Fanfic: Sabor de Perigo [TERMINADA]
O casamento estava cancelado.
Anahí Cormier, sentada no vestiário da igreja, olhava fixamente para o espelho e perguntava-se por que não conseguia chorar. Sabia que a dor estava ali, profunda e terrível, escondida sob a sensação de anestesia que tomara conta de seu corpo. Ainda assim, não sentia nada. Ainda não. Só era capaz de permanecer sentada, os olhos secos mirando o reflexo no espelho. A imagem perfeita da noiva. O véu flutuava leve em torno de seu rosto, e o corpete do vestido, bordado com minúsculas pérolas, deixava os ombros à mostra. Os cabelos negros e longos encontravam-se presos num coque discreto. Todas as pessoas que haviam estado com ela naquela manhã — a mãe, a irmã Wendy, a madrasta — haviam elogiado a beleza da noiva.
E ela teria sido uma noiva bonita... se o noivo houvesse dado o ar de sua graça.
Ele nem tivera a coragem de dar-lhe a notícia pessoalmente. Após seis meses de planos e sonhos, ela recebera o bilhete do noivo vinte minutos antes da cerimônia, entregue pelo padrinho escolhido por ele.
Any,
Preciso de tempo para pensar. Sinto muito. Deixarei a cidade por alguns dias. Ligarei para você.
Christopher.
Ela se forçou a ler o bilhete mais uma vez.
Preciso de tempo... Preciso de tempo...
De quanto tempo um homem precisaria?
Um ano antes, Anahí mudara-se para o apartamento do dr. Christopher Bledsoe. Segundo ele, aquela seria a única maneira de saberem se eram mesmo compatíveis. Casamento era um compromisso muito sério, permanente, e ele não queria cometer um erro. Aos quarenta e um anos, Christopher tivera sua quota de relacionamentos desastrosos. Estava determinado a não cometer mais erros. Queria ter a certeza de que Anahí era a mulher por quem ele esperara a vida inteira.
Anahí estava absolutamente certa de que Christopher era o homem de sua vida. Tão certa que, no mesmo dia em que ele sugerira que passassem a morar juntos, ela fora direto para casa e fizera as malas...
— Any? Any, abra a porta! — Era a irmã Wendy, forçando o trinco. — Por favor, deixe-me entrar.
Anahí escondeu o rosto nas mãos.
— Não quero ver ninguém.
— Precisa de companhia.
— Só quero ficar sozinha.
— Escute, todos os convidados já se foram. Só eu fiquei aqui. A igreja está vazia.
— Não quero conversar. Vá para casa, por favor.
Após um longo silêncio, Wendy falou:
— Se eu for embora, como você vai para casa?
— Chamarei um táxi, ou pedirei ao reverendo Sullivan que me leve. Preciso de tempo para pensar.
— Tem certeza de que não quer conversar?
— Tenho. Ligo para você mais tarde.
— Se é o que deseja... — Wendy fez uma pausa e, então, acrescentou com ódio: — Christopher é um patife! Eu nunca disse nada, mas jamais gostei dele.
Anahí não respondeu. Continuou sentada com a cabeça apoiada nas mãos, querendo chorar, mas incapaz de derramar uma lágrima sequer. Ouviu os passos de Wendy afastarem-se, até a igreja mergulhar no silêncio. As lágrimas não vieram. Não podia pensar em Christopher naquele momento. Sua mente parecia determinada a concentrar-se nos aspectos práticos de um casamento cancelado. O bufê contratado para a recepção e toda a comida intocada. Os presentes que teria de devolver. As passagens para a ilha de St. John, pelas quais não receberia reembolso. Talvez ela devesse fazer aquela viagem e esquecer o dr. Cristopher Bledsoe. Iria sozinha, tendo por companhia somente o seu biquíni. Assim, ao menos, sairia daquela desgraça toda com um belo bronzeado.
Devagar, ergueu a cabeça e voltou a olhar para o espelho. Não era uma noiva tão linda, assim, pensou. O batom estava borrado e o coque começava a se desfazer. Aos poucos, estava se transformando numa mulamba.
Num acesso de raiva, tirou a grinalda. Grampos voaram para todos os lados, libertando os cabelos negros. Atirou a grinalda na cesta de lixo. Fez o mesmo com o buquê de flores naturais. Sentiu-se melhor. A raiva era como um combustível potente correndo por suas veias. Levantou-se.
Saiu do vestiário, a cauda do vestido varrendo o seu caminho, e foi até a nave.
Os bancos encontravam-se vazios. Guirlandas floridas enfeitavam os corredores e buquês adornavam o altar. O cenário fora preparado com perfeição e beleza para um casamento que jamais aconteceria. Porém, os resultados do trabalho hábil do florista passou despercebido para Any, quando ela atravessou o altar e seguiu pelo corredor. Sua atenção concentrava-se na porta da frente. Na fuga. Nem mesmo o chamado preocupado do reverendo Sullivan diminuiu o ritmo de seus passos. Caminhou por entre os lembretes floridos do fiasco de seu casamento e abriu a porta.
Foi na escadaria da igreja que parou. O sol de julho ardeu em seus olhos e de repente, ela se deu conta do espetáculo lamentável que devia estar proporcionando: uma mulher sozinha, vestida de noiva, tentando chamar um táxi. Só então, prisioneira na armadilha do sol, Anahí sentiu a ameaça das primeiras lágrimas.
Ah, não! Estava prestes a perder o controle e chorar bem ali, diante do trânsito agitado da Forest Avenue.
— Any? Any, querida.
Ela virou-se. O reverendo Sullivan estava no degrau de cima, fitando-a com ar preocupado.
— Posso fazer alguma coisa por você? Qualquer coisa? — ele perguntou com seu jeito dócil. — Se quiser, podemos entrar e conversar.
Ela sacudiu a cabeça com expressão infeliz.
— Quero ir embora daqui. Por favor, só quero ir embora.
— É claro, minha querida. — Ele tomou-lhe o braço.
— Vamos, vou levá-la em meu carro.
O reverendo Sullivan levou-a até o estacionamento ao lado da igreja. Anahí segurou a cauda do vestido, que já estava toda suja, e entrou no carro, empilhando o excesso de cetim no colo.
O reverendo sentou-se ao volante. O calor era insuportável dentro do carro, mas ele não deu a partida. Em vez disso, permaneceram em silêncio por alguns instantes.
— Sei que é difícil compreender o propósito que Deus possa ter em tudo isso — ele falou. — Mas, com certeza, há uma razão, Any. Pode não ser aparente no momento. Na verdade, pode parecer a você que Ele lhe deu as costas.
— Foi Christopher quem me deu as costas — ela murmurou entre lágrimas, e secou o rosto na cauda do vestido. — Deu-me as costas e fugiu.
— A ambivalência é um sentimento comum para os noivos. Tenho certeza de que dr. Bledsoe sentiu que este era um passo muito grande para ele...
— Um passo muito grande para ele? Por acaso, acha que para mim o casamento é tão simples quanto um passeio no parque?
— Não, não! Você entendeu mal.
— Por favor — Any abafou um soluço. — Leve-me para casa.
Sacudindo a cabeça, ele pôs a chave na ignição.
— Eu só queria explicar-lhe, querida, que isto não é o fim do mundo. Trata-se da natureza da vida. O destino está sempre nos atirando surpresas, crises que não esperamos, coisas que parecem surgir do nada.
Um ruído ensurdecedor sacudiu a igreja. A explosão destruiu as janelas de vitral e uma chuva de caquinhos de vidro colorido caiu sobre o estacionamento. Livretos de hinos rasgados e fragmentos de bancos cobriram a capota do automóvel.
À medida que a fumaça branca se dissipava, Any via inúmeras pétalas de flores caírem lentamente pelo ar, pousando sobre o pára-brisa, bem diante do olhar chocado do reverendo Sullivan.
— Sair do nada — Anahí murmurou. — Não poderia ter escolhido palavras melhores.
Autor(a): letiportilla
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 374
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jl Postado em 18/09/2010 - 00:05:03
Hainnnnnn
Acabou com o casamento *--*
Que lindo...serio amei essa adaptação...muito boa.
Obrigado por naum abandonar e sempre postar...amei a web de verdade.
Parabensss
E quero ler a nova *-*
beijoooo -
jl Postado em 18/09/2010 - 00:04:57
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jl Postado em 18/09/2010 - 00:04:51
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jl Postado em 18/09/2010 - 00:04:45
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jl Postado em 18/09/2010 - 00:04:39
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jl Postado em 18/09/2010 - 00:04:34
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jl Postado em 18/09/2010 - 00:04:24
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jl Postado em 18/09/2010 - 00:04:19
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jl Postado em 18/09/2010 - 00:04:13
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jl Postado em 18/09/2010 - 00:04:08
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