Fanfic: Cega paixão (terminada)

A Spandau Corporation era um dos maiores fracassos criados pelo Serviço de Inteligência Americano, envolvendo desde o presidente dos Estados Unidos, passando pela CIA até os mais simples departamentos de inteligência. Um escândalo que, apesar de já ter dez anos, continuava bem vivo na lembrança de todos.

A princípio, fora um plano engenhoso, coberto de glórias. A Spandau Corporation tinha sido uma companhia imaginária criada pela CIA para servir de disfarce à infiltração em diversos grupos terroristas europeus e do Oriente Médio nos anos setenta. Alfonso Oliver, bem como Phil Grayson, estavam entre seus funcionários fictícios.

Porém, a certa altura, tudo começou a dar errado. Burocracia demais, muitos agentes duplos, chefes em demasia. Ninguém saberia dizer como, mas, quando a poeira assentou, os planos para o controvertido míssil Unicorn, acordos secretos assinados entre supostos países inimigos, e os detalhados planos dos EUA para a América Central e o Oriente Médio tinham caído nas mãos da pior coleção de terroristas internacionais jamais vista. Que, para completar, se autodenominavam Spandau Corporation.

Não havia nada que se pudesse fazer para salvar a situação. Os planos tiveram que ser mudados, o míssil Unicorn teve que ser substituído por outro muito menos eficiente e os agentes foram obrigados a voltar para os EUA.

O nome da Spandau Corporation, a companhia imaginária, e todos os seus planos tinham sido mantidos em segredo e pouquíssimas pessoas a conheciam.

Alfonso permanecia de pé no living ouvindo os movimentos de Anahí na cozinha. Talvez ela fosse uma dessas poucas pessoas. Phil tinha gravado em vídeo suas sessões com ela e Alfonso ficara mais de uma hora vendo as fitas à procura de alguma pista - uma fala em falso, uma mudança de entonação, uma hesitação qualquer. Ela mencionara o nome da Spandau de modo muito inocente, e casual demais para ser verdade. Isso poderia fazer parte de um treinamento qualquer por que passara.

Outra coisa que o havia intrigado fora o modo despreocupado com que Anahí entrara na sala para ver quem estava lá; principalmente havendo um perigoso assassino à solta na região.

Mary Nelson não tinha sido a primeira a desaparecer e, com certeza, não seria a última. Nenhuma mulher em sã consciência receberia um invasor no meio da noite com tanta tranqüilidade. "Mais um dado contra ela", Alfonso constatou. Ninguém demonstraria tanta calma diante de um estranho naquelas circunstâncias a menos que tivesse certeza de controlar a situação.

Intimamente estava preparado para vê-la sair da cozinha com um revólver na mão. Aliás, Anahí tinha mãos bem pequenas. Um rosto pálido, delicado, os cabelos em cascata pelas costas estreitas, o robe de flanela amarrado na cintura fina. Ia ser difícil para ela esconder uma arma vestida daquela maneira.