Fanfic: Promessa de Paixão AyA (Terminada)

Annie  esperava por várias reações de Poncho quando sou­besse da adoção, menos que fosse ficar com tanta raiva. Seu rosto, sempre sereno, se mostrava tenso, quase irreconhecível.

Talvez eu queira a mesma vida que ela.

• - Beth não tinha completado dezoito anos quando deu à luz a Tyler. E a vida dela mudou totalmente: teve que deixar a escola durante um ano. Depois, só pôde voltar a estudar à noite. De repente, uma vida tranqüila foi transformada em um grande pesadelo. Acha que é fácil acordar à noite com uma criança doen­te? Não, não é nada fácil. Minha irmã desistiu de muita coisa por causa do filho.


• - Sou bem mais velha do que Beth era quando teve o Tyler e tenho uma vida mais definida. E tomei tal decisão porque me senti pronta.


• - Você não faz a menor idéia de onde se meteu!


• - Não consigo entender o motivo de tanta hostili­dade. Só queria conversar com você sobre o berço.


• - Não consigo entender as mulheres. Por que a maternidade é tão importante assim para vocês? Por que é tão importante gerar um filho?


• - Eu não gerei essa criança.


• - Tudo bem, você não gerou essa criança. Mas me diga: por que resolveu adotá-la?

Annie estava se sentindo profundamente incomodada, profundamente humilhada com aquela conversa. E pre­cisava pôr um fim nela. Para tanto, usaria uma só palavra:

• - Infertilidade.


• - O que foi que você disse? - ele perguntou muito aturdido.


• - Infertilidade - agora Annie disse a palavra bem devagar.


• - Você...


• - Exatamente. O médico me assegurou que jamais gerarei uma criança.


• - Annie, me desculpe. Acho que fui longe demais. Mesmo assim, acho que você deveria ter pensado me­lhor no assunto.

Ela, inconformada com tanta insensibilidade, come­çou a soluçar.

• - Será, será que você não entende?


• - O que eu deveria entender?


• - Essa era a minha grande chance de me tornar mãe. Talvez a minha única chance. Como poderia me negar? Estou ficando velha e a lista para adoção é muito grande.


• - Você deveria ter me contado. - Poncho a abraçou. E aquela atitude a surpreendeu muito. Os dois, até aquele dia, tinham apenas trocado alguns apertos de mãos. - Aí, poderia ter comprado algum presentinho para o bebê. Também poderia ter caprichado mais no berço.

Poncho se afastou um pouco. Mais relaxada, Annie respondeu:

• - Tudo o que você faz é sempre de primeira qua­lidade. Duvido que pudesse ter caprichado mais no ber­ço. Ele está ficando lindo.


• - Você acha mesmo?


• - Pode acreditar. Nunca conheci alguém que tra­balhasse tão bem com madeira.


• - Obrigado pelo elogio, Annie.


• - Você não tem o que agradecer. Sabe que estou falando a verdade.

-    Mesmo assim, muito obrigado pelo elogio.
Depois da forte tensão, Annie estava se sentindo muito bem. E tinha gostado bastante da atitude de Poncho, que não demonstrara a menor pena por sabê-la incapaz de gerar uma criança.

• - Sé tivesse me contado tudo antes, teria colocado mais grades no berço - ele brincou.


• - Para quê?


• - Para proteger melhor o seu bebê.


• - E dobraria o preço, certo?


• - Não, só aumentaria uns dez por cento.


• - Não se esqueça que, entre outras coisas, sou a responsável pela contabilidade da sua firma. Sei muito bem que tem muito lucro aqui dentro.


• -Não tenho tanto lucro assim.


• -É verdade, estava apenas brincando. Sei que você é um profissional muito consciencioso, algo muito raro hoje em dia.


• -Nunca fui a favor de exagerar na margem de lucro.


• -Pena que são poucas as pessoas que pensam como você. Tem gente que iria cobrar o triplo pelo mesmo trabalho que você faz.


• -Isso para mim é falta de escrúpulo. Mas me diga, Annie, o que é?


• -Não entendi. - Ela sorriu.


• -Estou querendo saber se você adotou uma garotinha ou um garotinho.


• -Oh! Uma garotinha.


• -E quanto tempo ela tem?


• -Três semanas.


• -Quer dizer, então, que a adotou quando tinha acabado de nascer. E qual é o nome dela?


• - Kate.


• - É um bonito nome.


• -Dei a ela o nome de minha avó. Meu irmão achou que era uma grande loucura. Ele me disse que, na realidade, ela não era da família. Mas para mim Kate é, sim, da família. E é, sim, minha filha. Eu apenas não a gerei. Mas eu a amo desde o primeiro momento que a vi. - Ela olhou para o berço. - Mas tem um problema... Nunca deveria ter encomendado o berço. Mas pode ficar tranqüilo: vou encontrar um comprador para ele. É só me dar um pouco de tempo.


• - Pelo que estou vendo, você não gostou do berço.


• - Não é isso, Poncho. Gostei, gostei muito do berço, sim.

-    Mas, pelo que entendi você precisa dele. Não venha me dizer que Kate está dormindo num colchãozinho no chão.

• -Não, de jeito nenhum, imagine!


• -E onde ela está dormindo?


• -Num carrinho que me emprestaram.


• -Num carrinho? Coitadinha da Kate. Como vai fazer para se espreguiçar?


• -Ela ainda é muito pequena. O carrinho está ser­vindo muito bem.


• -Mas logo ela vai crescer.


• -Mesmo assim não vou poder ficar com o berço.


• -Não, esqueça essa idéia. Ligue para os Andersen e diga que vou me atrasar um pouco para terminar a estante. Logo vou terminar o berço. Aí, Kate pode dor­mir bem à vontade.


• -Poncho, acho que não entendeu. Não posso ficar com o berço, não posso mesmo! - ela disse, cheia de aflição.


• -Mas a garota não pode ficar dormindo no carrinho.


• -O berço não vai ter a menor utilidade para mim.


• -Annie, estou achando essa sua conversa muito in­coerente. Se for por causa de dinheiro...


• -Não, o problema não é dinheiro.


• -Então, qual é o problema?


• -O problema - Annie mal podia conter a dor que sentia dentro do peito -, o problema é que recebi um telefonema. E vou perder a minha filhinha, Poncho. E não existe nada que eu possa fazer para mantê-la junto a mim.