Fanfic: Promessa de Paixão AyA (Terminada)

"É muito estranho o que está acontecendo comigo. E tudo começou quando fiquei sabendo que Annie estava adotando uma criança. De repente, dei para pensar no meu passado, na vida terrível que tive, coisa que sem­pre fiz questão de ignorar. Foram tempos muitos di­fíceis, tempos de privação, escassez e mágoa. Eu tinha muito medo do meu pai, da violência com que ele nos tratava. Por que será que ele se entregou à bebida? Minha mãe nunca comentou nada conosco. Mas ela devia saber. Meu pai tinha tudo para ter dado certo na vida. Não, ele jamais teria ficado rico, mas poderia ter nos criado com um pouco mais de dignidade. Não era fácil para mim, suportar as brincadeiras maldosas dos meus colegas de escola. E as crianças, quando que­rem, sabem ser muito maldosas. Era insuportável ouvi-los me chamando de o filho do pinguço. E era à toda hora. Aí, eu resolvi a começar a bater em todos o que me ofendiam. Passei muitos anos da minha vida bri­gando com os meus colegas, sofrendo as conseqüências da minha agressividade. E fui me isolando de todo mundo. Até que um dia, cinco dos meus colegas de classe, resolveram se reunir e me deram a maior surra. A violência deles foi tanta que acabaram me quebrando um braço. O difícil foi chegar em casa e explicar à minha mãe o que tinha acontecido. E menti para ela. Disse que tinha sido atropelado por um carro e que o motorista havia fugido. E nunca mais voltei para a escola. Não adiantou meu pai me espancar, não adian­tou a minha mãe chorar, a minha decisão estava to­mada: jamais voltaria a pôr os pés na escola. E foi exatamente o que aconteceu. Aí, naquela noite terrível, que acordei sendo esmurrado pelo meu pai, fugi de casa. E fiquei cinco anos sem dar notícias. Ainda bem que encontrei Jerry Morris que me ofereceu um em­prego na marcenaria dele. Foi lá que acabei apren­dendo uma profissão que, por coincidência, era a mes­ma do meu pai. Aí, num belo dia, me encontro com um amigo do meu pai na rua. Até hoje não entendi o que o sr. Slick estava fazendo numa cidadezinha per­dida no interior do Arizona. E ele me disse que meu pai tinha morrido e que minha mãe chorava dia e noite por não saber do meu paradeiro. Só me restou uma opção: voltar e cuidar da minha mãe e da Beth. Trabalhei muito, mas consegui terminar de criar a minha irmã e dar um pouco de conforto para a minha mãe; não, é claro, o conforto que ela merecia. E me tornei um solitário, avesso às amizades e ao álcool. Um solitário que se cercou de barreiras só para não ser ferido de novo. Os anos foram passando e, depois de muita luta, consegui abrir a Station. É muito doloroso lembrar que, na semana que abri o meu próprio negócio, a minha mãe faleceu de um ataque cardíaco..."

• -Tio, você está preocupado? - Tyler, com uma rosa em cada mão, interrompeu-lhe os pensamentos.


• -Estou, sim, Tyler.


• -Com o quê? Eu demorei muito? Só fiquei olhando os peixinhos que tem lá na banca de flores.


• -Tudo bem, tudo bem. - Poncho deu um meio sorriso. -Mas vejam só: você comprou duas rosas.


• -Uma é para a minha mãe e a outra é para a Annie. Só não comprei uma para Kate porque ela ainda é muito pequenininha. - Tyler colocou uma das rosas sobre o banco, enfiou a mão no bolso e entregou o troco para o tio. - Você acha que a Annie vai gostar da rosa?


• -Com toda certeza.


• -Minha mãe vive dizendo que uma flor sempre deixa uma mulher feliz.


• -É mesmo?


• -É, sim.


• -E bom saber disso.


• -Você também vai comprar, uma flor para a Annie? - o garoto perguntou, ansioso.


• -Quem sabe, um dia... E então? Vamos voltar para casa?


• -Vamos. Mas eu não quero ir correndo. Estou mui­to cansado.

-      Tudo bem, não se preocupe, a gente vai andando.