anahí! - ele admitiu, jogando a tesoura ao seu lado sobre o sofá.

E, batendo a porta, saiu da casa.

Anahí não cortava os cabelos havia vários anos, desde a morte da avó. Eram sua única vaidade, a única coisa com que se preocupava e da qual se orgulhava. O fato de Alfonso ter se recusado a cortá-los era uma demonstração de sensibilidade, e a deixou feliz. Afinal, ele não era tão cruel quanto se fazia parecer. Sorridente, apanhou a tesoura e foi para o banheiro.

Foi preciso calma para cortá-los. Caso fizesse uma bobagem, não teria tempo de passar num cabeleireiro; portanto, tomou todo cuidado.

Quase meia hora depois, viu uma mulher completamente diferente sorrir-lhe no espelho. Não era a do passaporte, nem a comportada moça do Colorado. A mulher do espelho tinha uma expressão alegre, cheia de vida, apaixonada, disposta a manter-se assim e a salvar a vida daquele que amava.

Já no quarto, vestiu um macacão caqui que Danny trouxera, penteou os cabelos de lado e desceu. Alfonso estava na cozinha e, ao vê-la se aproximar, deteve-se para admirá-la.

Por um momento, Anahí entrou em pânico. E se ele não gostasse? E se não a achasse mais atraente? E se...

Alfonso cruzou a sala com passos longos, segurou-lhe o queixo e beijou-a, pondo fim a todas as suas dúvidas. Então, sorriu e disse:

- Vamos cair fora daqui já, senão não pegaremos jamais aquele avião.

ultimo de hj