Fanfics Brasil - Capítulo II - Continuação Sabor de Perigo [TERMINADA]

Fanfic: Sabor de Perigo [TERMINADA]


Capítulo: Capítulo II - Continuação

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Quando, finalmente, estacionaram diante da casa de sua mãe, Anahí encontrava-se a um passo do descontrole total. Não esperou que Poncho desse a volta no carro e abrisse sua porta. Saiu do carro por si mesma, desenroscando-se do vestido com gestos desajeitados. Quando Poncho alcançou os degraus da entrada, Anahí apoiava-se desesperada na campainha, rezando para que a mãe a deixasse entrar, antes que ela desmoronasse de vez.


A porta se abriu. Lydia, ainda elegantemente penteada e vestida, fitou a filha desarrumada.


— Anahí? Ah, minha pobre Any — murmurou, abrindo os braços.


Num impulso, Anahí atirou-se automaticamente nos braços da mãe. Estava tão faminta de carinho que não se deu conta imediatamente de que Lydia encolhera-se, a fim de não amarrotar o vestido de seda verde. Porém, registrou a primeira pergunta da mãe:


— Teve notícias de Christopher?


Anahí ficou tensa. Por favor, não faça isso comigo!, pensou.


— Tenho certeza de que tudo se resolverá — Lydia afirmou. — Se você se sentar com Christopher e tiver uma conversa honesta sobre o que o está incomodando...


Anahí afastou-se.


— Não vou me sentar com Christopher — falou. — E, quanto a uma conversa honesta, acho que nunca tivemos uma.


— Querida, é natural que esteja zangada...


— E você não está zangada, mamãe? Não vai se zangar por mim?


— Bem, sim. Mas não acho que deva esquecer Christopher, só porque...


O som repentino de um homem limpando a garganta, fez Lydia erguer os olhos para Poncho, que estava do lado de fora da porta.


— Sou o detetive Navarro, polícia de Portland — ele se apresentou. — É a sra. Cormier?


— Meu nome é Warrenton, agora — Lydia respondeu. — O que está fazendo aqui? O que a polícia tem a ver com isto?


— Houve um incidente na igreja, madame. Estamos investigando.


— Incidente?


— A igreja foi bombardeada.


Lydia fitou-o chocada.


— Está brincando.


— Estou falando sério. A bomba explodiu às duas e quarenta e cinco. Felizmente, ninguém se feriu. Mas, se o casamento houvesse se realizado...


Lydia ficou mortalmente pálida. Recuou um passo, incapaz de falar.


— Sra. Warrenton — Poncho falou —, preciso lhe fazer algumas perguntas.


Anahí não ficou para ouvir. Já ouvira perguntas demais. Subiu para o quarto de hóspedes, onde deixara a mala que fizera para a viagem à ilha de St. John. Dentro dela estavam seus trajes de banho, vestidos de verão e bronzeador. Tudo o que ela achara que precisaria para passar uma semana no paraíso.


Tirou o vestido de noiva e, com cuidado, colocou-o sobre a poltrona, onde ele permaneceu branco e sem vida. Inútil. Olhou para o conteúdo da mala, para os sonhos desfeitos, arrumados com cuidado. Foi então que os últimos vestígios de controle ruíram. Vestindo apenas as roupas de baixo, sentou-se na cama. Sozinha, em silêncio, finalmente permitiu que a tristeza a invadisse.


E chorou.


Lydia Warrenton não se parecia em nada com a filha. Poncho percebera isso no momento em que ela abrira a porta. Impecavelmente maquilada e penteada, a silhueta valorizada pelo vestido verde, a imagem de Lydia não lembrava em nada a de mãe da noiva. A semelhança física com Anahí era evidente. Ambas possuíam cabelos negros e grandes olhos azuis. Porém, enquanto Anahí exibia um ar de suavidade e vulnerabilidade, Lydia parecia ser feita de aço, como se tivesse uma aura protetora, capaz de destruir quem quer que tentasse aproximar-se. E era muito rica, a julgar pela sala de sua casa.


A casa era espetacular. Poncho notara o Mercedes estacionado na garagem, quando chegara. Agora, na sala de estar, deparava-se com uma vista do mar que devia valer um milhão de dólares. Lydia sentou-se no sofá e fez um sinal para que ele ocupasse uma das poltronas. O tecido delicado apresentava-se tão limpo que Poncho teve o impulso de inspecionar sua roupa, antes de sentar-se.


— Uma bomba — Lydia murmurou, sacudindo a cabeça. — Não posso acreditar. Quem bombardearia uma igreja?


— Não é a primeira bomba que explode na cidade.


— Está falando do armazém, na semana passada? Li nos jornais que o episódio estaria ligado ao crime organizado.


— Foi apenas uma teoria.


— Mas, hoje, foi uma igreja. Como poderiam as duas explosões ter alguma ligação?


— Também não encontramos ligação, sra. Warrenton. Estamos tentando descobrir uma pista. Talvez possa nos ajudar. Conhece alguém que pudesse ter algum motivo para explodir a igreja do Bom Pastor?


— Não sei nada sobre aquela igreja, pois freqüento uma outra. Foi escolha de minha filha casar-se lá.


— Parece que a senhora não aprovou tal escolha.


Ela deu de ombros.


— Anahí tem seu jeito estranho de fazer as coisas. Eu teria escolhido uma igreja mais luxuosa, além de uma lista de convidados mais longa. Mas Any é assim. Queria uma cerimônia simples.


Simples não era uma palavra para descrever o estilo de Lydia Warrenton, Poncho pensou, olhando em volta.


— Respondendo à sua pergunta, detetive, não conheço nenhuma razão para que a igreja do Bom Pastor fosse bombardeada.


— A que horas deixou a igreja?


— Pouco depois das duas, quando ficou evidente que não havia nada que eu pudesse fazer por Anahí.


— Enquanto esperava, percebeu a presença de alguém que não deveria estar lá?


— Só as pessoas esperadas: o florista, o padre, os convidados.


— Nomes?


— Minha filha Wendy, o padrinho, cujo nome não me recordo, meu ex-marido, George, e sua última esposa.


— Última?


— Daniella. É a quarta.


— E quanto a seu marido?


— Edward chegaria mais tarde. Seu vôo deixou Chicago com duas horas de atraso.


— Então, ele ainda nem se encontrava na cidade?


— Não. Mas planejava comparecer à recepção.


Mais uma vez, Poncho olhou em volta, apreciando as obras de arte e a vista do mar.


— O que faz o seu marido, sra. Warrenton?


— É presidente da Ridley-Warrenton.


— A companhia madeireira?


— Exatamente.


Aquilo explicava a mansão e o Mercedes. A Ridley-Warrenton era uma das maiores proprietárias de terras no Estado de Maine. Seus produtos, desde madeira ao mais fino papel, eram exportados para todo o mundo.


A pergunta seguinte era inevitável:


— Sra. Warrenton — Poncho começou —, seu marido tem algum inimigo?


A resposta foi surpreendente. Lydia riu.


— Qualquer pessoa com muito dinheiro tem inimigos, detetive.


— Conhece algum em particular?


— Não. Terá de perguntar a Edward.


— É o que farei. — Poncho levantou-se. — Assim que seu marido chegar, peça-lhe para me telefonar.


— Meu marido é um homem ocupado.


— Eu também.


Com um aceno de cabeça, Poncho deixou a casa.


Lá fora, Poncho sentou-se em seu Taurus e observou a mansão por alguns momentos. Era, sem dúvida, a casa mais impressionante que já vira, embora não estivesse acostumado a freqüentar mansões. Alfonso Navarro era filho de um policial de Boston, cujo pai também fora policial em Boston. Aos doze anos, logo após a morte do pai, Poncho mudara-se com a mãe para Portland. A vida nunca fora fácil para eles, um fato que sua mãe sempre aceitara com resignação.


Poncho não fora tão resignado. Sua adolescência consistira em cinco longos anos de rebelião: brigas na escola, cigarros no banheiro, passeios com os jovens rebeldes de Monument Square. Não visitara nenhuma mansão na infância.


Deu a partida no carro e afastou-se. A investigação estava apenas começando. Ele e Gillis teriam uma longa noite pela frente. Ainda teriam de interrogar o padre, o florista; o padrinho, a dama de honra e o noivo.


Acima de tudo, o noivo.


O dr. Christopher Bledsoe, afinal de contas, fora quem cancelara o casamento. Sua decisão, fosse por coincidência, fosse por algum motivo mais sério, salvara a vida de muita gente. Poncho considerou tal sorte grande demais. Teria Bledsoe recebido algum aviso? Seria ele o alvo?


Teria sido essa a verdadeira razão que o levara a abandonar a noiva no altar?


A imagem de Anahí Cormier voltou à mente de Poncho. Aquele rosto não seria esquecido com facilidade. Havia mais que os grandes olhos castanhos e a boca bem desenhada. Fora o orgulho que mais o impressionara. Anahí fora humilhada, abandonada e quase morrera na explosão. Ainda assim, mantivera a cabeça erguida e fora capaz de enfrentá-lo com resposta ácidas. Poncho achara tal fato irritante e divertido ao mesmo tempo. Mas tinha de admirá-la. Para uma mulher que, provavelmente, crescera acostumada a receber tudo numa bandeja de prata, ela era uma sobrevivente.


Naquela tarde, haviam-lhe servido um prato bastante indigesto. E ela o aceitara sem choramingos. Uma mulher surpreendente.


Poncho mal podia esperar para ouvir o que o dr. Christopher Bledsoe tinha a dizer sobre ela.



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Autor(a): letiportilla

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Leitoras fantasmas... Já passava das cinco horas, quando Anahí finalmente saiu do quarto de hóspedes da casa de sua mãe. Calma, composta, ela agora vestia jeans e camiseta. Deixara o vestido de noiva no armário. Não queria voltar a vê-lo. As más lembranças pareciam haver colado ao tecido branco. Encontrou a m ...


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Comentários da Fanfic 374



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  • jl Postado em 18/09/2010 - 00:05:03

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  • jl Postado em 18/09/2010 - 00:04:57

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  • jl Postado em 18/09/2010 - 00:04:08

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