Fanfic: Paixão Oriental

Mas partir era a opção mais fácil. E as opções fáceis nunca eram as suas. Ou fazia aquilo ou partia para casa e não dizia nada ao Robbie. Estava entre a cruz e a espada.

"Pensa no Robbie", disse-se firmemente, e se animou a andar para as portas de metal prateado e cristal.

Ao aproximar-se, viu seu reflexo no brilho do cristal. Não gostou. Uma mulher muito magra, de cabelo claro, com um coque na cabeça, e uma grande palidez na cara devido ao estresse. Seus olhos pareciam muito grandes, sua boca, vulnerável. Sobretudo parecia muito frágil para ir ver um arrogante como Alfonso Al-Qadim. Poderia pisá-la sem dar-se conta sequer, advertiu-lhe seu reflexo.

"Fará-te o que te fez da última vez. Gelará-te com o olhar e te jogará na rua."

Mas não deixaria que o fizesse daquela vez.

As portas se abriram e ela sentiu um nó no estômago.

Igual a seu exterior, o interior do Banco do Rahman era de mármore, aço e vidro.

Três paredes de vidros davam a impressão de um espaço aberto, mas cheio de computadores. As plantas exóticas não conseguiam suavizar a fria atmosfera. Pessoas de traje cinza ou negro que se moviam com a confiança daqueles que sabem exatamente o que estão fazendo.

Era um escritório frio e sofisticado; tudo o que ela não era. O duro mundo das finanças não a fascinava. Nunca a tinha fascinado, e jamais o faria. Mas devia admitir que se vestiu para aquela ocasião com um traje negro de acordo com aquele lugar.

Tinha sido deliberado? Sim, tinha sido deliberado, respondeu-se, enquanto atravessava o ocupado edifício com seus sapatos de salto, rumo aos elevadores.

Vestiu-se para impressionar, para fazer que ele o pensasse duas vezes antes de que tentasse jogá-la de novo. Anahi Leggett, vestida com jeans, jamais tinha obtido isso, mas Anahi Portreath, vestida com um traje de marca, talvez o fizesse.

Uma placa metálica que havia entre os dois dos elevadores indicava os departamentos que havia em cada andar. Duvidou um momento. Logo pensou que só podia estar no último andar, porque aos capitalistas executivos gostavam de ter a seus inferiores debaixo deles.

Ela sabia muito bem, posto que há alguns anos tinha tido o papel de inferior que adora a seu ególatra superior, e tinha conhecido o que era sentir-se pisoteada. Era melhor que afastasse aqueles pensamentos de sua mente, pensou Anahi, enquanto começava a acelerar os batimentos de seu coração. Apertou o botão do último andar e logo sentiu o elevador se mover. Estava nervosa e um pouco excitada pelo que ia fazer.

Ia enfrentar se à verdade, uma escura e perigosa verdade em potência.

A porta do elevador se abriu e seus joelhos começaram a afrouxar-se. Saiu. O vestíbulo daquela parte era menor, mas refinado. O piso a estava coberto de tapetes e havia uma escrivaninha de aço diante de uma parede de vidro coberta com persianas.

Uma mulher morena que estava trabalhando atrás da escrivaninha, elevou o olhar ao ver aproximar-se Anahi, ficou de pé e sorriu.

-Senhora Portreath? Encantada em conhecê-la! - sorriu calidamente a mulher. Tinha um leve acento estrangeiro. - Meu nome é Nadia - estendeu a mão para saudá-la. - Sou a secretária do senhor Al-Qadim. Temo que o senhor Al-Qadim está um pouco atrasado esta manhã - desculpou-se. - E a informação que enviou seu advogado chegou há uns cinco minutos. Por favor... - indicou várias poltronas de pele. - Fique a vontade enquanto vou ver se o senhor Al-Qadim está disponível.

Anahi pensou que não estaria disponível para ela.

Nadia se dirigiu a uma porta enorme de madeira. Deteve-se como se precisasse recompor-se antes de golpeá-la, abriu-a e entrou.

Anahi pensou que, se sua secretária tinha que preparar-se antes de ir ver seu chefe... o que a esperaria?Ele era um homem que podia petrificar a qualquer um com um só olhar. Um homem que podia expulsar uma pessoa só com uma palavra: "Saia".

Sentiu um nó no estômago ao recordá-lo. Durante seis semanas a tinha cortejado e a tinha seduzido para que se apaixonasse por ele. Tinha-lhe pedido que se casasse com ele e tinha lhe prometido a lua. Havia lhe dito que ninguém poderia amá-la como ele a amava... Logo a tinha levado para a cama e lhe tinha roubado sua inocência. Depois, com a prova de uma cena calculadamente preparada, tinha-lhe dado as costas com aquela palavra: "Saia".

Realmente queria voltar a passar por aquela humilhação?, perguntou-se Anahi. Era uma loucura querer expor ao Robbie a esse mesmo homem?

Começou a pensar seriamente em dá a volta e mudar de parecer.

A porta do escritório se abriu.-Senhora Portreath? -perguntou a secretária. Anahi não podia mover-se. Era horrível. Por um momento pensou que ia desmaiar.-Senhora Portreath...?