Fanfic: Promessa de Paixão AyA (Terminada)

Annie, ao dizer a Poncho que ia perder a filha, começou a soluçar de novo.

• - A menina está doente? O que ela tem? O que os exames disseram?


• - Exames?


• - Você não me disse que recebeu um telefonema? Ela está doente, não está?


• - Não, Kate, graças a Deus, está ótima. - Annie não conseguia conter os soluços. - E parece que está muito feliz lá em casa. Quase não chora e não dá o menor trabalho.


• - Vamos, acalme-se - ele pediu. - Se ela está bem de saúde, você não tem com o quê se preocupar.


• - Meu Deus, que situação mais difícil.


• - Venha, vamos até a cozinha - Poncho indicou-lhe a porta.


• - Não precisa. Eu estou bem.


• - E vai ficar melhor se sentar. - Ele colocou-lhe a mão de leve sobre o ombro e a encaminhou para a porta. - Vou lhe preparar um café.


• - Não precisa, não precisa se incomodar.


• - Não é incômodo nenhum.

Na cozinha, depois que Annie se sentou, ele foi até à pia e preparou a cafeteira.

• -Não queria causar tanto transtorno - ela se desculpou.


• - Transtorno? Sobre o que você está falando?


• - Eu perdi o controle, mas acontece que estou muito tensa.


• - Dá para perceber. - Ele ligou a cafeteira.


• - E você tem muito trabalho para fazer.


• - E verdade. Mas isso não é novidade, eu sempre tenho muito trabalho.

"E pelo que pude perceber, sr. Gray, o senhor só se preocupa com o trabalho. É dia e noite trancado aqui na oficina serrando, torneando... Não entendo como pode se dedicar tanto ao que faz. Será que não tem amigos, namorada? Será que não tem vontade de sair um pouco e ir passear? A vida, pelo que me consta, não é só trabalhar."

Poncho encostou-se na pia e ficou em silêncio, esperando o café ficar pronto.

"Acho que eu o estou incomodando muito. Não deveria ter falado no cancelamento do berço. Deveria ter arru­mado uma outra solução para o" problema. Meu Deus, eu não me conformo com o que está acontecendo. Eu amo tanto aquela garotinha. Amo como se ela fosse parte de mim, como se a tivesse gerado no meu próprio ventre."

Annie continuou pensando na situação difícil em que vivia. Quando o café ficou pronto, Poncho serviu uma xí­cara e a colocou sobre a mesa.

• - Melhorou? - ele quis saber.


• - Melhorei, sim, obrigada.


• - Tome o seu café.


• - E você? Não vai tomar café?


• - Vou. - Ele foi até à cafeteira, também serviu-se de uma xícara do líquido fumegante e sentou-se à mesa junto com Annie.


• - Relaxe - ele a aconselhou.


• - Estou tentando. Não sabe o quanto estou me esfor­çando para ficar calma, relaxada. Mas não é nada fácil.


• -Eu imagino...


• -É difícil mesmo.


• -Quer um lenço de papel?


• -Não, obrigada.


• -E para o café? Quer açúcar ou creme?


• -Prefiro bebê-lo puro.


• -E não vai me dizer o que está acontecendo?


• -Mas é claro que sim. - Annie tomou um gole de café, inspirou profundamente e disse: - A mãe da minha filha a quer de volta.


• -Não me diga! - Poncho, incrédulo, balançou a cabeça de um lado pra o outro.


• -É verdade, sim. - Annie sentiu que se não se es­forçasse muito, iria começar a chorar de novo.


• -A mulher mudou de idéia?


• -Mais ou menos?


• -Mais ou menos, Annie? Como assim?


• -Ela não quer que eu continue com Kate.


• -Por quê? Você é uma moça decente e vai ser uma ótima mãe.


• -Mas a mãe verdadeira de Kate acha que, pelo fato de eu ser solteira, Kate pode sentir falta de uma figura masculina. E está disposta a doá-la a um casal.


• -Que coisa mais terrível.


• -Para você ver... Esse é o motivo do meu desespero. E é também por isso que não posso ficar mais com o berço. - Annie tomou mais um gole de café.


• -Mas isso tudo é uma grande loucura.


• -A moça, o nome dela é Susy, quer que a filha tenha pai e mãe.


• -Mas o meu sobrinho está se desenvolvendo muito bem sem a figura paterna.


• -Mas Tyler tem uma figura paterna - Annie afirmou.


• -Tem? - Ele a fitou espantado. - Pelo que eu saiba, minha irmã não está se relacionando com ninguém.


• -Eu também acho que ela não está se relacionando com ninguém.

-    Então, por que disse que o meu sobrinho tem uma figura paterna. Quem é esse homem?

• -Você, Poncho. Você é a figura paterna que Tyler adotou.


• -Eu? Acho que não...


• -Mas é claro que você está funcionando como uma figura paterna para o seu sobrinho.


• -Será? - ele duvidou.


• -Pode acreditar.


• -Nunca tinha pensado nisso.


• -Mas você funciona para Tyler como uma figura paterna.

-    Realmente eu nunca tinha pensado nisso.
Annie, de leve, passou o dedo pela borda da xícara e disse:

• -No início, a mãe de Kate não se incomodou pelo fato de eu ser solteira. Aí, de repente, o pai de Kate re­solveu aparecer de novo na vida dela. O rapaz ouviu dizer que a garotinha tinha nascido e resolveu voltar. E voltou para tornar a minha vida um verdadeiro inferno!


• -Ele quer a filha de volta?


• -Não. O rapaz diz que apenas quer conhecer a menina. E resolveu dizer à Susy que a criança precisa ser criada por um casal.


• -E a moça concordou com ele?


• -Parece que sim. E, pelo que entendi, ele só voltou mesmo para conhecer a filha. Mas isso fez com que velhas feridas de Susy se abrissem.


• -Isso é muito ruim.


• -A presença do rapaz fez com que Susy percebesse o quanto sentiu a falta dele e quanto o deseja por perto.


• -E aí, ela decidiu que a filha precisa viver num lar de verdade.


• -É isso mesmo.


• -A presença de um pai não faz a menor diferença na vida de uma criança - ele sentenciou.


• -Mas nesse caso faz, sim.


• -Essa garota deveria saber que você vai criar muito bem Kate sozinha.


• -Isso ela deveria saber, Poncho. Mas parece que não sabe.


• -E como foi que você entrou em contato com a mãe de Kate? Através de uma agência de adoção?


• -Não, não foi através de uma agência. Foi um aci­dente. - Annie tomou mais um gole de café. - Conheci a mãe de Kate no consultório do meu ginecologista.


• -E ela é muito nova?