Fanfic: Cega paixão (terminada)

O caminho de volta para a pensão no vaporetto parecia eterno. O sol havia se posto e a tarde ficara fria e escura.

Chegando ao quarto da pensão, Martin segurou-a pelo braço e a fez sentar-se na cama.

- Agora é só esperar - ele constatou, satisfeito. - Se o conheço bem, ele não vai demorar.

- Você e Alfonso se conhecem?

- Pode-se dizer que sim.

- Você faz parte da Spandau Corporation?

Martin não respondeu, permanecendo calado. Anahí sentiu quando Alfonso entrou na pensão; sentiu seus passos na escada, sua respiração logo atrás da porta. Mas não pôde fazer nada. Martin encolheu-se atrás dela na cama e apontou-lhe a arma.

A batida na porta a assustou. Tinha certeza de que era Alfonso, mas ele possuía a chave.

- Pergunte quem é.

- Quem é? - ela conseguiu perguntar com voz trêmula.

- Serviço de quarto - Alfonso respondeu.

Martin achou graça.

- Diga-lhe que entre.

- Não.

- Diga - ordenou pressionando a arma contra sua têmpora.

Ela não precisava avisá-lo de mais nada. Alfonso já sabia.

- Entre.

A porta abriu bem devagar, revelando a figura de Alfonso com uma arma três vezes maior que a de Martin na mão. Com muito cuidado, ele fechou a porta e disse:

- Danny, seu engraçadinho, que piada é esta?

O rapaz saiu de trás dela, guardou a arma e abraçou o amigo. . .

- Foi só para mantê-lo alerta. Por que deixou sua garota sair sozinha por aí?

Alfonso observou-a. Anahí estava pálida e as lágrimas rolavam por suas faces.

- Anahí, por que fez isso? Você quase me matou de susto saindo sem que eu percebesse. O que acha que ia conseguir saindo por aí sozinha?

- Eu... Eu... - Apelando para seu orgulho, ela se recompôs e os fuzilou de ódio. - Vão para o inferno! - exclamou, afundando-se na cama.

- Onde você a encontrou? - Alfonso perguntou ao amigo. - E o que faz por aqui, afinal?

- Fui designado para cá.

- Puxa, eu já tinha esquecido que o Departamento de Estado pode mandá-lo para qualquer lugar.

- Eu os convenci a me deixarem acompanhá-lo.

- Então, eles sabem que estou aqui?

- Sabem que está em algum lugar da Europa e torcem para que eu o encontre. Só vou entrar em contato com o chefe daqui a três dias. Até lá, espero que você invente uma boa história.

- Senão... você terá de contar onde estou? Isso não seria bom para ninguém.

- Isso pode simplesmente salvar sua vida.

- Ora, Danny, você sabe que não é verdade. Se eu precisar da ajuda do governo para me defender...

- É para mim que você vem contar isso? - E ambos riram. - Sua garota teve sorte em estar comigo; quase lhe estouraram os miolos. Ela entrou por uma viela e, ao chegar diante de uma casa, ficou pasma, observando a construção, e nem percebeu que um sujeito lhe apontava uma arma no terraço do andar superior.

- A única arma apontada para mim era a sua - Anahí alegou.

- Se Danny diz que havia uma arma apontada na sua direção, você devia agradecer por ainda estar viva. Onde foi isso?

- Onde você acha que poderia ter sido? - perguntou, irônica. - Na casa azul.