Fanfic: Esposa por um ano - AyA

Seus olhares se encontraram e a Anny acelerou o coração.

-Já não sei o que pensar - admitiu, arrependendo-se de seu anterior ataque e recordando-se quão amável Alfonso tinha sido com ela durante o jantar-. Sinto muito. Possivelmente a palavra «suborno» fosse um pouco forte.

Alfonso se apoiou de novo no respaldo de sua cadeira, voltando a relaxar-se.

-Sim... Sobretudo para um futuro prefeito - comentou com tom zombador.

Anny o olhou atentamente. Parecia forte e implacável, mas a impressão de força que suscitava parecia associar-se a um conceito de honra, de integridade moral. Se não tivesse sido pela forma em que tinha se comportado com seu pai durante os últimos meses de sua vida, jamais teria deixado de confiar nele.

-Deve ter muita vontade em te converter em prefeito se com o propósito de conseguir mais votos está disposto a te casar.

-Sim, isso chegou a ser bastante importante para mim - admitiu-. Acredito que posso mudar este lugar, melhorar a vida das pessoas.

-E depois o que? México? - perguntou Anny com tom ligeiro.

-Me dê uma oportunidade - Anny se pôs a rir-. Ainda não me escolheram - inclinou-se para lhe servir mais vinho.

-És ambicioso. Se as coisas forem bem, não duvido que pensarás em metas mais altas. Este lugar ficará muito pequeno.

-Esta cidade é meu lar. Como você, cresci amando e respeitando esta terra, o legado de meus pais. Não renunciarei a ela tão facilmente.

Anny pensou imediatamente em sua mãe.

-Não... Helena não o teria aprovado - por um momento lhe nublou a miríade de tristeza. Ainda sentia falta daquela mulher.

-Em troca, sim teria aprovado a proposta que te fiz - repôs ele com um sorriso irônico.

-Isso não teria sido suficiente para que mudasses de idéia? - inquiriu Anny, sorrindo-. Sua mãe sempre dizia que eras muito independente, muito orgulhoso e teimoso.

-É engraçado, o mesmo estava acostumado a dizer de ti.

-Olharam-se por um momento, comovidos por aquelas lembranças.

-Anny era uma pessoa encantadora. Deve sentir terrivelmente sua falta.

-Sim, mas a vida tem que seguir - repôs Alfonso-. Minha mãe me ensinou essa lição quando era muito jovem e meu pai acabava de morrer. Era forte, muito valente, e teve que trabalhar muito duro para conseguir êxito atrás êxito com os vinhedos.

-Sim, era uma mulher extraordinária.

-Ela estava acostumada dizer Anny, que o segredo da vida não se baseava em ter medo, a não ser em agarrar-se a ela com força.

A jovem lhe alagaram os olhos de lágrimas, e Alfonso a pegou pela uma mão.

-Te case comigo, Anny.... Necessito-te. Quero-te.

-Você não necessita de ninguém. Ganhará essas eleições tanto se te casar como se seguir solteiro.

-Obrigado por ter tanta fé em mim - sorriu-. Mas acredito que terei mais oportunidades se você estiver ao meu lado. Como é aquele dito? «atrás de cada homem importante há uma mulher fundamental...»

-Ou uma sogra surpreendida - pôs-se a rir Anny-. É o outro lado desse dito.

-Como nunca conheci sua mãe, não sei se haveria sentido surpreendida ou não. O que sim sei é que a minha se teria alegrado muitíssimo...

-Não está sendo justo, Alfonso. Não precisa mesclar a Helena nisto. Sabe muito bem que penso nela.

-Escuta - pediu-lhe Alfonso, esboçando um meio sorriso - estou tão desesperado que seria capaz de mandar  trazer um sacerdote agora mesmo com o propósito de que mudasse de idéia.

-É uma loucura - murmurou Anny, divertida por suas palavras-. Um casamento de conveniência... - sacudiu a cabeça.

-Eu, em troca, acredito que tem perfeito sentido.

-Não é possível...

-As pessoas sempre se casaram por conveniência, desde o começo dos tempos. E muitíssimos matrimônios desse tipo tiveram êxito.

-Fala por ti mesmo. Eu não sei de nenhum caso.

-Somente comprometerá um ano de sua vida

Anny se encolheu de ombros.

-Ao final desse prazo recuperará seus vinhedos... Não precisa fugir daqui.

-Não estou fugindo.

-Chama-o como quiser. Bom, o que me diz?

Anny não respondeu imediatamente e ele tirou uma caixinha de um bolso do casaco. Abriu-a, lhe mostrando um anel maravilhoso, com um enorme e solitário diamante.

-Já compraste o anel? - olhou-o assombrada.

-Pensava que devia tomar essa confiança.