Fanfic: Cega paixão (terminada)

Era um dia frio de muito vento. O céu estava azul sobre a praça de São Marcos e, ao longe, nuvens brancas se aproximavam. Anahí estava sentada numa das mesinhas do café observando os pombos, Olhando para Alfonso do outro lado da mesa, lembrou-se dos acontecimentos da véspera e daquela manhã. Haviam feito amor de modo quase desesperado, como se temessem ser a última vez, e ele tornara a insistir na mesma pergunta. Onde fica a casa azul? Anahí suspirara e revelara o endereço.

Desde então, Alfonso quase não lhe dirigira a palavra, mergulhado nos próprios pensamentos.

- Está muito frio para ficarmos num café ao ar livre - ela comentou, pondo a xícara de lado.

Ele ergueu o rosto e a fitou.

- Há uma porção de turistas aqui.

- Mas eles pagaram caro pela excursão e não podem perder uma tarde trancados no hotel. Não viemos aqui para passear.

- Tem razão.

- Então, por que temos que ficar aqui fora com este frio?

- Pensei que quisesse um café.

- Podíamos ter tomado no quarto mesmo. Diga, Alfonso: o que estamos esperando?

Ele suspirou:

- Este é um dos lugares mais seguros para você em Veneza. É amplo, cheio de gente e ninguém poderia lhe dar um tiro pelas costas.

- Por outro lado, qualquer um pode nos ver sentados aqui.

- Isso mesmo. Quem quer que esteja a nossa procura já deve estar nos observando.

- Então, diga logo por que viemos - insistiu, já perdendo a paciência.

- Estamos esperando por Danny, Não que ele seja de absoluta confiança, mas é mais confiável do que qualquer outro. Sei como ele raciocina, pois fomos treinados na mesma escola. O problema é que o inverso também é válido, e não vai ser fácil esconder alguma coisa de Danny.

- E é preciso esconder?

- Não tenho outra escolha.

- Então, por que não vamos embora?

- Porque ele vai cuidar de você, mantê-la a salvo enquanto vou à procura de Shari.

- Alfonso, não pode fazer isso!

- Posso e vou.

Ele segurou-lhe as mãos frias e fitou-a com determinação.

- Não quero que você morra, Alfonso.

Alfonso deu de ombros mas Anahí sentiu-o estremecer.

- Antes eu do que você. Não quero que nada lhe aconteça, por isso vai me obedecer, entendeu?

Anahí sabia que, tão logo Danny os encontrasse ali, Alfonso iria desaparecer.

- Por favor, não me deixe - pediu, mas ele ignorou-a. - Por favor, Alfonso. - Então, apelou para seu último recurso. - Quem era Amy Lee?

Finalmente Alfonso voltou toda a atenção para Anahí, os olhos repletos de ódio e dor.

- Minha esposa. Ela morreu, Anahí. Mas você não vai morrer.

E, sem mais uma palavra, levantou-se, deixando-a só.

Elizabeth olhou à volta, mas nem sinal de Danny. Então, pensou em seguir Alfonso mas logo desistiu. Ele iria seguir o endereço falso que lhe dera da casa azul, à margem direita do Canal Principal. Mentira para salvar-lhe a vida, para ganhar um pouco mais de tempo. Porém, ao retornar à pensão, ele saberia que mentira e não haveria mais como escapar.

Preocupada, olhou a sua volta e viu um rapaz magro de olhos castanhos numa mesa próxima. Mesmo nunca o tendo visto, era como se soubesse quem ele era. O moço olhava para a esquerda, sem prestar-lhe atenção, e, seguindo a direção de seu olhar, Anahí deparou com Shari Derringer.