Fanfic: Corações Turvos - Savirroni [Refeita]

Tudo bem, aquele não era um colégio católico; era irônico que se chamasse Centro Educativo de Santa Fé, porque de santo não tinha nada. Óbvio, também não era sua culpa ter sido recusada pelo colégio católico no qual se inscrevera e para o qual seus pais acreditavam que ela havia passado, mas não podia deixar de sentir seu coração apertado com a hipótese de ter que passar o ano mentindo. Mentir é pecado, não é? Mas tudo bem, ela poderia contornar isso. A única coisa que tinha que fazer agora era entrar no educandário e ficar de cabeça erguida e olhos fechados às barbaridades.

Listando seus problemas, Maite Perroni chegou aos três maiores: não poderia mentir para sempre; aquele colégio talvez não respeitasse suas crenças; e ela era a bolsista novata, ou seja, o alvo principal dos veteranos riquinhos. Se soubessem que ela era BV, BVL, e todas as siglas que significassem virgindade de alguma forma, fariam o possível para que ela se sentisse mal. Poria "nas mãos do Senhor", como dizia sua avó, e deixaria que Ele a ajudasse nessa jornada pelo mundo pecaminoso da alta sociedade do Novo México. Quando adentrou o saguão com as malas em mãos, sentiu o cheiro de produtos de limpeza sufocarem-na e seus olhos arderam quando um feixe da luz do sol atingiu em cheio suas íris castanhas; mais um grupo de novatos zanzava por ali procurando o caminho que os levaria aos seus respectivos quartos e Maite correu, rapidamente, um olhar crítico sobre todos eles. Meu Deus, pensou, que ultrajantes!

Dos cinco que avistou, três usavam roupas de marca e os outros dois praticamente não usavam roupa nenhuma. Uma jovem, por exemplo, vestia uma saia tão curta que o princípio de suas coxas estava à vista e a cor de sua calcinha, se ela se abaixasse, se tornaria evidente para todos ali presentes. Fez um sinal da cruz e passou por ela, rezando para que a garota não puxasse assunto, e se dirigiu a um quadro onde estaria disposta a divisão de quartos. Procurou por seu nome na primeira lista e, não o encontrando, voltou-se para a segunda lista, que ficava na ala mais distante do colégio.

-341... – murmurou, pensativa, quando identificou seu nome e, ao lado, o quarto onde dormiria. – Até que soa bem...

Decidiu por buscar suas colegas no quadro e achou as correspondentes ao 341 como, também, colegas de curso. Dulce María e Angelique, de acordo com a distribuição.

-Bom, alguém que tem Maria no nome não pode ser tão ruim. – disse, mais para si do quê para qualquer um que estivesse próximo, e percebeu que parecia uma louca falando sozinha. Enrubescida, se afastou do quadro e começou a se dirigir à ala norte do colégio.

Era um colégio amplo e bem-cuidado, disso não tinha dúvidas, mas era também elitista. Com alguns ajustes, poderia muito bem se passar por um daqueles educandários conservadores que seus pais tanto defendiam. O seu quarto, por exemplo, possuía até uma imagem da Virgem em uma das paredes! Ela largou as malas sobre a cama mais próxima à imagem e começou a desfazê-las, se perguntando se suas colegas já teriam chegado ou se, quando chegassem, não seriam nada do quê ela esperava que fossem. Procurando, também, ostentar toda a história que inventara no caminho, ligou para os pais do celular e começou a dizer que o colégio era maravilhoso e etc. Quando desligou, ouviu uma voz atrás de si dizer:

-Colégio católico, é?