Fanfic: Esposa por um ano - AyA

Muito elegante com seu traje de cor creme e sua longa juba recolhida em um delicado coque, dirigiu-se para o centro comercial. Tinha marcado um almoço com a May e ainda tinha que contar a sua amiga a boa notícia. De alguma forma, não tinha sido capaz de mencionar-lhe quando pouco antes estiveram falando por telefone.

O restaurante se encontrava dentro do complexo comercial, e estava acostumado a ser muito freqüentado por empregados de lojas e empregados de escritório. Anny abrangeu as mesas com um olhar e descobriu May lhe fazendo gestos.

-Sinto muito, cheguei tarde? - perguntou enquanto se sentava frente a sua amiga.

-Não, sou eu quem chegou cedo - May lhe entregou o menu-. Não me importa te confessar que morro de fome. Estava decidida a me controlar para não começar a comer por dois, mas a tentação está resultando simplesmente entristecedora.

-Bom, ao menos não tem náuseas - sorriu Anny.

-Certamente, esse problema não tenho. Sinto-me fantástica.

-E assim parece - repôs Anny, sincera-. Como está Derick?

-Tão entusiasmado e contente como um pirralho.

Nesse momento apareceu o garçom para anotar o pedido.

-Bom, e você tudo bem? -perguntou-lhe May quando voltaram a ficar sozinhas-. O agente imobiliário já fixou uma data para o leilão?

-Sim, e eu a cancelei. Em vez disso, decidi me casar - declarou Anny com naturalidade.

-Te casar! - nesse momento Maitê ia colocar açúcar no café, e o derramou sobre a mesa-. Ouvi bem?

-Sim. Alfonso me propôs casamento e aceitei.

May olhou o anel que levava na mão esquerda, com os olhos como pratos.

-Não... Não posso acreditar - murmurou, completamente assombrada.

-Pois já somos duas - Anny não pôde evitar rir.

-Anny, é um anel maravilhoso. Felicidades - de repente, lançou-lhe um olhar acusador-. E não me disse nem uma palavra! No outro dia, quando te estava contando sobre Alfonso e a Dulce, comportou-te como se não soubesse nada...

-E não sabia nada, de verdade... -Anny se encolheu de ombros-. Tudo isto aconteceu tão rápido...

-Alfonso rompeu com Dulce por tua causa?

Anny negou com a cabeça. Não tinha intenção de entrar nos verdadeiros detalhes de seu compromisso.  May ficaria horrorizada e, além disso, ela mesma não queria admiti-los. Mas não podia mentir.

-Não, acredito que as coisas foram tal e como Dulce te contou - seguiu um comprido silêncio-. Sei o que estás pensando - disse Anny com tom irônico- Está-te perguntando se Alfonso não estará atuando por despeito. Eu lhe fiz essa mesma pergunta e ele me assegurou que não era assim.

-Possivelmente sempre tenha estado apaixonado por ti - disse May com tom ligeiro-. Esteve muito tempo fora, na universidade... Possivelmente esteve te esperando.

-É uma romântica incorrigível – Anny sorriu tristemente. No mais profundo de seu ser, teria lhe encantado que sua amiga tivesse razão-. Não, não engano a mim mesma, mas a verdade é que lhe quero-admitiu sinceramente, inclusive enquanto falava se surpreendeu da intensidade de seus próprios sentimentos.

Tinha aceitado aquele casamento porque dessa forma conseguiria salvar seu lar. Mas albergava esses sentimentos por Alfonso. Não podia negar que existiam no mais profundo de seu coração, por muito que lhe dissesse justamente o contrário. Suas próprias emoções a confundiam. Como podia sentir aquilo por um homem em quem não sabia se podia confiar?

-Só estou seguindo uma espécie de instinto cego May, e para te ser sincera não tenho a mínima segurança de ter tomado a decisão adequada.

-E quem pode ter essa segurança? -sorriu May-. Eu acredito que formam o casal perfeito. Alfonso é uma pessoa maravilhosa e você merece o melhor.

-Obrigado - repôs Anny, comovida pela sinceridade de sua amiga.

-Como vai ser a cerimônia?

-Não sei. Suponho que discreta, íntima. Ainda não falamos sobre isso.

-Depois de comer, vamos dar uma olhada nos vestidos de noiva - sugeriu-lhe May, entusiasmada.

-Não estou preparada para isso - repôs Anny, incômoda de só pensar nisso-. Ainda estou me acostumando à idéia de que sou uma mulher comprometida.

-Você decide: ou isso ou te aborrecer durante toda a tarde vendo roupa de bebês.