Fanfic: Luciana Lorraine Henry

- Nossa Lucy, você está linda! Vamos para o carro que a galera está esperando a gente na lanchonete.

         - Galera? – indagou minha mãe – Pensei que vocês iam sozinhos, isso é alivio.

         - Galera? – indaguei – Pensei que íamos sozinhos – repeti.

         - É. Lucy, você é minha ex-namorada e amiga, te convidei pra gente sair com os nossos amigos. E não sozinhos, ia ser estranho! – disse ele fazendo uma careta e magoando meus sentimentos.

         - Vamos?

         - Claro. – disse desanimada, mas pelo menos eu não teria me arrumado toda para não ir a lugar nenhum.

         Entrei no carro e ele colocou uma música para cortar o silencio, afinal ele viu que eu estava para baixo desde que ele disse que íamos sair com a galera. Começou a tocar Crawl, mas eu não gostava daquela música. Ela continuou tocando enquanto eu só suportava com vontade de destruir o rádio ou abrir a porta e me jogar no chão. Eu estaria caindo na estrada – literalmente.

         - Posso desligar o rádio? – disse já com o dedo no botão de desligar.

         - Por quê? Você adora essa música!

         - Não eu não adoro, e você sabe disso, até parece que você não me conhece mais.

         - Eu te conheço Lucy! Nós ficamos tanto tempo juntos. Eu sei que você odeia banana, mas gosta de vitamina desta fruta. Sei que você come cereal da caixa pra depois colocar na tigela e sei que voc...

         - Epa! Espera ai. Eu adoro banana e odeio vitamina de qualquer fruta e eu nem gosto de cereal, como eu ia pegar direto da caixa?

         - Mas...

         - Mas nada Bruno! Chega! Para o carro – obriguei com os olhos cheio de lágrimas e um aperto no coração.

         - Por quê?

         - Que pergunta mais idiota. Para o carro! – chorei, de verdade

         - Não vou fazer isso, está de noite e você não vai voltar a pé pra casa.

          - Quem liga? Você que não, não é?

         Ele não parou o carro e me deixou muito, muito magoada. Deu meia volta e me levou para casa. É claro que minha mãe ia perguntar o que havia acontecido e coisas assim, mas eu não estava com cabeça para responder. Então ao chegar em casa e não responder o tchau de Bruno esperei ele sair e comecei a caminhar, sem rumo.

         Pensei em ir na casa de Clarice, mas ela devia estar na lanchonete junto com a “galera”. Fiz cara feia ao pensar nisso. Pensei em ligar para a Kim, mas ela estaria feliz de mais com o novo namorado dela.

         O meu caso com o Guilherme tinha sido rápido, mas bom. Ele escutava o que eu dizia e tinha um bom papo, mas com o tempo – ao passar de duas semanas – eu parei de gostar dele por algum motivo. Não sei bem qual, as vezes o aparecimento do Bruno na escola me fez esquecer o Guilherme. Terminei com ele e o coitado ficou três semanas sem ir pra aula. Gosto de pensar que foi por minha causa – sou má – mas ele estava doente.

         O meu celular tocou, comecei a cantar Paparazzi junto com a Lady Gaga até dar vontade de atender.

         - Oi não estou a fim de falar, mas posso te escutar. Deixe seu recado, PI – meu “PI” foi sem graça, teve só um “I”.

         - Oi Lucy, é o Bruno. Sinto muito pelo que eu te disse – tive uma grande vontade de tacar meu lindo celular no chão, mas me contive e esperei ele terminar a desculpa esfarrapada – Eu me envolvi tanto com a Tayla que comecei a dizer as coisas que ela gostava e costumava fazer, e não você. Lembro que em todo café da manhã ela levava a caixa de cereal para a cama, pra gente poder comer.

         - Cama? C-como assim cama?

         - Cama? Eu disse cama?

         - Disse! Meu Deus Bruno, você dormia com ela?

         - Não. Eu não fazia isso, eu nunca dormi na casa de namoradas. – mentiu descaradamente.

         - Você dormiu com a Tayla – gritei, chorando – Eu não acredito – sentei no chão mesmo.

         - Claro que não, nunca dormi com ninguém - ouvi-o sorrir.

         - Seu galinha pervertido, nunca mais fale comigo – desliguei.

         Ele teve coragem de mentir para mim assim? Claro que ele já havia dormido com alguém, com várias meninas. Ele tinha 18 anos e era um galinha. Peguei o meu celular e liguei para a Clarice.

         - O qu... ...oi?

         - Alô? Clarice esta me ouvindo?

         - Qu... é?

         - Sou eu, Lucy, onde você esta?

         - N... est... ....e ouv...do.

         Desliguei. Estava ouvindo um barulho alto de musica e vozes do outro lado da linha. Provavelmente ela estava curtindo uma balada. E eu sentada na calçada, chorando. Mandei uma mensagem para ela, precisava desabafar. O Bruno dormiu com a Tayla, dá para acreditar? Ele teve a coragem de contar para mim. Estou tão triste nem estou em casa, to no meio da rua me liga ok? Beijos, Lc.

         É claro que ela não ia me ligar, o sinal estava péssimo e ela não ia deixar de curtir uma festa para escutar o choro de uma menina magoada. Depois de uns 5 minutos estava começando a parar de chorar e o celular tocou. Vi que era Clarice.

         - Alô?