Fanfic: Sabor de Perigo [TERMINADA]

jl: Eu me baseei numa história escrita pela autora Tess Gerritsen, como está escrito na introdução. E ela escreve muito bem mesmo, é uma das minhas autoras preferidas. Eu li esse livro, gostei e achei que seria legal adaptá-lo numa web AyA. Acompanhe, acredito que você irá gostar ;)

A silhueta imobilizou-se.

— Mãos para o alto — Poncho ordenou. — Vamos, mãos ao alto!

As duas mãos ergueram-se.

— Não atire! — a voz masculina implorou aterrorizada.

Poncho ergueu-se e acendeu a luz. Após um olhar para o homem à sua frente, proferiu um palavrão.

Dois policiais uniformizados entraram correndo, empunhando suas armas.

— Nós o tínhamos na mira, Navarro! — anunciou um deles.

— Agiram bem — Poncho admitiu contrariado. — Mas podem ir. Este não é o nosso homem. — Guardou a arma e examinou o loiro que ainda exibia expressão assustada. — Sou o detetive Poncho Navarro, polícia de Portland. Imagino que seja o dr. Christopher Bledsoe.

— Sim, sou eu — Christopher respondeu, nervoso. — O que está acontecendo? Por que está em minha casa?

— Onde esteve o dia todo, dr. Bledsoe?

— Eu... Posso abaixar as mãos?

— Claro.

Christopher abaixou as mãos e olhou para os policiais às suas costas.

— Eles vão continuar apontando as armas para mim?

— Vocês podem ir embora — Poncho informou aos policiais.

— E quanto à patrulha da área? Vai cancelar? — um deles perguntou.

— Duvido que algo aconteça esta noite. Mas, por via das dúvidas, continuem patrulhando até o amanhecer.

Os dois saíram e Poncho repetiu:

— Onde esteve, dr. Bledsoe?

Sem as armas apontadas para suas costas, o medo de Christopher transformou-se em raiva.

— Primeiro, você vai me explicar o que está fazendo em minha casa! Não tem autoridade para invadir domicílio alheio. Acabarei com a sua carreira, se não me apresentar um mandado agora mesmo!

— Não tenho mandado.

— Não? Invadiu minha casa e me ameaçou, sem um mandado?

— Não invadi sua casa — Poncho respondeu com calma. — Entrei pela porta da frente...

— Claro.

Poncho retirou as chaves de Anahí da bolsa e balançou-as no ar.

— Com isto — completou.

— Estas chaves pertencem à minha noiva! Como as conseguiu?

— Ela me deu.

— Ela... o quê? Onde está Anahí? Ela não tinha o direito de dar as chaves de minha casa a ninguém!

— Correção, doutor. Anahí Cormier estava morando com você, o que a torna residente legal desta casa. Isso dá a ela o direito de permitir a entrada da polícia, como ela fez. Agora, vou repetir a pergunta pela terceira vez. Onde passou o dia, doutor?

— Fora — Christopher respondeu em tom de desafio.

— Pode ser mais específico?

— Está bem. Fui a Boston. Precisava sair da cidade.

— Por quê?

— Isto é um interrogatório? Não sou obrigado a responder suas perguntas. Aliás, não devo dizer nada, sem a presença de meu advogado — Christopher disse e apanhou o telefone.

— Não precisa de advogado. A menos que tenha cometido um crime.

— Um crime? — Christopher virou-se para encará-lo. — Está me acusando de alguma coisa?

— Não estou acusando-o de nada. Mas preciso de respostas. Soube do que aconteceu na igreja, hoje?

Christopher colocou o telefone no gancho e assentiu.

— Ouvi sobre a explosão. Foi por isso que voltei antes do que planejava. Fiquei preocupado com a possibilidade de alguém ter se ferido.

— Felizmente, não houve feridos. A igreja estava vazia no momento da explosão.

Christopher suspirou aliviado.

— Graças a Deus! — murmurou. — Já sabem o que provocou a explosão?

— Sim. Foi uma bomba.

Christopher sobressaltou-se.

— O noticiário informou apenas que ocorrera uma explosão. Não disseram nada sobre uma bomba.

— Ainda não fizemos uma declaração pública.

— Por que alguém bombardearia uma igreja?

— É o que estamos tentando descobrir. Se o casamento houvesse se realizado, dezenas de pessoas poderiam estar mortas, agora. Anahí me contou que foi você quem decidiu cancelar tudo. Por quê?

— Eu não estava pronto para me casar — Christopher confessou, escondendo o rosto nas mãos.

— Então seus motivos foram estritamente pessoais?

— O que mais poderia ser? — Christopher voltou a erguer a cabeça, demonstrando súbita compreensão. — Ah, meu Deus! Pensou que a bomba tivesse algo a ver comigo?

— A idéia passou pela minha cabeça. Considere as circunstâncias. Você cancelou o casamento na última hora. Então, saiu da cidade. Achamos que poderia ter recebido algum tipo de ameaça.

— Não, não foi nada disso. Cancelei o casamento porque não queria me casar.

— Importa-se de me explicar o porquê?

— Sim, eu me importo.

Caminhou até o bar, serviu-se de uma dose de uísque e bebericou-o, sem olhar para Poncho.

— Conheci sua noiva — Poncho declarou. — Ela me pareceu uma mulher decente, inteligente, atraente. — Eu estou mais que atraído por ela, Poncho acrescentou para si mesmo.

— Está me perguntando por que eu a abandonei no altar?

— Sim.

Christopher não respondeu.

— Tiveram alguma briga?

— Não.

— O que houve, dr. Bledsoe? Nervosismo? Tédio? Outra mulher?

— Isso não é da sua conta. Saia de minha casa.

— Já que insiste... Mas devo avisá-lo que voltaremos a conversar. — Poncho caminhou até a porta e parou. — Conhece alguém que pudesse desejar algum mal à sua noiva?

— Não.

— Alguém que pudesse querer vê-la morta?

— Que pergunta ridícula!

— Alguém tentou jogá-la para fora da estrada, hoje à tarde.

Christopher encarou-o com evidente surpresa e preocupação.

— Anahí? Quem fez isso?

— É o que estou tentando descobrir. O incidente pode ou não estar ligado à explosão. Tem idéia do que está acontecendo? Quem tentaria feri-la?

Christopher hesitou por um instante.

— Não. Não faço idéia. Onde está ela?

— Está num lugar seguro por esta noite, mas não poderá se esconder para sempre. Portanto, se pensar em alguma coisa, telefone. Se ainda se importa com ela.

Christopher não disse nada.

Poncho virou-se e saiu.

A caminho de casa, ligou do telefone do carro para o parceiro. Gillis, como seria de esperar, ainda estava trabalhando.

— O noivo está na cidade — informou-o. — Diz que não faz idéia do porquê a igreja foi bombardeada.

— E por que eu não consigo ficar surpreso? — Gillis retrucou.

— Alguma novidade?

— Sim. Não conseguimos encontrar o zelador.

— O quê?

— O zelador da igreja. Estamos tentando localizá-lo. Ele não voltou para casa.

— Interessante.

— Já investigamos o sujeito. Chama-se Jimmy Brogan e tem uma ficha policial. Apenas pequenos furtos, anos atrás, nada mais sério. Mandei Cooley conversar com a esposa e revistar a casa.

— Brogan já se envolveu com explosivos?

— Até onde sabemos, não. A esposa jura que ele está limpo e que volta para casa todas as tardes, por volta das seis, para jantar.

— O que mais?

— É tudo. Estou exausto e vou para casa.

— Certo. Vejo você de manhã.