Fanfic: Promessa de Paixão AyA (Terminada)

Quando terminou o expediente, Annie parecia um pou­co mais relaxada, um pouco mais tranqüila.

• - Vamos? - ele perguntou ao entrar na loja.


• - Vamos, sim. - Annie, com Kate nos braços, saiu e foi para o carro dela.


• - Não quer ir no meu carro? - Poncho sugeriu. - Depois você passa aqui para pegar o seu.


• - Estou pensando em deixar o meu carro em casa. Aí, pego o carrinho da Kate e a gente vai para o restaurante.

-   Por mim está tudo certo.
Poncho seguiu Annie até à casa dela.

Em torno das sete horas da noite, eles entravam no restaurante.

"Tenho certeza que todos estão achando que somos marido e mulher, e que Kate é nossa filha", ele pensava depois de ter feito o pedido ao garçom.

A garotinha, que dormia no carrinho, começou a se mexer.

• - Kate logo vai acordar. Está na hora de ela mamar.


• - Essa menina está cada dia mais forte.


• - Graças a Deus.


• - E ela continua não lhe dando trabalho à noite?


• - Kate não me dá o menor trabalho. Só ficou meio enjoadinha durante o resfriado. Depois, voltou a ser a mesma de sempre.


• - Cada dia que passa, acho que ela está mais pa­recida com você, Annie.


• - Acha mesmo?


• - É incrível a semelhança entre vocês duas.

Poncho se esforçava para que o assunto não passasse a ser Susy. Naquela noite, queria que Annie relaxasse um pouco.

Ele, então, contou à Annie que recebera um convite.

• - Convite? - ela perguntou, curiosa, sem esperar que Poncho terminasse de lhe explicar do que se tratava.


• - É. E estou muito feliz. Vai ter uma exposição de móveis artesanais lá em San Francisco, e eu fui con­vidado para expor duas peças.


• - Mas isso é muito bom, Poncho.


• - Pelo que fiquei sabendo, os expositores foram es­colhidos a dedo.


• - E você vai participar, não vai?


• - Mas é claro que sim. Acho que, enfim, o meu trabalho está mesmo sendo reconhecido.


• - E você merece todo o sucesso do mundo.


• - Será que mereço? - ele duvidou.


• - Mas é claro que merece! Você é muito modesto, Poncho. Gente com bem menos talento que o seu já está fazendo móveis para os artistas de Hollywood. Mas me diga: já pensou nas peças que vai expor?


• -Já.


• -E que peças vai fazer para a exposição?


• -Não vou fazer as peças para a exposição. Vou levar duas que já estão prontas.


• -E que peças são essas?


• -Vou levar aquela cristaleira que está na minha sala e aquela mesa torneada que fica no hall de entrada.


• -Elas são belíssimas! Nessa exposição vai ter julgamento?


• -Vai, sim.

-E vão dar algum prêmio? - Annie estava entusiasmada.

• -Vinte mil dólares para o primeiro colocado e dez mil para o segundo.


• -Meu Deus! Que bom!


• -Mas eu não tenho a menor chance de ganhar um prêmio.


• -Como sabe disso?


• -Terá gente muito melhor que eu por lá.


• -Duvido que tenha gente melhor que vá participar dessa exposição. O primeiro prêmio já é seu. E você vai ganhá-lo com aquela cristaleira. Nunca vi um móvel mais bonito do que aquele em toda a minha vida.


• -Também não precisa exagerar, Annie.


• -Não estou exagerando.

No carrinho, Kate deu uma choramingada.

• -Acho que a nossa amiga acordou - Poncho comentou.


• -E acordou com fome. Olha lá, ela está chupando o dedinho.

Annie abriu a sacola que havia trazido e pegou a mamadeira. Em seguida, tomou a garotinha no colo e começou a amamentá-la.

-   Ela cresceu bastante - Poncho disse em um dado momento.

-    E incrível como criança nessa idade cresce. Vê só como ela mama?

• -Ela é muito gulosa?


• -Acho que sim. Kate só chora mesmo quando está com fome. E sempre toma a mamadeira toda.

Os dois continuaram conversando sobre assuntos di­versos. Quando Kate terminou de mamar, Annie a man­teve no colo até que a pizza chegasse.

Assim que o garçom se aproximou, Annie colocou Kate no carrinho.

• -Pelo jeito, ela resolveu ficar acordada - Poncho co­mentou, enquanto o garçom os servia. - Veja como os olhinhos dela brilham.


• -Logo ela estará dormindo de novo.


• -Isso que é vida! - ele disse e pegou os talheres. - Essa pizza está com um cheiro delicioso.


• -Quer dizer, então, que você nunca tinha comido marguerita?


• -Não. - Ele cortou um pedaço de pizza e o levou à boca. - Que sabor suave. Onde foi que conheceu essa pizza?


• -Na casa da minha avó.


• -Ela morou na Itália?


• -Morou. Minha avó era italiana.


• -É mesmo? Eu não sabia.


• -Minha avó veio para a América quando tinha de­zenove anos. Aí, conheceu o meu avô e os dois se casaram.


• -E em que lugar eles moravam?


• -Em Nova York. Os dois tinham uma pizzaria.


• -Então, foi por isso que você aceitou o meu convite para virmos comer uma pizza.


• -Eu adoro pizza.


• -E você sabe fazer pizza, Annie?


• -Mas é claro que sei. Tenho o maior cuidado para preparar a massa.


• -O quê? - ele perguntou espantado. - Quer dizer, então, que quando resolve fazer pizza, você também prepara a massa?


• -Preparo, mas é claro que preparo.


• -Pensei que fosse ao supermercado e comprasse a pizza pronta.


• -Aí, fica fácil, Poncho. - Ela riu. - É só pegar a pizza e colocar no forno.


• -É verdade. E é exatamente isso que faço quando quero comer pizza.


• -Não, o gostoso é fazer a massa, preparar os in­gredientes que vão por cima, tudo com o maior capri­cho. Quem sabe, um dia, eu faço uma pizza de aliche e convido você para ir comer lá em casa.


• -Nunca ouvi falar nesse tipo de pizza.


• -É a que eu mais gosto.


• -Por quê, então, não pediu pizza de aliche?


• -Porque não constava do cardápio.


• -Vai ver que aqui eles não conhecem esse tipo de pizza. - Ele riu.


• -Pode ser... - Annie também riu.

Ao vê-la tão à vontade, Annie se sentiu muito feliz. Pelo menos por alguns instantes, Annie estava esquecendo-se do drama que vivia.

• -A exposição é para breve? - ela perguntou, quan­do já esperavam que o garçom lhes servisse o café.


• -Na metade do próximo mês.


• -E você vai até lá?


• -Estou pensando em só mandar os móveis.


• -Por quê?


• -Não gosto muito de festas.


• -Mas é muito importante que você vá San Fran­cisco, Poncho.


• -Para quê?


• -As pessoas precisam conhecer você.


• -Não, Annie, as pessoas precisam conhecer o meu trabalho.


• -Elas também precisam conhecer você. É assim que o mundo de hoje funciona, Poncho. Os artistas tam­bém têm que se preocupar com o marketing.


• -Não sou um artista - ele afirmou.


• -Não? - Ela o fitou espantada.


• -Não sou um artista - ele voltou a afirmar.


• -E você é o quê? - Annie perguntou, sorrindo.


• -Sou um marceneiro.


• -Não, Poncho, você é um artista. E dos bons. E acho que deve ir a San Francisco.


• -Não dá, Annie...


• -Por quê?


• -Sou um homem muito tímido. Não saberia con­versar com as pessoas, não saberia o que vestir.


• -É só conversar com as pessoas como está fazendo comigo. E quando ao vestir, pode usar as roupas do seu dia-a-dia.


• -Jeans e camiseta?


• -Claro.


• -Pensei que nesse lugares as pessoas se vestissem de maneira mais sofisticada.


• -Hoje em dia, Poncho, as pessoas se vestem da ma­neira que se sentem à vontade. Se existem homens que se sentem melhor usando um terno, é só usar terno. Se se sentem melhor de jeans, é só usar jeans.


• -A exposição vai ser num museu lá em San Fran­cisco. E eu nunca na vida entrei num museu.


• -Não acredito - Annie estava espantadíssima.


• -Pois pode acreditar.


• -E como consegue fazer coisas tão maravilhosas?


• -Não sei.


• -Eu sei: você tem talento. É isso. E nem mil escolas conseguem dar talento a uma pessoa. Mas como foi que você começou a trabalhar com madeira?


• -E uma longa história - ele respondeu, meio ressabiado.


• -E não quer me contar.


• -Não, hoje não. Hoje é dia para conversas alegres.