Fanfic: Fanfic sem Título
ANTES DE COMEÇAR...
Sou Dulce.
Quer dizer, é assim que as pessoas me chamam. É só um apelido, tipo Barbie ou
Betty.
Meu nome mesmo é “Dulce” Maria, mas faz anos que ninguém me chama assim. Anahí
sempre me
chamou de Dulce para facilitar as coisas e todo mundo foi na onda.
Ser
chamada de Dulce, “doce” não diz muito nem sobre o meu destino, nem sobre o
que
aconteceu, como se poderia achar.
Porém,
por enquanto, só estou aqui sentada no meu quarto - minha cela -, enrolando
dois
galhos em
lã laranja, fazendo um daqueles amuletos Olho de Deus, como no jardim de
infância.
Minhas habilidades com artesanato obviamente melhoraram muito em 17 anos.
Mas não
há muito mais o que fazer por aqui. Só tem uma cama com um travesseiro e um
cobertor
que dá coceira, uma coisa meio cômoda, meio escrivaninha com duas gavetas, e
uma
janela
gradeada. Não faz sentido olhar por ela; já sei que em frente existe uma cerca
de três
metros de
altura com arame farpado por cima. Aqui não é bem como uma prisão... é quase
um
reformatório, uma lata de segurança mínima para lunáticos. Eles dopam a gente
com
medicamentos
e, se alguma garota fizer qualquer coisa bem louca, eles a atiram na solitária.
Como
dizem os jornais, estou na Casa de Custódia e Tratamento Psiquiátrico Feminina
de
Leech
Lake, que quer dizer “lago de sanguessugas”. E é verdade, o lago está mesmo
cheio de
sanguessugas.
Nojo total.
Quando
não consigo mais suportar meus próprios pensamentos, leio a correspondência.
Recebo um
monte: cartas, pacotes, fotos, calcinhas. Acho que recebo mais carta do que o
Papai
Noel e o Zac Efron juntos.
Bem... eu
sou demais.
Às vezes
as cartas são de gente que diz estar rezando por mim. Dizem que tudo vai ficar
bem
se eu
simplesmente aceitar Jesus Cristo no meu coração. Tento rezar em voz alta, mas
nunca
acontece
nada. Ninguém volta. Ninguém sai da cruz. Não sei... Acho que talvez eu devesse
ter
frequentado
a igreja antes.
De vez em
quando recebo presentes de fracassados que viram minha foto no jornal e querem
se casar
comigo, ou algo assim. Acham que podem me libertar de todo esse sofrimento.
Como
se eu
fosse sair com algum pervertido que sente tesão só de pensar em corromper
menores!
Dá um
tempo! Posso ser maluca, mas desesperada eu não sou.
Coloquei
a foto do Ucker na cômoda. Você poderia achar que eu nem aguentaria olhar para
ela.
Mas não:
é o contrário. Olho para ela todos os dias, tentando esquecer a última vez em
que o
vi, com
as costelas à mostra, o braço arrancado e os intestinos caídos pelo chão...
Alguém
bate à porta. Raymundo enfia a cabeça para dentro e diz que o horário da
recreação
começou
há cinco minutos. Se liga, Raymundo. Ele põe meus comprimidos sobre a cômoda e
fecha a
porta. Não tenho necessidade de sentir nada, por isso sempre tomo meus
remedirmos.
Eles meio
que dão uma aliviada.
Ao tirar
as calças do pijama para vestir a roupa de ginástica, vejo as cicatrizes. Eu
meio que
gosto da
aparência... Elas me dão um quê de perigosa. Por um minuto, passo o dedo e
sinto as linhas inchadas que marcam minhas coxas. Foi uma briga daquelas.
Ponho o
short de ginástica, depois minhas pantufas de coelhinho. Não ria! Acho que elas
são
bonitinhas.
E, seja como for, eles dão uma levantada na camiseta laranja e nas calças
paraquedista
que são a última moda por aqui.
Eles
realmente deixam a gente sair para correr e soltar nossas loucuras. Tocam ópera
no
sistema
de alto-falantes nas quadras de badminton. As garotas mais estranhas daqui são
as que
jogam
badminton. No meio de uma partida, uma beldade desdentada me dá um sorriso que
é
só
gengivas, antes de acertar uma raquetada na perna da colega. Do outro lado da
rede, outra
mulher de
dar pena e que obviamente não sabe como se joga aquilo, está batendo a raquete
na
parede.
Os monitores só observam, sorrindo como idiotas.
Bem-vindos
às Olimpíadas de Dementes. Aqui em Leech Lake eles são ótimos em recreação.
Supostamente
isso ajuda nós, os pacientes, a liberar a agressividade. Trocamos as
machadinhas
pelas raquetes. Aquelas fracassadas no canto trocaram as bombas caseiras por
pular
corda. Até as adeptas de automutilação entram na onda quando estão conscientes.
Os
curativos
de uma garota tremulam no ar a cada vez que ela pula a corda.
Eu,
pessoalmente, acho que esses caras estão só tentando cansar a gente. Se nos
deixarem
sempre
letárgicas, não vai haver revolta. Só que comigo não funcionam essas táticas de
calouros.
Sou uma atacante. É o que está escrito na minha ficha com caneta vermelha e
depois
destacado
com marca-texto: ATACANTE. Quando fui ao médico, dei uma olhada em
algumas
das outras coisas que estão na minha ficha. Embaixo de “DULCE” MARIA
está
escrito: alucinações e ideias de grandeza. Pelo jeito, sou maluca. O
assassinato na verdade
não foi
minha culpa. Foi o que minha mãe disse. E enfim, se eu tivesse mesmo ideias de
grandeza,
não estaria então tentando arrumar umas fãs por aqui? E me tornar a líder de um
culto? Eu
bem que poderia, sabe. É só contar certas coisas que eu já vi, o banho de
sangue que
vivi...
Elas me idolatrariam em um piscar de olhos. Mas eu busco só ficar invisível.
Nem
sempre
funciona.
Na hora
do almoço, todo mundo tem uma amiga com quem se sentar. Até Desdentada tem
uma
amiga. Mas eu, eu agarro uma bandeja de metal e vou me sentar sozinha com meu
sanduíche
de micro-ondas.
Por mais
que eu me esforce, nunca consigo ficar invisível. Nunca me deixam em paz. Hoje
é a
vez da
nutricionista, Ela vem direto até mim, como se estivesse esperando eu comer meu
sanduíche
sozinha.
— Só um,
hein? - diz ela.
— Eu
gosto disso.
Essa sou
eu, sendo invisível e sem provocar discussão. Só esperando a outra ir embora.
— Que bom
- diz ela -, mas não sei se só um sanduíche será capaz de fornecer energia
suficiente
para o seu dia. Eu recomendaria mais carboidratos complexos.
Não sei
por quê, talvez porque ela esteja me dizendo o que fazer, ou porque ela é feia,
ou
porque
sua voz parece um prego riscando um quadro-negro, mas, seja lá o que for, eu
surto.
Piro.
Ultimamente acontece bastante,
— EU
RECOMENDARIA QUE VOCÊ CALASSE A BOCA! - grito, enquanto me levanto de
repente,
viro a perna e acerto um chute circular rápido no rosto dela. Ainda me
surpreendo ao ver o quanto sou rápida.
A vadia
da nutricionista cai de joelhos e seu nariz quebrado sangra. Todo mundo começa
a
dar
gritinhos. Dois enfermeiros vêm e me agarram pelos braços. Luto com eles por
tempo o
bastante
para conseguir dar uma escarrada no olho da nutricionista. É tudo culpa dessa
maldita.
São necessários mais dois enfermeiros para me arrastar pelo corredor, gritando
-
quatro
armários para derrotar essa baixinha aqui. Olho pra trás, para ela, uma única
vez, bem
a tempo
de vê-la cuspir fora um dente.
Acabo na
solitária, claro. Chorando. Acho que é melhor mesmo para mim ficar aqui. Já não
me
reconheço mais. Eu não era assim maluca, juro. Nunca machucaria ninguém. Eu
costumava
ser normal.. Bem, tão normal quanto qualquer garota sob a influência dos
hormônios
da adolescência. Mas, depois que os assassinatos começaram, passei a me sentir,
não sei,
meio desparafusada ou algo do tipo. Desmanchando como aquela calça jeans que
fiz
na aula
de economia doméstica. Despedaçada como frango xadrez. Morta por dentro.
É, na
minha escola ainda dão aula de economia doméstica.
Essa não
é a primeira vez que vou parar na solitária. Nem a solitária é tão ruim quanto
se
imagina.
A cela de concreto tem na verdade um tamanho decente; posso ficar deitada de
costas e
me esticar, se eu quiser. Bem lá em cima, perto do teto, existe uma janelinha.
Daria
para sair
engatinhando por ela, se alguém fosse capaz de magicamente dar um salto de
cinco
metros de
altura.
Quando
estou presa aqui, tento dormir, mas é pior do que ficar acordada. Meus sonhos
não
são uma
fuga. Vejo formas esquisitas, caveiras sorridentes, rostos carcomidos. E o
tempo
inteiro
ouço aquela música, em uma repetição infinita. Assim que fecho os olhos, aquele
sucesso
idiota do Top 40 começa a tocar e a bateria tatua uma batida no meu cérebro.
Através
das árvores vou achar você,
Curar os
destroços que restaram em você.
E as
estrelas irão lembrar a você
Que nós
vamos nos reencontrar...
Essa
música é muito mala.
Para
matar o tempo, repasso os acontecimentos na minha cabeça. Uma, duas, três, mil
vezes.
A
história toda faz sentido? Não. Aconteceu de verdade? Sim. Alguém um dia vai
acreditar em
mim? Ao
que tudo indica, não.
Acho que
você quer ouvir a história. Acho que eu quero contá-la, senão não estaria aqui
matraqueando
por tanto tempo. Contar vai me impedir de ficar sonhando acordada.
Mas,
primeiro, quero deixar uma coisa bem clara. Muita gente pergunta se eu me
arrependo
de ter
feito o que eu fiz.
A única
coisa de que me arrependo de não ter feito antes !!!
Cometem??? plixx...
Autor(a): cookie
Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).
Prévia do próximo capítulo
Capitulo 1... placa diz: BEM-VINDO A DEVIL’S KETTLE, A “CHALEIRA DO DIABO”. POP. 7.036. VENHA VER O QUE ESTÁ FERVENDO! Sério... diz isso mesmo. Uma escola, uma pizzaria, um semáforo e um monte de mata ao redor: basicamente os fundos de Lugar Nenhum, Minnesota. Foi aqui que tudo aconteceu. Eu sei qu ...
Próximo Capítulo
Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 2
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rafaelavala Postado em 18/08/2010 - 20:47:56
oi eu sou a autora de mortos em minha casa... me coloca no seu web
eu sou a nicole winchester
a mesma que ta na minha web viu a mesma foto -
paulavondysiempre Postado em 02/08/2010 - 23:35:52
Ameiiiiiiiii o filme*-*
Quero ver a sua vesão!!!!!!!
D++++
Poxta mais