Fanfics Brasil - Capítulo XII - Final (Corrigido) Sabor de Perigo [TERMINADA]

Fanfic: Sabor de Perigo [TERMINADA]


Capítulo: Capítulo XII - Final (Corrigido)

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Ai está... não corrigi antes porque o site tava uma @#%!*&



O jantar estava ótimo. A companhia, péssima.


Daniella, vestindo um collant verde acetinado e uma saia excessivamente justa, petiscava sua salada sem apetite, ignorando o assado e o arroz de forno. Não falava com o marido, e ele não falava com ela. E Anahí sentia-se desconfortável demais para falar com qualquer dos dois.


Depois de todos os interrogatórios da polícia, a questão do romance de Daniella com Christopher viera à tona. Embora Anahí não perdoasse Daniella pela traição, ainda era capaz de partilhar a mesa com ela, com civilidade.


Ao contrário do pai. Ele ainda estava em estado de choque pela descoberta. Sua esposa maravilhosa, a loira estonteante, trinta anos mais nova, não ficara satisfeita em casar-se com o dinheiro. Quisera um homem mais jovem. Depois de quatro casamentos, George Cormier ainda não sabia escolher a esposa correta.


Agora, parece que ele vai partir para o quarto divórcio, Anahí pensou. Olhou para o pai e para Daniella. Embora amasse o pai, não pôde deixar de sentir que ele e Daniella se mereciam. No pior sentido.


Daniella abandonou o garfo.


—Vão me desculpar — falou —, mas estou sem apetite. Acho que vou ao cinema.


— E eu? — George retrucou. — Sei que sou apenas seu marido, mas algumas noites por semana com seu velho e chato esposo, não é pedir muito, é? Considerando-se todos os benefícios que você recebe em troca.


— Benefícios? — Daniella levantou-se indignada. — Nem todo o dinheiro do mundo poderia compensar o fato de estar casada com um bode velho como você!


— Bode velho?


— Bode velho, sim! Está me ouvindo? Velho! Em todos os sentidos da palavra.


Ele também levantou-se.


— Ora, sua cadela...


— Continue. Pode me xingar, pois também vou dizer tudo o que penso de você!


Agitando os cabelos dourados, ela se virou e saiu. George fitou a porta por alguns momentos e, então, voltou a sentar-se.


— Meu Deus — murmurou. — Onde eu estava com a cabeça, quando me casei com ela?


Anahí tocou-lhe o braço de leve.


— Parece que nenhum de nós dois é muito bom na escolha de esposos, não é, papai?


George fitou a filha com ar de infelicidade partilhada.


— Espero, sinceramente, que você não tenha herdado o meu azar no amor, querida.


Permaneceram em silêncio por alguns momentos. O jantar continuava, quase intocado, sobre a mesa. Num outro aposento, a música alta começou a tocar, no ritmo marcado da ginástica aeróbica. Lá estava Daniella de novo, livrando-se da raiva, enquanto esculpia um corpo melhor. Garota esperta. Sairia de um divórcio com uma aparência que valeria um milhão de dólares.


Anahí suspirou.


— Seja por azar, seja por defeitos de personalidade, papai, parece que algumas pessoas nasceram para viver solteiras.


— Não você, Anahí. Precisa amar alguém. Sempre foi assim. E é por isso que é tão fácil amar você.


Ela riu com tristeza, mas não disse nada. Fácil de amar, fácil de deixar, pensou.


Mais uma vez, perguntou-se o que Poncho estaria fazendo, no que estaria pensando. Com certeza, não pensava nela. Era um tira dedicado demais para se deixar distrair por detalhes sem importância.


Mesmo assim, quando o telefone tocou, ela não pôde reprimir a esperança repentina de que fosse ele. Permaneceu sentada à mesa, o coração aos saltos, enquanto ouvia a voz de Daniella que atendera o telefone.


Um minuto depois, Daniella apareceu na porta e disse:


— É para você, Anahí, do hospital.


Decepcionada, Anahí levantou-se para atender.


— Alô?


— Olá, aqui fala Gladys Power, supervisora do turno da noite. Desculpe incomodá-la. Conseguimos o seu telefone com sua mãe. Alguns dos enfermeiros estão doentes e gostaríamos de saber se você poderia cobrir as faltas no pronto-socorro.


— Turno da noite?


— Sim. Vamos precisar de você.


Anahí olhou para a sala de ginástica de Daniella, onde a música tocava mais alto do que nunca. Tinha de sair daquela casa, afastar-se daquele verdadeiro campo de batalha emocional.


— Está bem. Cobrirei as faltas.


— Então, nos veremos às onze horas.


— Onze? — Anahí franziu o cenho. O turno da noite geralmente começava à meia-noite. — Quer que eu chegue uma hora mais cedo?


— Se puder. Estamos com deficiência de pessoal no turno da tarde, também.


— Certo. Estarei aí às onze horas.


Desligou e respirou aliviada. Trabalhar era exatamente o que precisava. Talvez, oito horas de emergências ajudassem a pôr sua mente de volta nos eixos.


E longe das lembranças de Poncho Navarro.


Marilyn desligou o telefone.


— Ela disse que vai estar lá.


James assentiu com ar de aprovação.


— Você fez tudo direitinho.


— Claro.


Marilyn presenteou-o com aquele sorriso satisfeito de costume. Um sorriso que dizia: "Valho cada centavo que você me paga".


— Ela pareceu suspeitar de alguma coisa? — ele perguntou.


— Nada. Estou lhe dizendo, ela vai estar lá, às onze horas, como você queria. — Marilyn inclinou a cabeça para o lado e umedeceu os lábios com a língua. — E agora? Vou ter o que quero?


James sorriu.


— O que você quer?


— Você sabe.


Ela se aproximou e desabotoou-lhe a calça. Ele prendeu a respiração ao sentir a mão quente e delicada deslizar para dentro. O toque era delicioso, experiente; a técnica visava transformar qualquer homem em pedinte. Ah, sim. Ele sabia exatamente o que ela queria.


E não era sexo.


Mas, por que não aproveitar o momento? Ela queria, e ele tinha tempo para aquilo. Ainda teria de esperar três horas, antes de Anahí Cormier chegar ao hospital. Poderia desfrutar de um divertimento rápido com Marilyn para, depois, partir para assuntos mais sérios.


Ela se ajoelhou à sua frente.


— Disse que pagaria quanto eu valesse — ela murmurou.


Ele gemeu.


— Eu prometi...


— Valho um bocado, não acha?


— Com certeza.


— Posso valer ainda mais.


James estremeceu de prazer e segurou-lhe o rosto entre as mãos. Com a respiração ofegante, ele acariciou-lhe as faces, o queixo, o pescoço. Um pescoço longo e delicado. Seria tão fácil pôr um fim àquilo tudo. Mas, primeiro, deixaria que ela terminasse...


— Ah — Marilyn sussurrou —, você está prontinho para mim.


Ele a puxou para si num gesto brusco e pensou: "É uma pena que você não vá ficar pronta para mim".


* * *


Eram dez e meia quando um cansado Poncho entrou em sua casa. A primeira coisa que notou foi o silêncio, o vazio. Era uma casa que, de alguma maneira, perdera a sua alma.


Acendeu as luzes, mas nem mesmo aquele brilho intenso dissipou as sombras. Durante os últimos três anos, aquela fora a casa que ele chamara de lar, para onde voltara todas as noites depois do trabalho. Agora, o lugar parecia frio, como a casa de um estranho. Não era um lar.


Serviu-se de um copo de leite e bebeu-o em poucos goles sedentos. Aquele seria o seu jantar, uma vez que não lhe restava energia suficiente para cozinhar. Serviu-se de mais um copo e levou-o para perto do telefone. Durante toda a noite, quisera fazer aquela ligação, mas todas as vezes, algo o interrompera. Agora que gozava de alguns momentos de paz, ligaria para Anahí. Diria a ela o que tanto temera contar-lhe, o que não podia mais negar, para ela ou para si mesmo.


A conclusão o atingira naquela tarde, de maneira estranha, enquanto revistava o apartamento de Marilyn Dukoff. Estava no quarto, olhando para as gavetas vazias, o colchão descoberto. De repente, fora atingido por um sentimento de solidão tão intenso que seu peito chegara a doer. De alguma maneira, aquele quarto representara a sua própria vida. Possuía um propósito, uma função, mas ainda assim, era vazio.


Refletiu que era policial havia muito tempo e que deixara o trabalho tomar conta de sua vida. Somente naquele momento, naquele quarto vazio, ocorrera a ele que sua vida era muito, muito limitada. Não tinha esposa, filhos, família.


Anahí havia aberto seus olhos para tais possibilidades. Sim, ele estava com medo. E sabia o quanto sofreria se ela o deixasse. Porém a alternativa era ainda pior: nem sequer tentar.


Fora um covarde. Mas não o seria por mais tempo.


Apanhou o telefone e discou o número da casa do pai de Anahí.


Não foi Anahí quem atendeu, mas sim Daniella, a maníaca por aeróbica.


— Aqui fala Poncho Navarro. Desculpe ligar tão tarde. Posso falar com Anahí?


— Ela não está.


A pontada repentina de decepção foi logo substituída pelo instinto policial. Como ela podia não estar lá? Deveria passar a noite em segurança, e não andar por aí, desprotegida.


— Pode me dizer para onde ela foi? — perguntou.


— Para o hospital. Telefonaram pedindo que ela trabalhasse no turno da noite.


— No pronto-socorro?


— Acho que sim.


— Obrigado.


Poncho desligou, sentindo a decepção como um grande peso nos ombros. Que droga! Não podia mais se controlar. Tinha de dizer a ela. Logo.


Telefonou para o hospital.


— Pronto-socorro.


— Aqui fala o detetive Poncho Navarro, da polícia de Portland. Posso falar com Anahí Cormier?


— Ela não está trabalhando esta noite.


— Bem, quando ela chegar, pode pedir-lhe para telefonar para a minha casa?


— Ela não está escalada para o próximo turno.


— O que disse?


— Estou com a folha de serviço na mão. O nome dela não consta do turno da noite.


— Fui informado de que alguém ligou para ela, pedindo-lhe que trabalhasse no turno da noite.


— Não sei nada a respeito.


— Pode descobrir? É urgente.


— Vou falar com a supervisora. Pode aguardar na linha?


No silêncio que se seguiu, Poncho pôde ouvir o sangue latejando nas veias. Algo estava errado. O velho instinto despertava.


A mulher voltou ao telefone.


— Detetive? Falei com a supervisora, e ela diz não ter conhecimento do assunto. De acordo com a escala, Anahí só deverá voltar ao trabalho na semana que vem.


— Obrigado — Poncho murmurou.


Por um momento, pensou no telefone que Anahí recebera. Alguém conseguira informações suficientes para localizá-la na casa do pai e convencê-la a abandonar aqueles portões protetores no meio da noite, quando haveria poucas testemunhas para o que estava prestes a acontecer.


Não uma pessoa qualquer. James.


Eram dez e quarenta e cinco.


Num segundo, ele atravessou a porta e entrou no carro. Enquanto arrancava em alta velocidade, sabia que já poderia ser tarde demais. Dirigindo apressado, segurou o volante com uma das mãos e usou a outra para discar o número.


— Gillis — o parceiro atendeu.


— Estou a caminho do Centro Médico Maine — Poncho falou sem preâmbulos. — James está lá.


— O quê?


— Anahí recebeu um telefonema falso, chamando-a para o turno da noite. Tenho certeza de que foi ele. Ela já saiu de casa...


— Encontro você lá — Gillis replicou e desligou. Poncho concentrou a atenção na estrada. O velocímetro marcava cento e vinte quilômetros por hora. Cento e quarenta.


Não permita que seja tarde demais, rezou. E afundou o pé no acelerador.


A garagem do hospital estava deserta, o que nem sequer chamou a atenção de Anahí, pois estava acostumada a estar ali, chegando ou saindo do trabalho. Jamais tivera qualquer problema. Portland, afinal, era uma das cidades mais seguras do país.


Desde que não se estivesse na lista de assassinatos de alguém, lembrou a si mesma.


Estacionou o carro e ficou sentada ao volante por um momento, tentando acalmar-se. Queria começar seu turno com a mente focalizada claramente no trabalho. Não em ameaças de morte. Nem em Poncho Navarro. Quando entrava por aquela porta era, acima de tudo, uma profissional. Muitas vidas dependiam disso.


Abriu a porta e saiu do carro.


Ainda faltava uma hora para a habitual troca de turnos. À meia-noite, a garagem ficaria repleta de membros da equipe, chegando ou saindo. Naquele momento, porém, não havia ninguém ali. Ela apressou o passo. O elevador ficava logo adiante. O caminho estava livre. Mais alguns metros e ela estaria dentro dele.


Anahí não viu o homem sair de trás de um carro estacionado.


Apenas sentiu a mão firme em seu braço, beta como o contato gelado do cano de uma arma com sua têmpora. Seu grito foi impedido pelas primeiras palavras dele:


— Se gritar, estará morta.


A arma em sua cabeça deu a ênfase necessária para mantê-la calada.


Ele a arrastou para longe do elevador, na direção de uma fileira de carros estacionados. Anahí teve um vislumbre do rosto dele, ao ser empurrada. James.


Ele vai me matar agora, aqui, onde não há ninguém para testemunhar...


O sangue latejava com tamanha força em suas veias que, de início, ela nem ouviu o ranger de pneus.


Mas seu captor ouviu. James imobilizou-se, apertando o braço de Anahí com força ainda maior.


Agora, Anhí também ouvia: pneus rangiam pelas curvas da rampa da garagem.


Com força selvagem, James puxou-a para trás de um carro estacionado. Anahí refletiu que aquela seria a sua única chance de escapar.


Pôs-se a lutar, tentando libertar-se. James acertou-lhe um murro no queixo, cegando-a de dor. Ela oscilou e já ia cair, quando ele a sustentou e começou a arrastá-la. Anahí, agora, sentia-se tonta demais para lutar.


O brilho intenso cegou-a. Ela ouviu o rangido de pneus freando e deu-se conta de que olhara diretamente para um par de faróis.


Uma voz gritou:


— Parado!


Poncho. Era Poncho.


— Solte-a, James — ele ordenou.


O cano da arma pressionou a têmpora de Anahí com maior intensidade.


— Não poderia ter escolhido momento melhor para chegar, Navarro — James declarou, com um toque de pânico na voz.


— Já disse para soltá-la.


— É uma ordem, detetive? Espero que não, pois, considerando-se a situação da moça, ofender-me poderia fazer mal à saúde dela.


— Já vi o seu rosto, assim como os lanterninhas do teatro Brant. Não há razão para matá-la, agora.


— Não? Pense bem — James provocou, caminhando devagar na direção de Poncho, usando Anahí como escudo. — Saia do caminho, Navarro.


— Ela não vale nada para você...


— Mas vale muito para você.


Anahí fitou Poncho nos olhos e reconheceu o pânico. Ele segurava a arma com as duas mãos, mas não atirou. Não o faria, enquanto ela estivesse na linha de fogo.


Ela tentou soltar o corpo, cair no chão. De nada adiantou a tentativa, pois James era muito forte e a manteve presa, pressionando o braço em torno de seu pescoço.


— Afaste-se! — James gritou.


— Você não a quer!


— Afaste-se, ou tudo acabará aqui mesmo, com os miolos dela espalhados pelo chão!


Poncho recuou um passo, e outro. Embora mantivesse a arma em riste, ela de nada lhe servia. Naquele momento, o que Anahí viu nos olhos dele foi mais que medo, mais que pânico. Foi desespero.


— Anahí — ele falou. — Anahí...


Foi a última visão de Anahí, antes que James a puxasse para dentro do carro de Poncho. Ele fechou a porta e deu marcha-à-ré, voltando pela rampa.


Numa manobra rápida e arriscada, James girou o carro e, um instante depois, eles saíam em disparada para a rua.


Antes que Anahí pudesse recuperar os reflexos, a arma voltara a pressionar sua cabeça. Ela olhou pára James e viu um rosto perfeitamente calmo. Era o rosto de um homem que sabia estar no comando da situação.


— Não tenho nada a perder, matando você — ele disse.


— Então, por que não me mata de uma vez?


— Tenho planos que podem incluí-la.


— Planos?


Ele riu divertido.


— Digamos que meus planos envolvam o detetive Navarro, o esquadrão antibombas e uma enorme quantidade de dinamite. Adoro finais espetaculares. Você não?


Ele sorriu. Foi então que Anahí percebeu para quem olhava. Para o que olhava. Um monstro.



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Autor(a): letiportilla

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Estamos chegando ao fim... Poncho desceu a rampa da garagem numa corrida desesperada. Saiu do edifício a tempo de ver o seu carro, com James ao volante, desaparecer na avenida. Eu a perdi, pensou, meu Deus, eu a perdi... Ainda correu por meio quarteirão. Mas desistiu. As lanternas traseiras haviam desaparecido na noite. O carro se fora. Soltou um grito d ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 374



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  • jl Postado em 18/09/2010 - 00:05:03

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  • jl Postado em 18/09/2010 - 00:04:57

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  • jl Postado em 18/09/2010 - 00:04:08

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