Fanfics Brasil - Capítulo IV - Continuação Sabor de Perigo [TERMINADA]

Fanfic: Sabor de Perigo [TERMINADA]


Capítulo: Capítulo IV - Continuação

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Anahí despertou ao som da inconfundível música que acompanhava exercícios aeróbicos. Ao descer, encontrou Daniella deitada no chão da sala de ginástica, vestindo um macacão de lycra rosa, as pernas cortando o ar com facilidade, ao ritmo da música. Por um momento, Anahí observou-a em silêncio, fascinada pela exibição de músculos rijos. Daniella cuidava muito do corpo. Na verdade, fazia pouco mais que isso. Desde que se casara com George Cormier, seu único objetivo parecia ser a perfeição de seu corpo.


A música terminou. Daniella pôs-se de pé com gestos graciosos. Quando virou-se para apanhar a toalha, viu Anahí na porta.


— Bom dia — cumprimentou-a.


— Bom dia — Anahí respondeu. — Acho que dormi demais. Papai já saiu para o trabalho?


— Você sabe como ele é. Gosta de começar o dia ao amanhecer.


Um silêncio pesado tomou conta do ambiente. Era sempre assim. Além de o relacionamento das duas não contar com a menor intimidade, as duas não tinham nada em comum, além de sua relação com George Cormier.


Daniella sentou-se na bicicleta e começou a pedalar.


— George tinha uma reunião esta manhã. Voltará para o jantar. E você recebeu duas ligações. Uma foi daquele detetive bonitão.


— Detetive Navarro?


— Sim. Queria saber se você estava bem.


Ora, ele se preocupava com ela, Anahí pensou, sentindo nova animação. Ele se importara o bastante para precisar certificar-se de que ela estava bem. Ora, talvez, estivesse preocupado apenas em saber se não teria mais um cadáver em suas mãos.


Sim, esta era a razão mais provável para o telefonema.


Desanimada, Anahí virou-se para sair da sala, mas parou na porta.


— Você disse que eram duas ligações — falou.


— Ah, sim. Christopher também ligou.


— Christopher? — Anahí repetiu, chocada.


— Queria saber se você estava aqui.


— E onde ele está?


— Em casa.


— Devia ter me avisado.


— Você estava dormindo. Achei que não havia necessidade de acordá-la. Além do mais, ele disse que vai telefonar mais tarde.


Não vou esperar, Anahí pensou, pois quero respostas imediatas e pessoalmente.


Com o coração aos saltos, saiu da casa e tomou emprestado o Mercedes de seu pai para ir até Ocean View Drive.


Quando estacionou diante da garagem de Christopher, tremia dos pés à cabeça. O que diria a ele? E, pior, o que ele teria para dizer-lhe?


Teve de tocar a campainha, pois dera suas chaves a Navarro. De qualquer maneira, aquela não era mais a sua casa. Nunca fora.


A porta se abriu e Christopher fitou-a com ar surpreso. Vestia short e camiseta, e seu rosto exibia o rubor saudável de exercício recente. Não lembrava em nada a figura de um homem sofrendo por sua noiva.


— Anahí... Eu... eu estava preocupado com você.


— Não sei por que é tão difícil acreditar nisso.


— Telefonei para a casa de seu pai...


— O que aconteceu, Christopher? Por que me abandonou daquela maneira?


Ele desviou os olhos.


— Não é fácil explicar.


— Também não foi fácil para mim dizer a todos que fossem embora, sem saber por que tudo havia terminado. Você poderia ter me falado uma semana antes, um dia antes. Mas preferiu me deixar lá, com aquele maldito buquê na mão, imaginando se era minha culpa, perguntando o que eu fiz de errado.


— Não foi você, Anahí.


— O que foi, então?


Ele não respondeu. Continuou evitando-lhe o olhar, como se tivesse medo de encará-la.


— Vivi com você durante um ano — Anahí falou com tristeza —, e não faço a menor idéia de quem é você.


Passou por ele e foi direto para o quarto.


— O que está fazendo? — Christopher perguntou.


— Apanhando minhas coisas e saindo de sua vida.


— Anahí, sejamos civilizados. Nós tentamos, mas não deu certo. Por que não podemos continuar amigos?


— É isso o que somos? Amigos?


— Por que não?


Anahí soltou uma risada amarga.


— Amigos não se apunhalam pelas costas.


Entrou no quarto, abriu as gavetas e começou a atirar suas roupas sobre a cama. Queria sair daquela casa e nunca mais voltar. Até minutos antes, acreditara na possibilidade de salvar seu relacionamento com Christopher. Agora, sabia que não havia a menor chance para eles. Na verdade, ela não o queria mais. Christopher Bledsoe a atraíra por ser inteligente, espirituoso, carinhoso... Ora, ele fora um grande ator!


Christopher observava da porta, com ar contrariado, como se ela fosse a culpada por tudo. Anahí ignorou-o e continuou a empilhar as roupas.


— Precisa mesmo fazer isto agora? — ele perguntou.


— Sim.


— Não temos malas suficientes.


— Usarei sacos de lixo. E vou levar meus livros.


— Hoje? Mas, você tem toneladas de livros!


— Esta semana, tenho toneladas de tempo, já que tirei uns dias de folga para a minha lua-de-mel.


— Não está sendo razoável. Sei que está zangada e tem esse direito. Mas não precisa bater gavetas e portas desse jeito.


— Vou bater o quanto tiver vontade!


O som de alguém limpando a garganta fez os dois virarem sobressaltados. Poncho Navarro estava na porta, observando-os.


— Será que os tiras nunca batem na porta? — Christopher inquiriu irritado.


— Eu bati — Poncho replicou. — Ninguém respondeu. E você deixou a porta aberta.


— Está invadindo minha casa sem um mandado... de novo.


— Ele não precisa de mandado — Anahí declarou.


— A lei diz que sim.


— A menos que eu o convide a entrar.


— Você não o convidou. Ele entrou por conta própria.


— A porta estava aberta — Poncho explicou —, e eu estava preocupado. Não foi uma atitude sensata, srta. Cormier, dirigir sozinha até aqui. Devia ter me avisado que pretendia sair da casa de seu pai.


— Sou sua prisioneira, agora? — Anahí inquiriu e continuou a apanhar roupas. — Como descobriu que eu estava aqui?


— Telefonei para a sua madrasta. Você havia acabado de sair e ela achou que teria vindo para cá.


— Ela acertou. Estou aqui e estou ocupada.


— Sim — Christopher resmungou. — Ela sabe como se manter ocupada.


Anahí virou-se para encará-lo.


— O que está querendo dizer?


— Não sou o único culpado pelo que deu errado.


— Não fui eu quem deixou você plantado no altar.


— Não. Mas me abandonou todas as noites, durante meses a fio.


— O que está dizendo?


— Todas as noites, eu ficava aqui, sozinho! Teria apreciado voltar para casa e ter com quem jantar e conversar. Mas você nunca estava aqui!


— Precisavam de mim no plantão noturno. Eu não podia mudar isso.


— Poderia ter deixado o emprego!


— Deixar o emprego? E fazer o quê? Brincar de dona-de-casa para um homem que nem podia decidir se queria ou não casar comigo?


— Se me amasse, teria feito isso.


— Ah, não acredito que esteja tentando jogar a culpa para mim!


Poncho interrompeu-os:


— Anahí, precisamos conversar.


—Agora, não! — Anahí e Christopher falaram ao mesmo tempo. Então, Christopher falou: — Eu só quero que saiba que tive as minhas razões para agir como agi. Um homem tenta ser paciente mas, em certo ponto, só lhe resta procurar pelo que precisa em outro lugar.


— Outro lugar? — Anahí repetiu, subitamente compreendendo. — Então, você tem alguém.


— O que acha?


— Eu a conheço?


— Não faz diferença.


— Faz diferença para mim. Quando a conheceu?


— Há algum tempo.


— Quanto tempo?


— Isso é irrelevante...


— Passamos seis meses planejando o casamento... juntos. E você esqueceu de me contar o detalhe insignificante de que estava saindo com outra mulher.


— E óbvio que você não está em condições de encarar as coisas de maneira racional. Enquanto for assim, eu me recuso a discutir a questão — Christopher declarou e saiu do quarto.


— Estou sendo muito mais racional do que há seis meses! — Anahí gritou.


A resposta foi a batida da porta da frente.


Outra mulher... Ela jamais sequer suspeitara.


Repentinamente invadida pela náusea, Anahí sentou-se na cama. Não percebeu que a pilha de roupas tombou para o chão, assim como não se deu conta das lágrimas que corriam por suas faces. A única coisa da qual se dava conta era a dor profunda que ameaçava parti-la em duas. Mal percebeu quando Poncho sentou-se a seu lado.


— Ele não merece suas lágrimas, Anahí — ele falou em tom suave.


Quando ele cobriu a mão dela com a sua, Anahí ergueu os olhos para fitá-lo.


— Não estou chorando por ele.


Poncho tocou-lhe as faces molhadas com a ponta dos dedos.


— Acho que está.


— Não estou. Não estou! — Anahí soluçou e afundou a cabeça no peito de Poncho.


Teve apenas uma vaga noção dos braços dele envolvendo-lhe as costas, apertando-a contra o peito largo. Ele não disse nada. Como sempre, era o tira lacônico. Mas ela sentiu os lábios dele em seus cabelos, bem como as batidas rápidas de seu coração.


Ora, aquilo não significava nada. Ele estava apenas tentando confortá-la, como faria com qualquer cidadão em sofrimento. Afinal, era o que ela fazia todos os dias no pronto-socorro. Era o seu trabalho, assim como o dele.


Ah, mas era tão bom.


Foi preciso muita força de vontade para sair daquele abraço. Quando ergueu os olhos, Anahí deparou com a expressão calma nos olhos verdes. Não havia paixão ou desejo. Ali estava o servidor público, no pleno controle de suas emoções.


Apressada, Anahí secou as lágrimas. Sentiu-se tola e envergonhada, pois ele testemunhara tudo o que se passara entre ela e Christopher. Poncho sabia cada detalhe humilhante e ela mal podia suportar-lhe o olhar.


Levantou-se e começou a apanhar as roupas do chão.


— Quer conversar? — ele perguntou.


— Não.


— Acho que precisa. O homem que você amava acaba de deixá-la por outra mulher. Deve estar sofrendo.


— E verdade. Eu realmente preciso conversar, mas não com um tira frio que pouco se importa com meus sentimentos!


Houve um longo silêncio. Embora ele continuasse a fitá-la sem demonstrar nenhum traço de emoção, Anahí sentiu que havia atingido um ponto fraco. Mas ele era orgulhoso demais para admitir.


— Desculpe — ela murmurou, afinal. — Sinto muito, Navarro. Você não merece isso.


— Na verdade, acho que mereço.


— Está apenas fazendo o seu trabalho e eu despejei toda a minha raiva em você. — Irritada consigo mesma, Anahí sentou-se na cama, ao lado dele. — Acho que estou descontando em você. Estou furiosa comigo mesma por ter deixado Christopher me fazer sentir culpada.


— Culpada?


— Sei que não deveria me sentir assim, mas, da maneira como ele fala, parece que eu o negligenciei. Eu não poderia abandonar o meu trabalho, nem mesmo por ele.


— Christopher é médico. Também deve ter um horário duro. Noites inteiras, fins de semana.


— Ele sempre trabalhou nos fins de semana.


— E você reclamava?


— Claro que não. É o trabalho dele.


— Então? — Poncho ergueu as sobrancelhas.


— Ah, o velho padrão de dois pesos, duas medidas.


— Exatamente. Eu jamais esperaria que minha esposa abandonasse seu trabalho só para me esperar com o jantar pronto todas as noites.


Anahí baixou os olhos para as mãos.


— Não?


— Isso não é amor, é sentimento de posse.


— Acho que sua esposa é uma mulher de sorte.


— Falei apenas em teoria.


Anahí fitou-o.


— Quer dizer... trata-se de uma esposa teórica?



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Autor(a): letiportilla

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Comentários da Fanfic 374



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  • jl Postado em 18/09/2010 - 00:05:03

    Hainnnnnn
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  • jl Postado em 18/09/2010 - 00:04:57

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  • jl Postado em 18/09/2010 - 00:04:08

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