Fanfic: Corações Turvos - Savirroni [Refeita]

A festa daquela noite tinha como objetivo a interação dos alunos, mas aconteceu justamente o oposto, malgrado o fato de Michel ter perseguido Dulce quase o tempo todo.

Maite, que optara por carregar o terço no pescoço a fim de se proteger das “atrocidades”, se enfiara num canto com Angelique e dali ficava observando todos, anotando, mentalmente, quem parecia ser decente e quem não. Dulce e Michel, que a conduzira para perto do bar, conversavam um pouco sobre suas origens e Eugenio, Poncho e Any perturbavam os bolsistas.

-Você é muito bonita, sabia? – elogiou-a Michel, de repente, alisando seus cabelos. – Como veio parar aqui?

-Como assim?

-Poucas meninas deste colégio são tão lindas como você, e inteligentes. Quer dizer, não é qualquer um que consegue uma bolsa aqui.

Dulce ergueu uma sobrancelha.

-Agradeço o mérito, mas não creio que seja superior a ninguém por aqui.

-Calma, só to dizendo que você é perfeita, nada mais. – riu Michel. – Posso lhe pagar algo?

-Aham. Uma passagem daqui pra Rússia, só de ida.

Ela se afastou dele e foi para perto de Maite e Angelique. Quando as alcançou, reparou em um grupo de veteranos mexendo com um bolsista.

-Quem são? – perguntou a Angelique.

-A loira se chama Any e é a rainha do colégio, de acordo com ela; aquele moreno é o namorado dela, Poncho, e o outro ali se chama Eugenio.

-E são do nosso ano?

-Aham.

-Filhos da... – ela se lembrou de Maite, que já lhe lançava um olhar de desagrado e pediu desculpas. – Filhos da mãe. Eles pensam que mandam no colégio?

-Pensam não; eles mandam. – disse uma voz atrás delas.

Elas se viraram e se depararam com um rapaz alto, de cabelos espetados coloridos de roxo, que segurava um copo de Coca-Cola. Ele sorriu em cumprimento e estendeu a mão para Dulce.

-Christian Chávez, sexto ano. – apresentou-se.

-Dulce Maria, Angelique e Maite. Muito prazer. Pelo visto não sou a única com um gosto capilar distinto.

Ele riu.

-E pelo visto eu não sou o único que odeia o “quarteto fantástico”.

-Ali só tem três. – observou Maite.

-Eu sei. O Michel também é um deles.

-Por que eu não estou surpresa? – ironizou Dulce. – Eles implicam com você?

-Implicavam. Ás vezes ainda implicam, mas muito pouco; de qualquer forma, ainda sou mais velho. E você, Angel? Como vai o retorno?

Dulce a olhou, confusa. Ela sorriu e explicou:

-Sou repetente. Repeti o 5° ano depois de largar os estudos pela metade quando pensei em me mudar para o México. Mas não me importo; acho que o destino ninguém muda, não é?

-Ai que horror!

Todos olharam para Maite, que beijava o terço, e depois desviaram o olhar para o grupinho de veteranos. Poncho arriara as calças de um garoto, que, inutilmente, tentava fugir desesperado. Dulce sentiu o sangue ferver em seu interior e começou a avançar na direção deles, mas Christian a segurou.

-Não faça isso, você vai se arrepender.

-Eles não vão nos fazer de escória! – protestou ela. – Deixa que eu me viro com eles depois.

Com passos rápidos e pesados, ela foi até o grupo e a primeira coisa que fez foi meter um tapa na cara de Poncho. Todos ao redor ficaram surpresos, ele mais ainda.

-Que é isso? Tá louca mulher?

-Você é um lixo, sabia? – berrou ela, ajudando o garoto a se afastar. – Você não merece o chão que pisa.

-E quem você pensa que é, anãzinha de jardim? – interveio Any.

-Ah Barbie... Você não é muito mais alta do que eu. Teu dinheiro pode te fazer bem agora, mas depois, quando ficar na miséria, suas bolsas Chanel não lhe servirão de nada!

Any a empurrou e então Michel as alcançou, segurando Dulce antes que ela revidasse.

-Me solta!

-Calma, ruiva. Relaxa.

Christian os alcançou e ajudou Michel a afastar Dulce do grupo, berrando desaforos para Any. Junto com Maite e Angelique, os quatro seguiram para fora, onde enfim ele a largou.

Por que fez isso? Eu ia acabar com ela de uma vez!

-Ta bom, já chega. – interferiu Maite. – Você foi o máximo, mas isso vai te custar alguma coisa. Aquela garota não me pareceu nem um pouco satisfeita.

-Ótimo! Que ela venha com alguma gracinha pra cima de mim! Vou arrancar um por um daqueles fios oxigenados dela!