Fanfic: Esposa por um ano - AyA

O aroma das rosas recebeu Anny quando ela abriu a porta dianteira. Em um vaso de vidro, sobre a mesa do vestíbulo, os apertados botões que tinha posto nele nessa manhã tinham florescido em todo seu esplendor. Inclinou-se para aspirar seu perfume, agradecida a Alfonso por aquele detalhe.

Tirou os sapatos e suspirou. Tinha passado uma tarde terrível percorrendo sua propriedade com os agentes imobiliários, catalogando tudo, dos enormes tanques dos armazéns até os equipamentos de equitação que havia nos estábulos vazios.

Tudo estava registrado, preparado para o catálogo, e já tinha sido fixada a data para o leilão. Escreveu a data na agenda que guardava na mesa do vestíbulo, anotando-a ao lado das entrevistas para tomar o café da manhã que tinha marcado com May para aquela semana, em uma tentativa de trivializar aquele acontecimento. Mas não o conseguiu. Seguia tendo a sensação de que estava escrevendo a data exata do fim do mundo.

A convicção de que não precisava seguir adiante com os trâmites da venda se via reforçada pelas rosas que Alfonso lhe tinha enviado aquela manhã. Elas vinham acompanhadas de um cartão, em que lhe recordava que passaria para recolhê-la para jantarem juntos nessa tarde. Como se tivesse podido esquecê-lo! Durante todo o dia enganou a si mesma dizendo-se que não ia que não mudaria de idéia a respeito de sua proposta... Daí o fato de que tivesse marcado um encontro com os agentes imobiliários.

Desviou o olhar das rosas ao relógio de parede dos tempos de seu avô. Eram seis horas em ponto. Se ia jantar com Alfonso, teria que subir a sua habitação para preparar-se e não perder mais tempo.

Pensou nisso só por um segundo e depois se dirigiu para as escadas. Não lhe faria mal escutar o que Alfonso tivesse que lhe dizer, disse-se com energia. Tomou uma ducha e se penteou em um tempo recorde, mas depois passou séculos indecisa sobre o que deveria usar. Queria apresentar uma boa imagem, mas por outro lado não queria esmerar-se e preocupar-se muito.

Colocou um vestidoseda azul, e depois se examinou no espelho. Pensou que as cores faziam um bonito contraste com o tom claro de seus olhos e cabelos, e o corte do traje destacava sua esbelta figura.

De repente se sobressaltou ao ouvir o carro de Alfonso. Pela janela do dormitório, observou-o enquanto se dirigia para a porta principal. Tinha uma aparência muito elegante com seu terno escuro, de corte clássico. Em seguida ouviu a campainha, mas esperou uns minutos. Não se apressaria a deixá-lo entrar... não queria parecer que estava ansiosa para vê-lo.

Tomou seu tempo em abrir a porta, mas quando o fez e viu seu cálido sorriso, todas suas intenções se evaporaram em um instante.

-Estás maravilhosa - disse Alfonso, olhando-a com expressão apreciativa.

-Obrigado. E obrigado também pelas rosas - acrescentou.

-Foi um prazer - olhou seu relógio-. Vamos? Reservei uma mesa no Henry`s para as oito horas.

Anny tentou dissimular sua impressão pelo fato de que fosse levá-la a um dos melhores restaurantes da região.

Surpreendentemente, Anny se sentiu muito relaxada durante o jantar. A comida e o serviço eram excelentes, e Alfonso se mostrou muito atento e divertido. Nenhuma só vez a conversa derivou para o terreno pessoal.

-Você gostaria de tomar sobremesa e café? - perguntou-lhe enquanto voltava a lhe encher a taça de vinho.

-Só café, obrigado - Anny deixou de observar o restaurante para descobrir que Alfonso a estava olhando com uma estranha fixidez. A intensidade de seu olhar acabou por perturbá-la.

—Me alegro de que mudasse de idéia a respeito de jantar comigo esta noite — lhe comentou ele com tom suave.

-Eu também - confessou-lhe Anny-. Este é um de meus restaurantes favoritos, mas fazia anos que não pisava nele. As pessoas estão acostumadas vir a este lugar somente para celebrar ocasiões muito especiais...

-Espero que esta seja também - repôs Alfonso, pousando o olhar em seus lábios.

-Como conseguiste reservar uma mesa com tão pouco tempo de antecipação? -inquiriu Anny em um esforço por restringir sua conversa a um tema impessoal.

-Posso me mostrar muito persuasivo quando algo me importa o suficiente.

-Quer dizer que os subornaste... Tal e como tentou subornar a mim para que me casasse contigo?

-Nunca em toda minha vida subornei a ninguém - replicou Alfonso, arqueando as sobrancelhas-. Diabos Anny, eu te sugeri que te casasse comigo porque pensava que isso resultaria em nosso mútuo benefício. Realmente tem uma opinião tão baixa de mim?