Fanfic: Esposa por um ano - AyA

-Sim, fez-o... Como era que...? Ah, sim. Disse que o fazia para seu próprio bem - exclamou com tom sarcástico-. Um detalhe muito considerado de sua parte.

-León tinha problemas muito sérios. Você não o compreende...

-Não me trate com condescendência, Alfonso... –replicou ela com tom débil.

-Não era minha intenção. O que te pretendia dizer é que você estava fora, na universidade, e não pôde te dar conta do que estava acontecendo aqui...

-E agora está tentando me dizer que tudo foi minha culpa, porque estive fora de casa durante uns poucos anos - Anny sacudiu a cabeça-. Realmente, deve estar desesperado para ficar com esta propriedade. Qual é o problema, Alfonso? É que sua incursão no mundo da política está te custando mais dinheiro do que esperava? Está pensando em ampliar suas margens de lucro me roubando minha terra?

-Minha candidatura a prefeito nada tem que ver com isto. Exceto pelo fato de que preferiria não ter que suportar o aborrecimento de ver-te zangada comigo durante todo o tempo.

-As pessoas votariam em ti se soubessem como tratou a meu pai? -espetou-lhe Anny de repente. Não me surpreenderia que estivesse preocupado com isso. A verdade é que não seria um grande benefício para a imagem que você gostaria de projetar de ti mesmo, não? Essa frase de «só estou fazendo isto pelo bem da comunidade» soa muito vazia ao lado da maneira em que tratou a seu vizinho.

-Não posso acreditar que esteja deturpando tanto os fatos.

-É a verdade, Alfonso, e você sabe.

-A verdade tal como você a vê. Com seu olhar estreito e destorcido.

-Sei que a única razão pela qual emprestou dinheiro a meu pai foi porque tinha a esperança de que ao não lhe poder devolver o dinheiro te capacitasse para lhe arrebatar a propriedade. Estou segura de que uma vez que ponha esta terra em venda, lançará-te sobre ela.

-Estás pensando em vender?

-Cuidado, Alfonso, estou notando a sede de sangue que tens... -esboçou uma careta, como se sua fúria se estivesse apagando-. E sim, é obvio que vou vender. Na semana que vem colocarei no mercado esta propriedade. Aconselharam-me que um leilão é o melhor que posso fazer. Depois partirei daqui para começar uma nova vida.

Alfonso franziu o cenho.

-Oh, não se preocupe. Saldarei minhas dívidas contigo antes de partir da cidade do México -assegurou-lhe ela.

-Aonde irás?

-Depende do dinheiro que possa conseguir pela propriedade. Sei que quem quer que a compre, vai adquirir-la por um bom preço. Não se encontra precisamente em muito boas condições.

-Isso também será minha culpa, suponho... -murmurou ele com tom seco.

-Isso é o você diz, não eu -Anny desviou o olhar para onde se encontrava seu cavalo, pastando na zona de grama que separava o jardim dos vinhedos-. E, certamente, seu semental não está ajudando muito.

-Trata-se de uma conspiração, sem dúvida -disse Alfonso enquanto se aproximava do animal para segurar-lo pela brida-. Estou disposto a te arruinar a vida e ordenei a Buck que se encarregue de te destroçar o jardim - havia um brilho de humor em seus olhos quando se voltou para olhá-la.

Por um segundo Anny sentiu desejos de lhe devolver o sorriso. A lembrança do quanto estava acostumado a sentir-se bem em sua companhia, da facilidade com que sempre a tinha feito rir, resultava muito intensa e poderosa.

Lembrança de Anny

-Estávamos acostumados a ser amigos, Anny - comentou-lhe Alfonso enquanto ela continuava olhando-o.

-Ah, sim? -o coração lhe deu um tombo no peito, e sacudiu a cabeça-. Eu não o recordo.

De repente deu meia volta e se apressou a entrar na casa, dando uma portada. Não acendeu em seguida as luzes do vestíbulo, mas sim permaneceu com as costas apoiada na porta, em meio a escuridão, respirando rapidamente.

«Estávamos acostumados a sermos amigos»... As palavras de Alfonso ainda ressonavam em seu cérebro, e as acompanhando, as lembranças assaltaram sua mente em uma sucessão de imagens.