Fanfic: Sabor de Perigo [TERMINADA]
Post dedicado à Jl. Desculpe lhe fazer ficar tão impaciente ;)
Oito homens estavam alinhados do outro lado do espelho. Todos olhavam para a frente, aparentemente embaraçados por estarem ali.
Anahí observava-os com atenção a cada detalhe.
— Nenhum deles usa o uniforme correto.
— Tem certeza? — Gillis perguntou.
— Sim. Não é nenhum destes.
Norm Liddell, parado ao lado de Gillis, emitiu um som de decepção. Poncho não pronunciou uma palavra.
— Ora, estou perdendo o meu tempo, aqui — Liddell resmungou. — Isto foi tudo o que conseguiu, Navarro? Um punhado de carregadores?
— Sabemos que James usava um uniforme parecido com o de carregador de hotel — Navarro explicou. — Queríamos que ela visse alguns.
— Conseguimos o boletim de ocorrência do atropelamento — Gillis informou-os. — O próprio ciclista o registrou, com medo de um processo judicial. Fez questão de enfatizar que atropelou um homem longe da faixa de pedestres. Aparentemente, James caminhava apressado pela Congress Street, quando foi atingido.
— Congress? — Liddell franziu o cenho.
— Próximo ao hotel Pioneer — disse Poncho —, onde o governador se hospedará depois de amanhã, para fazer uma palestra num seminário sobre comércio.
— Acha que o alvo de James é o governador?
— É possível. Estamos revistando o hotel de ponta a ponta, especialmente o quarto do governador.
— E quanto aos carregadores do Pioneer?
— Nenhum deles sequer se aproxima da descrição de James. Todos possuem os dez dedos nas mãos. Só queríamos que Anahí desse uma olhada nos uniformes.
— Mas nenhum daqueles homens é James.
— Não.
Anahí concentrou-se no terceiro homem da fila.
— Todos os carregadores do Pioneer usam aquele uniforme? — perguntou.
— Sim — Gillis respondeu. — Por quê?
— Não foi o uniforme que vi.
— O que era diferente?
— O homem que vi usava uma jaqueta verde.
— Então, temos um problema — Gillis declarou. — O único hotel cujo uniforme é verde é o Marriott. Mas não fica na região.
— Interroguem os carregadores assim mesmo — Liddell ordenou. — Quero esse sujeito preso, antes que mate alguém importante. Quando o governador vai chegar?
— Amanhã à tarde.
— Temos vinte e quatro horas — Liddell concluiu. — Se surgir qualquer novidade, quero ser informado.
— Sim, sua alteza — Gillis resmungou.
Liddell lançou-lhe um olhar irritado, mas decidiu ignorá-lo.
— Minha esposa e eu estaremos no teatro Brant, à noite. Levarei o bip.
— Será o primeiro a ser informado — Poncho garantiu.
— A imprensa está em cima de nós. Não vamos fazer nenhuma bobagem — Liddell declarou e saiu.
— Ainda vou pegar esse cara — Gillis falou furioso.
— Acalme-se, Gillis. Ele poderá ser o próximo governador.
— Nesse caso, eu mesmo vou ajudar James a armar a bomba.
Poncho segurou o braço de Anahí e levou-a para fora da sala.
— Venha. Vou apresentá-la ao seu novo guarda-costas.
Anahí sentiu-se um fardo.
— Por enquanto, vamos mantê-la em um hotel. Pressler é um bom policial e vai ficar com você. Confio nele.
— Quer dizer que eu deveria confiar, também?
— Sim. Telefonarei, caso apanhemos algum suspeito. Precisaremos de você para a identificação.
— Então, pode ser que eu não o veja por algum tempo.
Poncho parou e fitou-a.
— Pode ser.
Fitaram-se por um momento. Aquele não era o momento, nem o lugar, de confessar a ele o que sentia. Mas Anahí sofria por ter de afastar-se de Poncho. E, mais ainda, sofria por ver aquele olhar frio e desprovido de emoção.
Bem, ele voltara a ser o servidor público. Depois do trauma da semana anterior, Anahí poderia enfrentar aquela situação, inclusive a conclusão de que, mais uma vez, envolvera-se com o homem errado.
— Encontre James e eu o identificarei. Mas faça isso depressa, para que eu possa cuidar da minha vida.
— Estamos trabalhando para isso. Tranqüilize-se, manteremos você informada.
— Posso contar com isso?
— Faz parte do meu trabalho.
O policial Leon Pressler não era de muita conversa.
Durante as três últimas horas, fizera uma imitação perfeita de esfinge. De quando em quando, verificava a porta e a janela e só respondia "sim, senhorita" e "não, senhorita" a perguntas diretas. Anahí perguntou-se se ele seria algum tipo de robocop ou se teria recebido ordens de não tentar nenhuma aproximação.
Anahí tentou ler um livro, mas o silêncio a deixava nervosa. Era no mínimo estranho passar o dia num quarto de hotel e nem sequer conversar com o acompanhante. Decidiu tentar:
— Faz tempo que é policial, Leon?
— Sim, senhorita.
— Gosta do seu trabalho?
— Sim, senhorita.
— Não tem medo?
— Não, senhorita.
— Nunca?
— Algumas vezes.
Anahí pensou que, agora, a conversa seguiria. Porém, Pressler atravessou o quarto e olhou pela janela, ignorando-a. Anahí insistiu.
— Não fica entediado com este tipo de trabalho?
— Não, senhorita.
— Eu ficaria. Passar o dia num quarto de hotel, fazendo nada.
— Pode acontecer alguma coisa.
— Tenho certeza de que estaria preparado.
Com um suspiro, Anahí apanhou o controle remoto da televisão. Depois de verificar todos os canais, desligou-a.
— Posso dar um telefonema? — perguntou.
— Sinto muito.
— Preciso avisar a minha supervisora de que não vou trabalhar esta semana.
— O detetive Navarro proibiu telefonemas. Seria perigoso.
— O que mais o detetive Navarro lhe disse?
— Devo mantê-la sob vigilância, não baixar a guarda em momento algum. Porque, se algo acontecesse à senhorita... — Pressler parou de falar e tossiu nervoso.
— Continue.
— Ele... acabaria comigo.
— Um grande incentivo.
— Ele só queria ter certeza de que eu teria um cuidado especial. E eu devo isso a ele.
— O que quer dizer?
— Há alguns anos, fui chamado para atender um problema doméstico. O marido não gostou de me ver interferindo na sua vida particular. Atirou em mim.
— Meu Deus!
— Pedi ajuda pelo rádio. Navarro foi o primeiro a chegar. Portanto, devo-lhe minha vida.
— Conhece-o bem?
Pressler deu de ombros.
— É um bom policial, mas muito reservado. Acho que ninguém realmente o conhece bem.
Nem eu, ela pensou. O que Poncho estaria fazendo? Afastou o pensamento depressa. Poncho Navarro queria permanecer sozinho, e ela deveria fazer o mesmo.
* * *
O que Anahí estaria fazendo, Poncho perguntou-se. Tentou afastar o pensamento e concentrar-se na reunião. Mas sua mente não o obedecia. Estava preocupado com a segurança dela, embora tivesse todos os motivos para confiar em Pressler. O jovem policial era firme e confiável e, além disso, devia-lhe a vida.
Ainda assim, não conseguia livrar-se do medo, o que provava que perdera a objetividade, que seus sentimentos encontravam-se fora de controle.
— ...o melhor que podemos fazer? Poncho?
Poncho concentrou-se em Abe Coopersmith.
— O que disse?
— Onde está com a cabeça, Poncho? — Coopersmith inquiriu com um suspiro.
— Desculpe. Acho que me distraí por um momento.
— O chefe quer saber se estamos seguindo alguma outra pista — Gillis esclareceu.
— Estamos seguindo todas as pistas — Poncho falou. — O retrato falado está circulando. Verificamos todos os hotéis em Portland. Até agora, não encontramos nenhum funcionário que tenha perdido um dedo. O problema é que estamos agindo às cegas. Não sabemos quem, onde ou quando James pretende atacar. Tudo o que temos é uma testemunha que viu seu rosto.
— E a cor do uniforme.
— Certo.
— Já mostrou os uniformes para a Srta. Cormier, para que ela nos ajude a identificar o hotel?
— Estamos conseguindo outras amostras — disse Gillis. — Também interrogamos o ciclista. Ele não se lembra das feições do homem, pois tudo aconteceu depressa demais. Mas, assim como a Srta. Cormier, afirma que a jaqueta era verde. E confirma que o acidente ocorreu na Congress Street, próximo à Franklin Avenue.
— Varremos toda a área — Poncho falou. — Mostramos o retrato falado a todos os comerciantes. Ninguém o reconheceu.
— O governador chegará amanhã e temos um especialista em bombas escondido na cidade — Coopersmith declarou frustrado.
— Não sabemos se há ligação entre os dois. James pode estar planejando outra coisa. Depende de quem o contratou.
— Talvez nem esteja mais na cidade — Gillis sugeriu —, pois já terminou o seu trabalho.
— Temos de assumir que ele ainda está aqui — Coopersmith reforçou.
Poncho assentiu.
— Temos vinte e quatro horas, antes da chegada do governador. Até lá, descobriremos alguma coisa.
— Espero que sim. — Coopersmith levantou-se. — Não precisamos de mais uma explosão e, muito menos, de um governador morto em nossa cidade.
Autor(a): letiportilla
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— Nunca consegui entender o jazz — admitiu o gerente do teatro Brant, que assistia ao ensaio. — Uma porção de notas amargas e todos os instrumentos lutando entre si. — Eu gosto de jazz — disse o lanterninha. — Ora, você também gosta de rap. Portanto, não posso confiar no seu gosto. O gerente olhou em vo ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 374
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jl Postado em 18/09/2010 - 00:05:03
Hainnnnnn
Acabou com o casamento *--*
Que lindo...serio amei essa adaptação...muito boa.
Obrigado por naum abandonar e sempre postar...amei a web de verdade.
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jl Postado em 18/09/2010 - 00:04:57
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jl Postado em 18/09/2010 - 00:04:51
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jl Postado em 18/09/2010 - 00:04:24
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jl Postado em 18/09/2010 - 00:04:19
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jl Postado em 18/09/2010 - 00:04:13
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jl Postado em 18/09/2010 - 00:04:08
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