Fanfics Brasil - Capítulo VI Sabor de Perigo [TERMINADA]

Fanfic: Sabor de Perigo [TERMINADA]


Capítulo: Capítulo VI

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Passaram as quatro horas seguintes na sala de espera do hospital.


Embora Anahí não fizesse parte da equipe que naquele momento lutava para salvar a vida de Christopher, ela podia imaginar claramente o que se passava na sala de cirurgia. A corrida contra o tempo, a luta para controlar a hemorragia do paciente, para manter sua pressão sangüínea, seus batimentos cardíacos. Conhecia tudo muito bem pois, em outras vezes, com outros pacientes, ela fizera parte da equipe. Agora, via-se relegada àquela função inútil de sentar-se e esperar. Embora seu relacionamento com Christopher houvesse terminado de maneira irrevogável, embora não o houvesse perdoado a traição, era óbvio que não desejava-lhe nenhum mal.


Muito menos a morte.


Só a presença de Poncho a mantinha calma durante aquela longa noite. Outros policiais entravam e saíam. À medida que as horas passavam, somente Poncho permanecia a seu lado, a mão segurando a sua com firmeza, num gesto de apoio silencioso. Embora estivesse evidentemente cansado, ele não a deixou. Ficou a seu lado até as dez horas.


E estava ali quando o neurocirurgião veio informá-los de que Christopher morrera na mesa de operações.


Anahí assimilou o golpe em silêncio. Estava atordoada demais para derramar lágrimas, ou dizer qualquer coisa além de "Obrigada por ter tentado". Mal se deu conta do braço de Poncho em torno de si. Foi somente quando as pernas falharam que ela sentiu todo o apoio e suporte que ele lhe oferecia.


— Vou levá-la para casa — ele falou. — Não há mais nada que possa fazer aqui.


Ela assentiu. Poncho começou a levá-la na direção da saída, quando uma voz chamou:


— Srta. Cormier? Preciso que responda mais algumas perguntas.


Anahí virou-se e deparou com o sujeito mal-encarado que a chamara. Não recordava o nome dele, mas sabia que era um policial. Ele entrara na sala de espera diversas vezes. Agora, ele a estudava com atenção, e Anahí não gostou nem um pouco do que viu naqueles olhos.


— Agora, não, Yeats. A hora é péssima — Poncho declarou levando-a para a porta.


— É o melhor momento para fazer perguntas. Logo após o evento.


— Ela já me disse que não sabia nada a respeito.


— Ela não disse para mim. Srta. Cormier, trabalho em Homicídios. Seu noivo não chegou a recuperar a consciência, portanto não pudemos interrogá-lo. E por isso que preciso falar com a senhorita. Onde estava hoje à tarde?


Confusa, Anahí sacudiu a cabeça.


— Estava na casa de meu pai. Só fiquei sabendo do que havia acontecido quando...


— Quando eu contei a ela — Poncho completou.


— Você, Navarro?


— Fui direto da cena do crime para a casa do pai dela. Anahí estava lá. Pode pedir a Daniella Cormier que confirme os fatos.


— Farei isso. — Yeats voltou a encarar Anahí. — Pelo que sei, você e o dr. Bledsoe haviam cancelado o casamento e você estava se mudando da casa dele.


— É verdade — Anahí confirmou.


— Imagino que tenha ficado muito magoada. Chegou a considerar a possibilidade de... digamos, vingar-se dele?


Horrorizada pelas implicações daquela pergunta, ela sacudiu a cabeça com violência.


— Não está pensando que eu... que tive algo a ver com o que aconteceu, está?


— Responda.


Poncho colocou-se entre os dois.


— Já chega, Yeats.


— O que você é, afinal, Navarro? O advogado dela?


— Ela não é obrigada a responder suas perguntas.


— É, sim. Talvez não esta noite. Mas terá de responder todas as minhas perguntas, sim, senhor.


Poncho pegou Anahí pelo braço e levou-a para fora.


— Cuidado, Navarro! — Yeats gritou atrás deles. — Está pisando em ovos.


Embora Poncho não respondesse, Anahí pôde sentir-lhe a fúria contida. Quando entraram no carro, ela falou:


— Obrigada, Poncho.


— Por quê?


— Por ter me tirado de perto daquele homem horrível.


— Mais cedo ou mais tarde, você terá de falar com ele. Yeats pode ser insuportável, mas tem um trabalho a fazer.


Assim como você, ela pensou com uma pontada de tristeza. Virou-se para a janela. Ele voltara a ser o tira. Sempre o tira, tentando solucionar o quebra-cabeça. Ela não passava de mais uma peça no jogo.


— Terá de conversar com ele amanhã — Poncho informou-a. — Devo avisá-la que ele costuma ser duro em seus interrogatórios.


— Não tenho nada para dizer a ele. Eu estava na casa de meu pai. Você sabe disso. E Daniella vai confirmar tudo.


— Ninguém poderá derrubar o seu álibi. Mas um assassinato não precisa ser, necessariamente, cometido em pessoa. Pode-se contratar um matador profissional.


Anahí encarou-o incrédula.


— Você não está pensando...


— Estou apenas dizendo que esta será a lógica utilizada por Yeats. Quando alguém é assassinado, o suspeito número um é sempre o cônjuge ou amante. Você e Bledsoe acabaram de romper o noivado, da maneira mais pública e dolorosa possível. Não é preciso nenhum esforço de raciocínio lógico para se concluir sobre intenções assassinas de sua parte.


— Não sou uma assassina! Você sabe disso!


Ele não respondeu. Limitou-se a dirigir em silêncio, como se não houvesse registrado uma palavra sequer.


— Navarro, está me ouvindo? Não sou uma assassina!


— Eu ouvi.


— Então, por que não diz nada?


— Porque acho que temos novidades.


Só então Anahí percebeu que ele olhava fixamente para o espelho retrovisor. Poncho apanhou o telefone e discou.


— Gillis? Faça-me um favor. Descubra se Yeats designou alguém para seguir Anahí Cormier. Sim, agora mesmo. Estou no carro. Ligue de volta.


Desligou.


Anahí olhou para trás e viu o par de faróis atrás deles.


— Alguém está nos seguindo?


— Não tenho certeza. Só sei que aquele carro está atrás de nós desde que saímos do hospital.


— Seu colega de Homicídios deve mesmo acreditar que sou perigosa, para pôr um policial atrás de mim.


— Ele só está de olho vivo em sua principal suspeita.


Eu, ela pensou, afundando no banco e sentindo-se grata pela escuridão que escondia seu rosto. Perguntou-se se também seria a principal suspeita de Poncho.


Ele dirigia com calma, sem fazer nenhuma manobra brusca que pudesse alarmar o motorista que os seguia. Naquele silêncio, o toque do telefone sobressaltou-os.


Poncho atendeu:


— Navarro. — Fez uma pausa e falou: — Tem certeza? — Outra pausa. — Estou no cruzamento da Congress e Braeburn, no sentido oeste. Há um carro escuro, parece um jipe Cherokee, bem atrás de mim. Vou dar a volta e passar pela Houlton. Se você estiver lá, faremos um sanduíche desse cara. Não o assuste. Por enquanto, só se aproxime para dar uma boa olhada. Estou fazendo a volta, agora. Estarei aí em cinco minutos. — Poncho desligou e lançou um olhar nervoso para Anahí. — Compreende o que está se passando?


— O que está se passando?


— Não é um tira quem está nos seguindo.


Ela olhou para os faróis. Não era um tira.


— Então, quem é?


— Vamos descobrir. Agora, ouça bem. Dentro de um minuto, quero que se abaixe no chão. Não agora. Não quero despertar as suspeitas do homem atrás de nós. Mas, quando Gillis se colocar atrás dele, a situação poderá esquentar. Está preparada para isso?


— Acho que não tenho escolha.


Poncho fez a volta devagar, como se houvesse simplesmente decidido seguir por um caminho diferente.


O outro carro fez o mesmo.


Poncho voltou à Congress Street. Iam para o leste, agora, voltando pelo mesmo caminho. O par de faróis ainda os seguia. As dez horas da noite de um domingo, o trânsito era calmo, o que facilitava-lhe ficar de olho no carro que os seguia.


— Lá está Gillis — Poncho falou. — Bem na hora. Apontou para o Toyota azul que fazia a curva lentamente. — Agora, vamos ao sanduíche.


Estavam chegando a um semáforo que acabara de mudar para amarelo. Poncho diminuiu a velocidade de propósito, a fim de manter os dois carros atrás de si.


De repente, o Cherokee saiu para a pista da esquerda, rangendo os pneus, e atravessou o cruzamento no instante em que o semáforo mudou para vermelho.


Poncho murmurou um palavrão e pisou no acelerador.


Também atravessou o farol vermelho, tendo de desviar de uma camionete, numa manobra arriscada.


Um quarteirão adiante, o Cherokee dobrou à direita.


— Esse cara é esperto — Poncho resmungou. — Percebeu que o estávamos encurralando.


— Cuidado! — Anahí gritou, ao ver um outro carro deixar o meio-fio, bem à sua frente.


Poncho buzinou e passou.


Isto é uma loucura, Anahí pensou; estou passeando com um tira maníaco ao volante.


Viraram uma esquina e seguiram por uma ruela estreita. Agarrada ao painel, Anahí teve uma visão confusa de latas de lixo voando, à medida que avançavam.


Ao chegarem ao final da ruela, Poncho brecou.


Não havia sinal do Cherokee.


O Toyota de Gillis parou rangendo pneus bem atrás deles.


— Para que lado? — Gillis gritou.


— Não sei! — Poncho respondeu. — Vou para o leste. Virou para a direita. Anahí viu Gillis ir para a esquerda.


Certamente, um dos dois acabaria localizando sua presa. Quatro quarteirões adiante, ainda não haviam encontrado sinal do Cherokee. Poncho apanhou o telefone e ligou para Gillis.


— Nada por aqui. E você, encontrou algo? — Ouviu a resposta e emitiu um som de decepção. — Está bem. Ao menos, agora temos o número da placa. Falaremos mais tarde.


Desligou.


— Então Gillis anotou a placa? — Anahí perguntou.


— É de Massachusetts. Gillis já informou a central. Com um pouco de sorte, um dos carros-patrulha o apanhará. Não estou certo de que deva voltar à casa de seu pai.


Seus olhares se cruzaram por um longo momento. O que Anahí viu naqueles olhos verdes confirmou seus temores.


— Acha que ele estava me seguindo — murmurou.


— Só queria entender por quê. Algo muito estranho está acontecendo, e envolve você e Christopher. Tem de saber do que se trata.


Ela sacudiu a cabeça.


— Deve ser um engano. Só pode ser.


— Alguém não está poupando trabalho para garantir que vocês dois morram. Não acredito que ele, ou ela, se enganaria quanto ao alvo.


— Ela? Acredita que...


— Como já disse, um assassinato não tem de ser cometido em pessoa. Pode ser contratado e comprado. E pode ser que estejamos lidando com algo assim. Estou cada vez mais certo disso. Trata-se de um profissional.


Anahí tremia, incapaz de falar ou de discutir. O homem a seu lado falava com tamanha naturalidade. Não era a vida dele que se encontrava ameaçada.


— Sei que não é fácil aceitar tudo isto — Poncho continuou. — Mas, no seu caso, negar a realidade pode ser fatal. Portanto, vou falar com clareza. Christopher está morto e você pode ser a próxima vítima.


Anahí perguntou-se, mais uma vez, porque alguém desejaria matá-la. Não representava ameaça para ninguém.


— Não podemos colocar a culpa em Jimmy Brogan — Poncho falou. — Acho que ele esteve inocente em tudo. Apenas viu algo que não deveria e livraram-se dele. Então, armaram a cena, para que sua morte parecesse suicídio e nós o considerássemos culpado. Foi tudo armado para desviar nossa investigação sobre a bomba. Nosso assassino é muito esperto. E bastante específico quanto a seus alvos. — Poncho fitou-a e continuou em seu tom lógico. — Descobri uma outra coisa, hoje. Na manhã de seu casamento, um presente foi entregue na igreja. Jimmy Brogan deve ter visto o rosto do homem que o entregou. Acreditamos que Brogan tenha deixado o embrulho no primeiro banco da igreja, bem onde localizamos o centro da explosão. O presente estava endereçado a você e Christopher.


Poncho fez uma pausa, como se esperasse que Anahí argumentasse contra a sua teoria.


Ela não foi capaz de manifestar-se. As informações estavam chegando depressa demais, e ela encontrava dificuldade em digerir as implicações terríveis.


— Ajude-me, Anahí — Poncho incitou-a. — Dê-me um nome, um motivo.


— Já disse — ela falou com voz trêmula —, eu não sei!


— Christopher admitiu que tinha outra mulher. Tem idéia de quem seja?


— Não.


— Alguma vez ocorreu a você que Christopher e Daniella fossem mais íntimos do que deveriam?



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Autor(a): letiportilla

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Anahí ficou imóvel. Daniella? A esposa de seu pai? Fez uma retrospectiva mental dos últimos seis meses. Lembrou-se das noites que ela e Christopher haviam passado na casa de seu pai. Todos os convites, jantares. Sentira-se feliz pelo fato de seu noivo ter sido aceito com tanta facilidade e rapidez pelo pai e Daniella; feliz porque, ao menos uma vez, a ha ...


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Comentários da Fanfic 374



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  • jl Postado em 18/09/2010 - 00:05:03

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  • jl Postado em 18/09/2010 - 00:04:57

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  • jl Postado em 18/09/2010 - 00:04:08

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