Fanfic: Tudo Muda, Tudo Troca de Lugar

   Quando o sinal bateu e eu tive que entrar na escola muitas lembranças vieram por cima da minha cabeça. Os corredores ganharam pinturas novas e mais alegres do que o braco encardido de alguns anos. Muitos alunos novos, e muitos velhos que eu não reconhecia mais. Enquanto eu caminhava muitos dos meus ex colegas paravam e me abraçavam, perguntavam como eu estava e aquelas coisas toda. A Carol me levou até meu armário, que por um acaso o dela fica ao meu lado. Quando eu estava guardando os livros das outras aulas, a Carol saiu pra ir na secretaria e o Alex chegou..

- Oi Rafaela!

- Oi Alex. Bom dia!

- Desculpa por ontem ok? É que foi muito de repente para mim, não só pra mim mas pra todos! É estranho de ter de volta entende? Achamos que não voltaria mais.

- Não.. que isso, tudo bem! Eu é que deveria ter ficado lá mesmo, acho que aqui não é mais o meu lugar. Mas não precisa se sentir culpado por ontem, eu devia ter avisado.. mas eu não sabia mais nada de vocês. 

- O seu lugar é aqui.

- Eu não conheço mais ninguém Alex, não faz sentido.

- Isso vai melhorar logo ok? Viu, tem um monte de gente que lembra de você! - ele se referiu as garoas que passaram por nós e abanaram para mim

- Só que eu não lembro mais delas, as lembranças daqui foram jogadas foras e eu não sei como. 

- Calma, eu e a Carol vamos te ajudar ok? A gente vai ficar contigo. - ele veio e me abraçou, era muito mais fácil sentir o abraço e o cheiro do Alex, ele era meu melhor amigo antes de ir embora, mas ele ficou com raiva de mim. Mesmo assim eu ainda sinto que devia ficar naquele fim de mundo, pelo menos eu ja havia me acostumado lá. - Vamos? Eu te levo até a sua sala, isso se você se lembra ode fica também. - ele riu de mim

- Não, definitivamente não lembro de nada. - eu ri junto

Andamos até a minha sala, não havia muita gente de pé, eu me lembro que o primeiro horário era o mais calmo, todos ficavam com sono. Alex me abraçou de novo e seguiu para a sala dele, não havia quase ninguém na aula ainda, mas o professor já estava chegando. Entrei junto com ele, logo veio o resto da turma que estava nos armários próximos. 

- Classe, eu queria dar as boas-vindas de volta da aluna Goulart, que voltou a nossa escola depois de um bom tempo fora. 

- Obrigada! - eu ja estava vermelha, era muito estrao ver ele me apresentando para eles, e todos me conheciam.. menos eu! Eu n me conheço mais, muito menos eles.

- Pode se sentar ali. - ele apontou meu lugar e fui até ele. abri meu caderno e comecei a anotar as coisas que ele ja repassava para o quadro. Não demorou muito e alguém bateu na porta, estava com receio de olhar e não olhei, só que a voz invadiu minha cabeça e tudo voltou de novo. De repente me lembrei de algumas pessoas ao meu redor, de alguns momentos que passei com elas e até daquela voz. Sim, eu sabia quem era.. mas eu não queria olhar, foi ai que eu percebi que havia uma classe desocupada em minha frente, a unica da sala. Droga.. era a classe dele, eu esperava que ele sentasse bem longe de mim, só que peguei má sorte nesta manhã. 

Ele estava se encaminhando até a classe dele, quando ele se virou para mim para pegar um de seus cadernos que acidentalmente caiu no chão, eu acabei levantando o rosto. Ele olhou profundamente pra mim, e eu pra ele, era uma sensação muito estranha, parecia que eu o conhecia a décadas.. e realmente conhecia, apenas não lembrava de nada que tive com ele. Vi ele apertar os labios e me olhar pela ultima vez, até ele se sentar empurrando a classe mais para frente. Eu não consegui mais pensar direito depois disso, apenas copiava os textos que se estendiam no quadro.. mas sem entender nada. Minha mão ja estava tremendo, eu quero chorar.. só que não aqui, aqui não dá.. não quero fazer cena, nunca fui disso! Perdi tanto o meu tempo vedo minha mão tremer e tentando entender a matéria existente no quadro, que não vi os periodos passarem, logo ja havia acabado a aula de geografia, e eu davo graças a Deus por isso. Alguns ja haviam saido da sala, mas ele não. Fechei meu caderno tão rápido que chegou a fazer barulho.. me levantei tão depressa sentindo as lagrimas descerem, que não percebi que o professor havia me chamado. Fui em direção ao banheiro das garotas que nunca tinha ninguém, joguei o caderno no chão e me senti sobre ele, olhei a parede do outro lado fixamente, senti meu rosto molhado mas não faço questão de secá-lo. Logo alguém entou no banheiro e eu baixei o rosto, fingindo olhar as minhas pernas, era a Carol. Ela veio correndo até mim, me abraçou limpou meu rosto e eu a abracei com força e deixe chorar de verdade, com soluço e tudo. Eu não imaginava que seria assim tão doloroso, não imagina por que eu não lembrava mais dele, eu só sabia o nome. Mas doeu, o buraco que havia dentro de mim quando eu parti estava ali de volta, ele nunca foi curado, eu só não percebia ele ali porque as lembranças da realidade que eu vivi foram tracadas em algum lugar da minha mente. Eu não sinto mais meus coração bater, e se ele esta batendo, como isso? Como pode um coração estar despedaçado e ainda continuar batendo? Não sei, e também não sei se eu gostaria de saber disso agora.