Fanfic: Corações Turvos - Savirroni [Refeita]

-Caramba, mulher! Onde você estava? – perguntou Dulce, quando Maite se sentou com ela e Angelique à mesa. – Viu um fantasma?

-Vi coisa pior. – disse Maite, mas não planejava confessar tudo para elas. – Há quanto tempo estão aqui?

-Uns cinco minutos. Aonde você foi? – insistiu Dulce, parecendo preocupada. – Tua cara é das piores.

Maite forçou um sorriso.

-Ta tudo bem, Dul. Obrigada por se preocupar.

Dulce sentiu o corpo ferver. “Dul”. Esse fora o único apelido pelo qual havia se permitido chamar desde que sua mãe o criara. Ninguém, além dela, a chamava de Dul. Mas era meio sem nexo aquela preocupação; era um tanto óbvio que a chamassem de Dul, assim como chamariam Angelique de Angel e Maite de Mai. Ainda assim, fervia, e o café não melhorou nada.

-Qual é a nossa primeira aula? – perguntou Angelique, desfazendo o clima de constrangimento.

-Física. – respondeu Maite. – Às oito.

As duas fizeram uma careta.

-Odeio. – comentou Dulce.

-Somos duas. – concordou Angelique. – Repeti por causa de Física. Foi uma das matérias que não recuperei quando voltei.

-Ah, depende gente... – interveio Maite.

-Depende nada! – disse Dulce - Física é uma mer... Perdão.

Maite lhe sorriu tranqüilizando-a e de novo o calor começou a subir por seu corpo. Elas terminaram o café em silêncio e se dirigiram para sua sala de aula.

-Ah que ótimo... – comentou Any, ironicamente, quando viu as três entrando na sala. – Não é que ela teve coragem de aparecer?

Seu olhar encontrou o de Dulce momentaneamente e faíscas saltaram de seus olhos, mas logo Maite arrastou Dulce para o fundão. Sentaram-se ao lado de um rapaz que ainda não conheciam, um “bonitinho”, de acordo com Angelique, que não retribuiu o “bom dia” delas.

-Quem é a mosca-morta? – perguntou Dulce.

-Acho que é um tal de Uckermann. O pai dele é empresário, mas ele é um nabo.

-Reparei. Ah não, esqueci ele estuda com a gente...

Michel sorriu da porta da sala e avançou até elas, como se as conhecesse há anos. Deu um tapa na nuca de Uckermann e se sentou ao lado de Dulce, ignorando a zombaria dos colegas. Logo em seguida o professor entrou. Era um baixinho gordo que falava enrolado e Dulce não entendeu absolutamente nada do que ele explicou; ficou de pegar as anotações com Maite depois e, assim que o sinal tocou, Michel começou a puxar assunto.

Do lado de fora da sala, Eugenio aguardava que Maite saísse e assim que ela o fez ele a pegou pelo braço gentilmente, mas não o suficiente para deixar de assustá-la.

-Desculpe-me. – pediu ele, sorrindo. – Só queria me apresentar. Me chamo Eugenio Siller.

-Maite. – respondeu ela, ainda assustada. – Muito prazer em conhecê-lo.

-O prazer é todo meu. Posso acompanhá-la?

-Na verdade, eu não ia a lugar nenhum. – disse ela, timidamente. – Mas tudo bem... A gente pode conversar.

-Ah, que ótimo – brincou ele, rindo. – Você é bem simpática. Quer tomar algo depois das aulas? Eu pago. Conheço um barzinho ótimo nas redondezas.

-Não sei, eu... Eu não sou muito de bar...

-Calma, não é nada depreciativo não. É só um barzinho.

Ela hesitou.

-Ok.

-Ótimo! Nos vemos às... Sete?

-Pra mim parece bom.

Eugenio lhe lançou mais um sorriso e se afastou.