Fanfic: Promessa de Paixão AyA (Terminada)

O local onde Poncho morava ficava sobre a Station. Era um apartamento amplo, aconchegante e todos os móveis ali tinham sido cons­truídos por ele.

No pequeno escritório, onde sempre permanecia quando precisava desenhar uma nova peça, para de­pois construí-la na oficina, ele tentava se concentrar. Mas não estava nada fácil. A situação que Annie vivia o estava deixando muito preocupado. A possibilidade de ela acabar perdendo a criança era muito grande. Aquilo não lhe parecia justo. Annie sempre havia se mos­trado muito responsável e, com toda a certeza, iria criar muito bem uma criança. Mas ela era solteira e aquele simples fato poderia destruir-lhe toda a ilusão de ser mãe. E a maternidade, a possibilidade de gerar e criar um filho se mostrava muito importante para a maioria das mulheres. Para Annie, a possibilidade de gerar tinha sido descartada. Mesmo assim, criar uma criança continuava sendo vital para ela.

"As leis deveriam ser diferentes. Mesmo solteira, Annie deveria ter o direito de criar um filho. O argumento de a criança não ter uma figura paterna, para mim não se sustenta. Que figura paterna eu tive? Meu pai, apesar de trabalhar muito, vivia o tempo todo bebendo. E aquilo causava a infelicidade da minha mãe, da Beth e a minha. À noite, já totalmente alcoolizado, ele saía da oficina e ia para os bares. Nos finais de semana era a mesma coisa. Quando voltava para casa, sempre falava muito, brigava com todos nós e a gente se sentia humi­lhado, sem perspectiva de vida. Porém, apesar de tudo, era um bom marceneiro. Se não fosse por causa da be­bida, teria sido o melhor. Mas ele precisava beber, beber compulsivamente. Não, não vale a pena para uma crian­ça ter uma figura masculina como o meu pai. Minha mãe, sozinha, teria nos criado muito melhor..."

Perdido em pensamentos, Poncho olhou para o desenho inacabado que tinha diante de si.

"Mesmo assim a gente o amava e nos preocupávamos com ele. Minha mãe morria de medo que morresse de cirrose e fez de tudo para que abandonasse o alcoolis­mo. Porém, nada do que ela fez adiantou. E Joe Gray acabou morrendo atropelado por um carro..."

Poncho deu um profundo suspiro. Dentro do peito abri­gava muita mágoa com tudo o que tinha lhe acontecido. E tinha sido por causa disso tudo que se tornara um homem silente, um homem de poucas palavras. A vida havia lhe ensinado que os sentimentos precisavam fi­car trancados no peito e que só o trabalho aliviava as dores sem solução. Por isso ele trabalhava muito, o tempo todo. Por isso para ele só existia um meio de escapar à dor: trabalho, muito trabalho!

"No caso de Kate e de outras crianças, querem que tenham um pai de verdade. E o que é um pai de ver­dade? Aquele que se dedica a só ganhar dinheiro para comprar tudo o que existe nas vitrines das lojas? Não, isso não é um pai de verdade. As crianças de hoje, a grande maioria delas, estão sendo enganadas. Seus pais perderam a capacidade de amar e, no lugar de amor, estão lhes dando presentes. Uma hora é uma calça de grife famosa, outra hora é um skate, um brin­quedo eletrônico. Isso não é justo. Uma criança precisa de amor, afeto e muita dedicação. Hoje, infelizmente, a maioria das pessoas não sabe o que isso significa. Tenho certeza que por causa disso, por essa falta de amor, é que muito cedo as crianças de hoje estão pre­cisando freqüentar os consultórios de psicólogos. Nada substitui o amor e a dedicação. Nada."