Fanfic: Esposa por um ano - AyA

Pelo amor de Deus, Anny, amadureça um pouco! - interrompeu-a bruscamente Alfonso-. Seu pai era um estúpido, e se arruinou sozinho... - apoiou-se sobre a mesa, desafiando-a com o olhar-. Quer que te diga por que se encontrava em uma situação econômica tão ruim? Quer saber a verdade?

-O que quer dizer? - inquiriu Anny, franzindo o cenho-. Sei tudo o que tem para saber.

-Seu pai era um homem fraco Anny, e quanto antes te enfrente com a verdade, melhor para ti.

-Ele tampouco falava muito bem de ti - replicou ela-. Disse-me que foi duro e implacável. E, a julgar por sua recente oferta, eu diria que não se equivocou.

-Se oferecer-se para saldar a dívida que ainda me deve, se oferecer-se para levantar de novo sua propriedade e investir mais dinheiro nela para depois lhe devolver isso no final de um ano é, em sua opinião, uma amostra de dureza e implacabilidade, então já não tem sentido que sigamos falando -declarou Alfonso, deixando sua taça de café sobre a mesa.

-Me diga uma coisa, Alfonso - Anny o deteve quando já se dirigia para a porta-. Como pode me propor saldar a dívida de meu pai agora, quando antes ele mesmo te suplicou que lhe prorrogasse o prazo de devolução e te negou? Como se explica isso?

-Tinha muito boas razões para fazer o que fiz, Anny. E te estou pedindo que acredite em mim.

Seu tom parecia sincero, e de repente Anny se sentiu desconcertada. Alfonso viu a sombra de dor que nublava seus olhos, e se aproximou dela.

-Não, Alfonso -apartou-se -. Não me toque. Não estava falando de brincadeira quando antes te disse que te odiava.

-Não, não me odeias - sacudiu a cabeça-. Assusta-te o futuro e sente falta desesperadamente de seu pai, mas não me odeia.

-Não estou assustada de nada - declarou teimosa.

Alfonso deslizou o olhar por sua pálida cútis, pelo suave e delicado contorno de seus lábios.

-Conheço-te desde que tinhas treze anos, Anahí Portillo. Sei que está muito doída... E quero que saibas que desejo o melhor para ti - levantou-lhe o rosto, obrigando-a que o olhasse-. Quero beijar esses trementes lábios, quero te abraçar e te dizer que jamais terá que voltar a preocupar-se por nada.

Anny se mordeu o lábio. O estranho era que, apesar de tudo o que lhe tinha dito, ansiava que Alfonso a beijasse, que a abraçasse. Sentia-se tão confusa e emocionada que não sabia o que pensar.

-Peço-te perdão pelo que te disse antes a respeito de seu pai, a respeito de que era um homem fraco. Não devia ter dito isso.

-Não, não deveria tê-lo dito - repôs Anny. Os olhos lhe doíam por causa do esforço que estava fazendo para não chorar.

-Acredite em mim, eu sempre gostei de seu pai. E não fui eu quem o arruinou.

anny não respondeu nada. O coração lhe pulsava com tanta força que estava segura de que ele podia ouvi-lo. Sua proximidade estava fazendo que todo tipo de estranhas emoções aflorassem à superfície com uma intensidade que não podia controlar.

-Não voltaremos a falar mais do passado, de acordo? -disse-lhe Alfonso baixando a voz, com um tom persuasivo, sedutor-. O futuro é o único que importa. Vamos sair para comer e falar de tudo isto tranqüilamente.

Anny franziu o cenho. Qual era seu futuro? Deixar tudo e abandonar a todos os que tinha conhecido e amado, entre eles Alfonso Herrera, para começar de novo em uma cidade estranha? Mas se ficasse e se casasse com Alfonso, como se sentiria no final de um ano, quando terminasse seu casamento? Teria recuperado sua casa, mas seria realmente capaz de reconstruir sua vida feita pedaços, esquecer que tinha compartilhado um ano inteiro com Alfonso e comportar-se como se nada tivesse acontecido? Não se acreditava capaz de fazer isso, mas lhe partir parecia uma solução igualmente aterradora.

-Me diga que te casarás comigo, Anny, e eu cuidarei de ti.

-Não necessito que ninguém me cuide - repôs com energia-. Posso cuidar de mim mesma.

-De acordo, diga sim e já solucionaremos mais tarde esses detalhes - sorrindo, inclinou-se para beijá-la.

A doçura de seus lábios contra os seus produziu a Anny uma inegável sensação de prazer. Não fez nenhuma tentativa para apartá-lo. Em vez disso, um instinto mais intenso e profundo se apoderou dela e se encontrou a si mesma abraçando-o, apoiando as mãos sobre seu peito quente. Podia sentir o calor de sua pele através de sua roupa, temperando a frieza que tinha se instalado em seu coração desde a morte de seu pai. Fechou os olhos e descobriu que ansiava por apoiar-se languidamente nele, deixar-se levar e lhe dizer: «vamos tentar».