Fanfic: Esposa por um ano - AyA

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-Oh, por
favor! -interrompeu-o, rindo desdenhosa-. Como você bem sabe Alfonso, é muito
tarde. É o que está acostumado a acontecer quando cai em bancarrota, sabe? - exclamou
com tom zombador-. É como o efeito dominó. As dívidas vão se acumulando... De
repente alguém te exige que lhe devolva seu dinheiro imediatamente e, pouco a
pouco, tudo começa a paralisar-se - olhou-o fixamente-. Eu já estou acabando
essa partida de dominó, e o único que posso fazer é vender o mais rápido que
puder, antes de que isto me exploda nas mãos. Sua oferta de me apoiar durante
algum tempo mais, não faz nenhuma diferença. Faz uns meses necessitava de sua
ajuda... Mas agora não me importa.

-Tão mal vão
as coisas, então? -perguntou-lhe ele com tom suave.

-A ti o que
te parece?

-Não tinha
idéia de que as coisas tivessem evoluído com tanta rapidez - Alfonso sacudiu a
cabeça-. Falaste com o banco?

-O banco me
anima sem cessar a que siga adiante com o leilão... e que não perca tempo.

-Não pode
vender determinadas parcelas da propriedade, sem ter que perder a casa?
-perguntou-lhe-. Eu estaria interessado em adquirir uma parte de suas terras.

-Disso não
tenho nenhuma dúvida. Sabia que era isso o que estava procurando...

-Isso não é o
que pretendo - interrompeu-a com tom seco.

-Me diga, em
que parcela de terra tinha pensado? -inquiriu Anny, como se ele não tivesse
falado.

Alfonso se
encolheu de ombros.

-O que te
parece a que faz fronteira com a parte traseira de minhas terras?

-Refere-se a
que contém a única reserva de água de minha propriedade? -a voz de Anny tremia
de fúria-. Pela venda de minhas terras não tirarei muito benefício, dado o
estado em que se encontram, mas sem água valerão ainda menos.

-Pode modernizá-la,
instalar um novo sistema de irrigação e...

-Tem alguma
idéia do dinheiro que isso custa? -perguntou-lhe furiosa.

-É obvio - respondeu
com frieza.

-Pois então
saberá que nem sequer, embora te vendesse essa terra, depois de te devolver o
empréstimo e de pagar todas as demais dívidas, ficaria dinheiro suficiente para
fazer um investimento semelhante - passou-se uma mão pelo cabelo, angustiada-.
Não, terei que vender toda a propriedade, inclusive a casa. Não tenho outra
opção.

Voltou-se de
repente e se dirigiu à cozinha, onde deixou o gelo, que já se estava
derretendo, na pia. Por um instante apreciou o rústico encanto daquela
habitação. A despensa, a mesa de madeira de pinheiro... Seu lar. O coração lhe
encolheu de emoção.

-Então, aonde
irá?

A voz de Alfonso
na soleira a fez voltar-se para olhá-lo. Anny se encolheu de ombros.

-Ainda
conservo alguns amigos da universidade. Recebi cartas de condolência e uma
oferta para compartilhar o apartamento de uma amizade enquanto procuro
trabalho.

-Uma amizade
masculina? -inquiriu Alfonso com tom cáustico.

Peggy franziu
o cenho. A oferta procedia de uma amiga, mas não estava disposta a lhe
esclarecer aquele ponto.

-Isso não é
da sua conta - replicou, molesta-. O fato é que não tenho mais remédio a não
ser partir daqui. Necessito de um emprego, de começar de novo.

-Sempre há
outras opções.

-Como quais?

-Poderíamos
nos converter em sócios - respondeu Alfonso com tom suave.

Anny tinha
ficado tão surpreendida que por um momento não pôde articular palavra.

-Quer dizer
que saldaria minha dívida contigo e todas as demais que tenho se acrescentasse
seu nome ao meu como proprietário de meus vinhedos?

-Não
exatamente.

-Quer meus
vinhedos, não?

-Estou mais
necessitado de um sócio, melhor dizendo, de uma sócia, que de seus vinhedos.