Fanfics Brasil - Capítulo X - Final Sabor de Perigo [TERMINADA]

Fanfic: Sabor de Perigo [TERMINADA]


Capítulo: Capítulo X - Final

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— Nunca consegui entender o jazz — admitiu o gerente do teatro Brant, que assistia ao ensaio. — Uma porção de notas amargas e todos os instrumentos lutando entre si.


— Eu gosto de jazz — disse o lanterninha.


— Ora, você também gosta de rap. Portanto, não posso confiar no seu gosto.


O gerente olhou em volta e verificou que tudo estava em ordem. A platéia daquela noite seria um tanto exigente: uma porção de advogados que não gostariam de encontrar bagunça ou sujeira por perto.


Um ano antes, aquele lugar era um cinema pornô, que exibia filmes de quinta categoria para uma platéia anônima. Agora, com dinheiro da iniciativa privada, o teatro Brant voltara a ser uma grande casa de espetáculos, que só apresentava artistas sérios. Infelizmente, o movimento dos filmes pornô costumava ser bem maior.


Ao menos, naquela noite, o movimento estava assegurado: quinhentos ingressos vendidos e a certeza de mais vendas de última hora, em benefício do departamento de Assistência Legal. O gerente achava engraçado todos aqueles advogados pagando para ouvir jazz ao vivo. Mas estava contente por saber que teria a casa cheia.


— Parece que teremos um homem a menos, esta noite — disse o lanterninha.


— Quem?


— Aquele cara novo que o senhor contratou pela agência. Apareceu antes de ontem. Depois disso, não o vi mais. Tentei telefonar, mas não consegui encontrá-lo.


— Não se pode confiar nessas agências — queixou-se o gerente.


— Verdade.


— Vai ter de dar conta do movimento com quatro homens.


— Não vai ser fácil. Já vendemos quinhentos ingressos.


— Deixe que alguns deles encontrem suas poltronas. São advogados e não devem ser burros. — O gerente consultou o relógio. Eram seis e meia. Mal teria tempo de comer o sanduíche que o esperava em sua sala. — As portas serão abertas em uma hora. É melhor jantarmos agora.


— Isso mesmo — concordou o lanterninha. Apanhou a jaqueta verde que deixara sobre uma poltrona e, assobiando, deixou o teatro.


Às sete e meia, Pressler escoltou Anahí de volta à delegacia. O prédio encontrava-se quase deserto, em contraste com o que ela vira à uma da tarde.


Poncho a esperava.


Ele a cumprimentou com frieza. Na sala, estavam Pressler, Gillis e outro policial. Anahí não daria nenhuma demonstração de seus sentimentos. Assim como Poncho.


— Queríamos que você desse uma olhada nestes uniformes — Poncho falou, apontando para a mesa repleta de uniformes diferentes. — Temos carregadores, ascensorista e um lanterninha do Cineplex. Alguns deles lhe é familiar?


Anahí examinou-os.


— Não era nenhum destes.


— E quanto ao verde?


— Não. O que vi tinha galões pretos, não dourados.


— As mulheres reparam em cada coisa! — Gillis exclamou.


— Está bem — Poncho suspirou. — E só, por enquanto. Pressler, por que não aproveita e vai jantar? Levarei a Srta. Cormier de volta ao hotel. Pode encontrar-se conosco lá, dentro de uma hora.


Todos saíram da sala, exceto Poncho e Anahí. Por um momento, os dois não se falaram nem olharam um para o outro.


— Espero que o quarto no hotel seja confortável — Poncho falou.


— E é, mas vou ficar maluca se não sair logo de lá.


— Ainda não é seguro.


— E quando vai ser?


— Quando apanharmos James.


— Isso pode nunca acontecer. Não posso continuar assim. Tenho um trabalho, uma vida. Não posso ficar num quarto de hotel com um tira que me faz subir pelas paredes.


— O que Pressler fez?


— Ele não pára de inspecionar portas e janelas, não me deixa usar o telefone e parece incapaz de conversar decentemente.


— Ah, é assim que Leon trabalha. É um bom policial.


— Pode ser, mas me deixa louca assim mesmo. Poncho, não posso ficar fechada lá. Preciso tocar minha vida adiante.


— Vai fazer isso. Mas precisamos garantir que sobreviva para isto.


— E se eu sair da cidade?


— Podemos precisar de você, Anahí.


— Não precisam. Vocês têm as impressões digitais, sabem que ele tem um dedo a menos...


— Precisamos apanhá-lo, primeiro. E, para isso, talvez precisemos de você, para reconhecê-lo. Por isso, precisa ficar na cidade, disponível. Nós a manteremos a salvo. Eu prometo.


— Tenho certeza que sim, pois quer apanhar o seu homem.


Ele a segurou pelos ombros.


— Essa não é a única razão. E você sabe.


— Sei?


Poncho inclinou-se. Por um momento, Anahí pensou que ele fosse beijá-la. Então, uma batida na porta sobressaltou-os. Gillis, evidentemente embaraçado, encontrava-se na porta.


— Eu... Vou comer um sanduíche. Quer que eu traga alguma coisa para vocês?


— Não — Poncho respondeu. — Comeremos no hotel.


— Certo. Voltarei dentro de uma hora.


Saiu, deixando Poncho e Anahí sozinhos novamente.


Mas o momento se fora. Se Poncho tivera a intenção de beijá-la, já dominara perfeitamente seus impulsos.


— Vou levá-la para o hotel — ele declarou.


No carro, era como se houvessem voltado ao primeiro dia, quando ele era o policial frio e ela a vítima indefesa. Era como se a última semana, as noites que haviam passado juntos, não houvesse acontecido. O único assunto seguro era o caso.


— Vi que o retrato falado está em circulação — ela falou.


— Sim.


— Alguma resposta?


— Recebemos uma porção de ligações. Passamos o dia inteiro investigando, mas, até agora, não conseguimos nada.


— Acho que minha descrição não ajudou muito.


— Fez o melhor que podia.


— Se eu o visse, tenho certeza de que o reconheceria.


— É exatamente o que precisamos de você.


Só isso, ela pensou com tristeza.


— O que vai acontecer amanhã? — perguntou.


— Mais ou menos a mesma coisa. Seguiremos todas as pistas que surgirem e rezaremos para que alguém reconheça o retrato falado.


— Sabe se James continua na cidade?


— Não. Ele pode ter ido embora. Mas meus instintos me dizem que ele está por perto e planeja algo grande. Você pode ser a única pessoa capaz de impedi-lo. É por isso que temos de mantê-la sob custódia.


— Não sei se vou agüentar isto por muito mais tempo. Não posso sequer dar um telefonema.


— Não queremos que ninguém saiba onde está.


— Prometo não dizer a ninguém. Estou me sentindo isolada do mundo.


— Está bem — ele suspirou. — Para quem quer ligar?


— Poderia começar com minha irmã, Wendy.


— Pensei que não fossem chegadas.


— Não somos. Mas ela ainda é minha irmã. E pode dizer ao resto da família que estou bem.


— Pode ligar para ela do telefone do carro. Mas não...


— Já sei. Não direi onde estou.


Anahí apanhou o telefone e discou. A voz feminina que atendeu não soou familiar.


— Residência dos Hayward.


— Aqui fala Nina, irmã de Wendy. Ela está?


— A Sra. e o Sr. Hayward saíram. Sou a baby-sitter.


Anahí sentiu-se mais abandonada do que nunca.


— Quer que ela lhe telefone quando chegar? — a moça perguntou.


— Não, não. Sabe a que horas ela vai voltar?


— Eles foram ao teatro Brant, para um show beneficente. Acho que termina às dez e meia. E, geralmente, eles vão jantar depois. Não devem chegar antes de meia-noite.


— Ligarei amanhã. Obrigada.


Anahí desligou, desapontada.


— Ela não está em casa?


— Não. Eu deveria saber que eles não estariam. Na firma de advocacia de Jake, o dia não termina às cinco. As noites costumam ser ocupadas pelos negócios.


— Seu cunhado é advogado?


— Com ambições a juiz. E só tem trinta anos.


— Parece que é mesmo ambicioso.


— Ele é. E precisa de uma esposa tão ambiciosa quanto ele. Wendy é perfeita para ele. Aposto que, neste exato momento, ela está encantando algum juiz, no teatro. E faz isso sem o menor esforço. Sempre foi a política da família. — Anahí olhou para Poncho e notou que ele franzira o cenho. — Algo errado?


— Em que teatro eles estão?


— No Brant, onde está havendo o show beneficente.


— O Brant acabou de reabrir, não é?


— Sim, há um mês.


— Droga! Por que não pensamos nisso?


De súbito, Poncho fez uma manobra e pôs-se a voltar para o centro da cidade.


— O que está fazendo? — Anahí inquiriu.


— Quem acha que vai estar presente a um show em benefício do departamento de Assistência Legal?


— Uma porção de advogados.


— Certo. E o nosso estimado promotor público, Norm Liddell. Não que eu goste muito de advogados, mas também não quero apanhar seus corpos.


— Acha que o teatro Brant é o alvo?


— Precisarão de lanterninhas extras, esta noite. Pense bem. Que tipo de uniforme eles usam?


— Às vezes, só calça preta e camisa branca.


— Mas, num evento como este, deve estar usando jaquetas...


— É para lá que estamos indo?


— Sim. Quero que dê uma olhada e me diga se o uniforme se parece com o que já viu.


Chegaram ao teatro às oito e vinte. Poncho não perdeu tempo, procurando vaga para estacionar. Deixou o carro bem na porta. Ao descer, ouviu um funcionário gritar:


— Ei! Não pode parar aí!


— Polícia! — Poncho informou-o, exibindo a credencial. — Temos de entrar no teatro.


O porteiro abriu passagem.


O saguão estava deserto. Podia-se ouvir os acordes lamentosos do jazz.


Poncho abriu uma das portas e desapareceu no teatro. Logo voltou, trazendo um lanterninha que protestava com veemência.


— Olhe para o uniforme — Poncho disse a Nina. — Parece familiar?


— Foi este mesmo que eu vi.


— O que você viu? — inquiriu o lanterninha assustado,


— Quantos lanterninhas estão trabalhando esta noite?


— Quem é você, afinal?


Poncho teve de exibir a credencial de novo.


— Polícia. É possível que haja uma bomba no teatro. Responda depressa: quantos lanterninhas?


— Uma bomba? Temos quatro lanterninhas.


— Só?


— Sim. Um deles não veio trabalhar.


— Ele tem um dedo a menos?


— Como vou saber? Todos nós usamos luvas. Acha mesmo que tem uma bomba lá dentro?


— Não podemos arriscar. Vou evacuar o prédio. — Poncho virou-se para Anahí. — Saia daqui. Espere no carro.


— Mas vai precisar de ajuda...


Poncho já desaparecia pela porta. Caminhou até o palco e aproximou-se do indignado maestro. Também indignados e confusos, os músicos pararam de tocar. Poncho apanhou o microfone.


— Senhoras e senhores, sou da polícia de Portland. Recebemos uma ameaça de bomba. Com calma, mas sem demora, por favor, evacuem o edifício.


Imediatamente, o êxodo teve início. Anahí teve de afastar-se da porta, à medida que as pessoas buscavam a saída apressadas. Na confusão, perdeu Poncho de vista, mas ainda podia ouvi-lo dando ordens e instruções.


— Por favor, mantenham-se calmos. Não há perigo imediato. Deixem o edifício sem confusão.


Ele será o último a sair, pensou Anahí, a vítima mais provável, caso haja mesmo uma bomba.


A multidão atravessava as portas apressadas. O primeiro sinal de desastre foi o grito de uma mulher que, tendo tropeçado no vestido, caíra. Os outros entraram em pânico e tentaram correr.



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Autor(a): letiportilla

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Comentários da Fanfic 374



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  • jl Postado em 18/09/2010 - 00:05:03

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  • jl Postado em 18/09/2010 - 00:04:57

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  • jl Postado em 18/09/2010 - 00:04:08

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