Fanfic: Paixão Oriental

E isso contava algo? Em seu país teria sido o que mas teria contado. Teriam sido marido e mulher pela força só dessa noite. De fato, seu sentido de honra lhe tinha obrigado a tomar essa decisão se lhe tivesse reclamado esse prêmio. Era um prêmio que ainda tinha certo poder sobre ele naquele momento em que estava sentado ali, escutando a uma mulher lhe implorar sua paixão, enquanto a outra o excitava sem sequer tentar seduzi-lo. Recordou uma só tarde transcorrida em um velho colchão quando as mãos de Anahi se agarraram a ele e seu corpo o tinha aceito com suaves gemidos que lhe tinham roubado o coração.

-Assim - tinha pedido ela com aquela voz sensual.

E aquilo o tinha excitado terrivelmente.

Enquanto ele lutava com seu próprio desconforto por suas lembranças, tinha a satisfação também de ver que Anahi ficava ruborizada. Ela sabia o que ele estava pensando e era incapaz de olhá-lo porque estava sentindo o efeito dessas lembranças tanto como ele.

Era sexo, nada mais. Ele podia dirigir bem esse tema. Serena teria estado de acordo.

Se ele não deixasse de despi-la com o olhar, ela mudaria de idéia e partiria, decidiu Anahi, enquanto se sentava na cadeira ao lado da escrivaninha. Embora estivesse falando por telefone, sabia bem o que expressavam seus olhos.

Um sorriso afetado torceu sua boca. Ela pensou que a boca de Alfonso parecia fria e mesquinha, mas resultava irresistível. Ela suspirou, baixou o olhar e desejou que a expressão de Alfonso não lhe recordasse o sexo. Um homem, uma tarde, uma só experiência, e era capaz de recordá-lo. Com um só olhar era capaz de imaginá-lo gloriosamente nu. Seu torso musculoso, seus largos ombros... salpicados de pêlo escuro...

Quem o chamava para poder estar em silêncio durante tanto tempo?, perguntou-se ela.

Teria desejado que falasse, embora só fosse para cortar aquela tensão entre eles. Tensão sexual que enchia o ar.

Talvez Alfonso estivesse fazendo de propósito, possivelmente a chamada tivesse terminado e ele estivesse dissimulando de propósito para alongar a agonia. Seria tão calculador?   Sim, decidiu, é obvio que poderia ser.

Ele lhe havia dito que não queria que estivesse ali. Logo, por alguma razão, tinha decidido retê-la. Talvez para desafiar sua afirmação de que não era um ser humano, e aquela era sua idéia de fazê-la pagar.

Alfonso viu que se ruborizava e recordou a primeira vez que a tinha visto, na casa de um amigo. Ele era um convidado de fim de semana, e Anahi era empregada ali. Tinha-lhe servido a comida durante o jantar, calada, tímida, e com uma cor rosada sempre em suas bochechas. Cada vez que se inclinava sobre seus ombros para lhe servir, ele tinha respirado a sua fragrância, e havia sentido o suave roçar de seu cabelo na bochecha. Tinha sido uma sensação elétrica, estremecedora. Deixou de respirar um momento ao recordá-lo... Anahi havia tocado seu ombro duas vezes ao lhe servir um prato e acabou derramando molho na toalha, e ele, para desculpá-la frente a seus patrões, fez uma brincadeira a respeito de quão grande era.

-É nova, temporária -tinha-lhe explicado Rally Maitland com o tom condescendente de alguém que viveu toda sua vida tendo criados.

- Deixa-o, Anahi! -tinha exclamado, molesta, enquanto Anahi tentava limpar molho derramado na toalha.

Sua mão estava tremendo.

- Não é fácil conseguir empregados com experiência nestes tempos. Anahi está mais acostumada a dar de comer aos frangos que aos humanos -havia dito Sally.

Alfonso sorriu ao recordá-lo. Embora talvez fosse bem mais uma careta que um sorriso. Anahi tinha alimentado suas fantasias aquele fim de semana. Tinha alimentado seus sentidos e sua mente. Sua fragrância o perseguia por todos lados. Permanecia depois de ter estado em sua habitação organizando-a e fazendo a cama. Seu olhar tímido parecia persegui-lo sempre que ele tinha a desgraça de encontrá-la servindo a comida. Se se encontravam nas escadas Anahi ficava rubra e saía. Se se roçavam os braços ou os ombros, ela saltava como um gato assustado e não dizia nenhuma palavra, embora ele quisesse que ela falasse alguma coisa... Só assentia ou negava com a cabeça. Não tinha conseguido nada mais dela.

-Vamos querido. Me perdoe. - Disse Serena. - E nos esqueçamos disto. Carlos não espera fidelidade da minha parte, e eu... Alfonso cortou a comunicação abruptamente. Anahi o olhou.

-Não falou nada -quase o acusou Anahi.

-Não fez falta as palavras -respondeu ele e sorriu ironicamente.

-Quanto ao William... Acredito que teria que começar com... - disse ela firmemente.

-O almoço -completou ele.

-O almoço? -perguntou Anahi, surpreendida.