Fanfic: Promessa de Paixão AyA (Terminada)

Mais tarde, Annie foi para a oficina.

• -Aconteceu alguma coisa? - Poncho quis saber. - Você me parece meio estranha.


• -Não, está tudo bem.


• -Mas é claro que não está tudo bem. Posso sentir isso nos seus gestos. Venha, sente-se aqui. - Ele in­dicou-lhe o colo.

Meio sem graça, Annie pegou um banquinho.

• -Prefiro me sentar aqui.


• -Tudo bem. - Ele sorriu e, depois de Annie ter se sentado, perguntou: - Me conte o que está acontecendo.


• -Bem, acho que a Beth está exagerando um pouco.


• -Em quê? Será que ela subscreveu os cem convites?


• -Não, ela conseguiu cortar trinta pessoas da lista de convidados.


• -Mesmo assim restaram setenta, o que para mim continua sendo um grande exagero.


• -Mas o problema, a meu ver, não é só esse. Além de um pianista, sua irmã quer contratar um harpista.


• -Essa Beth! O que ela pensa da vida? Depois eu falo com ela.


• -Acho que você deve conversar com ela, sim, mas vê se fala com jeito com a sua irmã. Ela pode se magoar.

-   Deixa comigo, eu sei como lidar com aquela maluquinha.

Annie ficou em silêncio.

• -Mais algum problema?


• -É a história do casamento.


• -O que foi? Resolveu mudar de idéia? - Poncho per­guntou, um tanto aflito.


• -Não, de jeito nenhum. Eu quero me casar com você.


• -É muito bom ouvir isso.


• -Acontece, Poncho, que nós queríamos uma cerimônia simples e teremos uma grande comemoração. E sei que você é avesso a festas.


• -Não se preocupe comigo, estou me sentindo muito bem. A Beth está tentando fazer por nós dois o que ela não teve. Minha irmã sempre sonhou que teria um casamento pomposo. Infelizmente, pelas circuns­tâncias, o dela foi muito simples.


• -Beth me disse.


• -Ela é uma pessoa que acredita muito na família. E adoraria ter uns cinco filhos.


• -Quem sabe... Um dia ela ainda encontra uma outra pessoa para compartilhar a vida. Beth é ainda muito nova. Eu, infelizmente, nunca vou poder encher essa casa de crianças.


• -Por favor, Annie, não fique triste.


• -Você nem imagina o quanto fiquei frustrada quan­do o médico me disse que eu não podia ter filhos.


• -Eu imagino...


• -Foi o maior golpe que tive na minha vida. De repente, era como se tudo não tivesse e nem fizesse o menor sentido.


• -Mas agora você tem Kate. Estou adorando a idéia de ser o pai dela.


• -Poncho, você é uma amor de pessoa, mas tenho cer­teza que sempre pensou em ter os seus próprios filhos.


• -Não, eu nunca pensei em ter filhos. Sequer pensei em me casar. Pode acreditar: você e Kate são muito mais do que sempre sonhei para mim.


• -É mesmo? - Annie duvidou.


• -É mesmo. - Poncho estendeu a mão e acariciou-lhe a cabeça. - Pode acreditar em mim.


• -Eu gostaria muito de poder lhe dar um filho.


• -Não pense nisso, Annie. Kate já é minha filha.


• -Você nem imagina como sofri quando o médico disse que jamais poderia engravidar. Foi um baque muito grande para mim.


• -Eu sei que foi. Mais tarde, se quiser, podemos adotar outras crianças.


• -Você não se importa mesmo em não ter um filho seu de verdade?


• -Annie, acho que a vida já me deu mais que o su­ficiente, bem mais do que mereço ou sonhei. Estou muito feliz com o que tenho. E gostaria que você tam­bém ficasse feliz.


• -Todo homem quer ter um filho, Poncho.


• -Pois eu sou a exceção que confirma a regra.


• -Por quê? Por que você é assim tão diferente dos outros homens?


• -Não sei, acho que carrego dentro de mim a his­tória da minha vida. E ela não foi nada fácil.


• -Você teve problemas com os seus pais?


• -Com o meu pai, especificamente. - Poncho, então, decidiu contar à Annie o que tinha acontecido na sua vida.

Ela, atenta, o escutava e se emocionou muito ao saber o quanto Poncho havia sofrido.

• -Não deve ter sido nada fácil para você.


• -Não, não foi nada fácil. E foi por tudo isso que nunca pensei em me casar. Afinal, achei que ninguém fosse se interessar por mim.


• -Como pôde pensar uma coisa dessa? Você é um homem muito interessante.


• -Você acha mesmo?


• -Mas é claro que acho.


• -Quando alguém passa pelo que passei, fica muito difícil conseguir uma auto-estima elevada. - Ele deu um profundo suspiro. - Posso lhe fazer uma pergunta, Annie?


• -Sinta-se à vontade.


• -Você está se casando comigo só por causa da Kate?


• -Não, de jeito nenhum. Estou me casando com você porque acredito realmente que o nosso casamento possa dar certo. - E por que eu te amo, ela teve von­tade de dizer.


• -Isso é muito bom de ouvir. - Poncho ficou alguns instantes em silêncio e depois disse: - Sabe o que está passando pela minha cabeça?


• -Não. Mas estou louca para saber do que se trata.


• -Que tal nós deixarmos que a Beth faça tudo o que tem vontade? Acho que nós dois realmente mere­cemos uma bela festa de casamento.


• -Tudo bem, teremos um bela festa de casamento - Annie concordou.

Porém o que Annie não sabia era que uma festa de casamento dava o maior trabalho.

Na manhã da véspera da cerimônia, ao chegar na Station com Kate no colo, ela estava se sentindo mui­to cansada.

• - E como vai a minha noiva? - Poncho perguntou, quando ela entrou.


• - Morta de cansaço.

-      E a minha filhinha? - Poncho retirou a manta que  cobria a garota.

• -Ela não deve estar sentindo cansaço nenhum. Nunca vi alguém dormir tanto.


• -Ainda bem. Deve ser muito bom poder dormir assim, com tanta tranqüilidade.


• -Bem, vou levá-la até a casa da Beth. Depois, vou ter que sair.


• -Aonde você vai? - ele quis saber.


• -Pegar o meu vestido e ver se está tudo em ordem no local da recepção.


• -Antes de levar Kate para a casa da minha irmã, me responda a uma pergunta. - Poncho acariciou o rosto de Annie.


• -E qual é a pergunta?


• -Você está feliz?


• -Muito. Estou muito feliz, Poncho. E você?


• -Eu também.