Fanfic: Luciana Lorraine Henry

Quando elas começaram a falar do meu pai, uma tristeza maior ainda invadiu meu corpo, toda aquela coisa de não se irritar nem ficar triste na sexta-feira de sol não existia mais. Primeiro, fiquei sabendo – por mim mesma – que Kim estava com o Bruno, afinal é a única razão pra Kim não me contar nem Clarice, e para meus amigos ficarem todos nervosos inventando uma desculpa. Depois minha mãe e minha irmã falando sobre meu pai. Quando eu tinha sete anos e Luana dois meu pai foi obrigado a sair do país por causa de um engano que teve com a polícia. As ultimas palavras que eu me lembro que ele disse foram: Fique sabendo que eu amo você, sua mãe e sua irmã. O papai vai viajar, mas prometo que depois, quando você estiver maior eu volto tudo bem? Eu disse que não queria que ele fosse viajar, queria que ele ficasse em casa, mas mesmo assim ele foi me deixou chorando com minha mãe.

         - O papai gostava do meu nome?

         - Claro meu amor, e não só do nome, ele gostava de você também, da Luciana e de mim.

         - Então por que ele não está aqui com a gente?

         - O pai de vocês teve que viajar para outro país. Disse que voltava... Um dia – minha mãe ficou com um rosto muito triste, agora estávamos todos tristes.

         - O que realmente aconteceu mãe? – perguntei – Por que meu pai nos abandonou aqui? Você disse que era um problema... Um engano com a polícia. Que engano foi esse? Por que ele teve que sair do país? Pra onde ele foi? – eu já estava chorando – Eu sinto falta do meu pai, eu sinto muita falta dele. – chorei mais, largando o garfo no prato para enxugar minhas lagrimas.

         Os olhos de minha mãe também estavam cheios de lagrimas. – Minhas queridas, o Ricardo teve que ir para um país diferente por um problema... Não teve nada a ver com a polícia. Ele jogava. Baralho. E apostava coisas altas. E ele sempre ganhava e ninguém gostava dele, por ele ser muito bom, certa vez ele estava tão convencido de que ia ganhar e apostou sua presença no país. Se ele perdesse, ele sairia do Brasil. E ele perdeu.

         - Meu pai prometeu que ia voltar, mas ele nunca voltou. – levantei e fui direto para o meu quarto, chorar mais.

         A primeira coisa que eu fiz quando acordei foi olhar no meu celular para ver a hora. Eram 15h22min. Eu não tinha acreditado no quanto eu havia dormido. Mas meu celular estava com a hora errada, então eram 15h39min. Olhei de novo no celular e tinha duas ligações perdidas e uma mensagem. Olhei primeiro a mensagem.

                   Oi Lucy, como você está? Gostaria

                   Muito de me encontrar com você.

                   Quem sabe hoje quatro horas da

                   Tarde? Estarei te esperando na

                   Lanchonete perto da escola.

                   Beijos, Kim.

         Provavelmente aquela traidora queria me contar a nova novidade, primeiro diria que gostava muito de mim e blábláblá. Depois diria Espero que não fique chateada, mas estou namorando o cara que você mais gostou em toda a sua vida, aquele que você amava de verdade... que ama ainda eu acho. Mas então. Estou namorando o bruno! Não é legal? Eu sua melhor amiga namorando o cara que você ama? Ai, eu estou tão feliz!

         Estava com tanto ódio dela, mas queria saber se era isso mesmo, e com quais palavras ela iria dizer. Olhei as chamadas perdidas, uma da Kim e outra da Clarice. Liguei para ela.

         - Alô?

         - Oi Clarice, tudo bem com você? Não responda, eu não quero saber. – fui para o banheiro ver o estado do meu cabelo, peguei a escova e comecei a penteá-lo – Sabe daqui a pouco eu vou me encontrar com a Kim na lanchonete, acho que ela vai me contar que está com o Bruno. Legal não é?

         - Lucy a Kim n...

         - A Kim... Ah, a Kim, aquela traidora... igual ao Bruno. Eles combinam!

         - Lucy a Kim n...

         - Quieta, eu estou me controlando para não chorar, você sabe que para eu fazer isso preciso, falar e falar e falar e falar.

         - Luciana Lorraine Henry cala a boca! - ela gritou - A Kim não vai te falar nada que envolva o seu ex-namorado! Afinal porque você acha que ela está namorando ele? Ela não teria coragem de fazer isso com você Lucy! Eu não acredito que você pensou isso dela, ela é sua melhor amiga, ela te ama, e você a ama também – disse ela tentando me reconfortar, mas não estava funcionando. Dos meus olhos só saiam lagrimas, estava me sentindo culpada por pensar isso da Kim. – Encontre-se com ela, acho que você vai gostar do que ela vai te dar.

         - O que ela vai m... – Clarice desligou.

         Então a Kim não estava com o meu ex-namorado, um alivio, mas uma tristeza comigo mesma por ter desconfiado de uma pessoa tão adorável e adorada com ela. Ao terminar de me arrumar sai do quarto e avisei minha mãe que ia me encontrar com a minha amiga, como ela sabe que Kim é uma boa companhia deixou na hora.

         No meio do caminho liguei para o celular dela, mas ela não atendeu. Então comecei a escrever uma mensagem: Já estou chegando à lanchonete. Beijos Lc. Se ela não atendia o celular era bem provável que não estava na lanchonete, mas ela estava.     Cheguei à mesa onde ela estava e me sentei. Ela estava com um sorriso enorme no rosto.

         - Oi Lucy! Tenho uma novidade ótima e uma mais ou menos.

         - Que bom, estou precisando de uma novidade boa. – Sheila, a garçonete e quase amiga da minha turma chegou para anotar o pedido. Pedi só um suco de laranja e Kim pediu um suco de uva.

         - Você não sabe o que eu descobri! – disse ela toda empolgada – Eu sei onde seu pai mora, onde ele esta e o numero do telefone dele!

         - Como? – eu disse empolgada também.

         - Minha tia o conhece! O nome dele é Rodrigo Henry não é? Ele mora nos Estados Unidos e esse é o telefone dele. – ela me passou um papel com números.