Fanfic: Fanfic sem Título
Capítulo 10...
Fizeram
um memorial grandioso para Andy na
escola alguns dias depois. Tivemos de assistir
a mais
uma palestra sobre não ficar até tarde na rua, o sistema de apoio mútuo, como
lidar
com a dor
e blá-blá-blá. Só que ninguém ligava mais. A tristeza tinha sido a emoção da
semana
passada. Eu havia desenvolvido insônia e não falava com Anahí desde aquela noite
no meu
quarto.
Na
verdade, eu não havia falado com ninguém. Estava ocupada pesquisando. Passei o
final de
março
buscando respostas na internet, mas o Google não tinha ajudado muito nessa
questão.
Se você
digitar “demônio virgem faca de caça”, recebe resultados como Sweeney Todd,
Thomas
Hardy e Casa de Coolio Ted (o blog desse cara era realmente fraco). Por isso,
passei a
fazer a
coisa do jeito antigo, pesquisando à tarde e nos finais de semana na minúscula
biblioteca
de Devil’s Kettle, enfiada num canto lendo livros velhos e amarelados sobre
bruxas,
demônios
e mitos. Achei que, se estudasse com afinco, passaria no teste... O tipo de
teste em
que, se
eu me desse bem, seria capaz de evitar que mais pessoas morressem.
O prédio
da biblioteca era velho e mofado, com carpete marrom e umas poucas mesas
gastas.
Eu
tentava ficar na porta mais afastada, escondida entre as pilhas de livros. O
bibliotecário, Sr.
Stein,
achou que eu estava fazendo pesquisa escolar sobre a história da cidade para
conseguir
pontos
extras em alguma matéria, por isso não parava de trazer livros chatos sobre
terrenos e
o
suprimento de água local. Pedi tudo o que havia relacionado com ocultismo, na
teoria de
que o
nome de nossa cidade pudesse ter vindo de alguma espécie de adoração ao diabo,
de
feitiço
ou de algo assim. O Sr. Stein sempre estalava a língua para mim, mas na maioria
das
vezes me
deixava em paz. Qualquer um usando livros como fonte de pesquisa era alguém
semelhante
a ele.
Li muito
sobre história da antigüidade, tribos germânicas, assassinatos rituais na
África e a
Bíblia.
Li todas as histórias de fantasmas que existiam ali e depois todas as histórias
de bruxa
da Nova
Inglaterra e do Meio Oeste. Virei uma Wikipédia ambulante do ocultismo. Levou
um
bom
tempo, porém, para eu descobrir exatamente o que havia acontecido com a minha
melhor
amiga e por que ela agora estava comendo nossos colegas de classe.
Finalmente
eu abraçara a idéia de que Anahí era uma
serial killer canibal adolescente
maluca.
Devia ter sido ela que matou Afonso. Ela devia estar se sentindo péssima como
se
estivesse
gripada quando eu também estava, e, depois que ela o comeu, nós duas ficamos
muito
melhor. Deve ter matado Andy enquanto eu estava tendo um surto com Ucker no
quarto.
Isso explica a fome que me atacou. Não sei por quê, mas eu também tinha certeza
de
que ela
comera Ahmet. Eu sabia que ela odiava aquele garoto.
O
problema era que, no fundo, eu não achava que ela estava possuída ou que havia
sido
transformada
em um demônio. Ela tinha aqueles poderes estranhos e precisava alimentá-los,
mas
continuava sendo Anahí . Ainda era a minha amiga... não era?
Março
virou abril. Todo dia de manhã, abrigada com meu capuz a caminho da escola, eu
passava
pelo campo de futebol americano, onde havia uma faixa gigante na qual se lia
BAILE
DA
PRIMAVERA, e via Anahí e as outras
animadoras de torcida conversando, como se ninguém houvesse sido eviscerado.
Se eu
encarasse Anahí na aula por muito tempo,
começava a ter visões. Da caveira
sorridente
de Anahí . De Anahí como um cadáver
apodrecido. De Anahí como um
monstro
com fileiras e mais fileiras de dentes. Ouvia o sangue bombeando em minhas
orelhas
e o
zumbido de moscas ao meu redor.
Eu estava
perturbada.
Andava
negligenciando até Ucker , que corajosamente se esforçava para agir com
naturalidade.
Ele
relacionou meu surto com a morte deAndy, mas achou que era porque Andy fora meu
amigo,
não porque minha BFF canalha o havia matado.
Eu andava
pensando sobre Anahí , Andy e Ucker . Sabia que, quanto mais eu amasse Ucker ,
mais
devia ficar longe dele. Era como todas as histórias de amor estúpidas que já
foram
escritas.
Eu precisava afastá-lo para protegê- lo. Na hora, nem me toquei que não era
porque
eu tinha
superpoderes malucos e perigosos.
Certa
manhã, Ucker veio correndo atrás de mim
e me distraiu dos meus pensamentos:
— Ei!
Ele me
deu uma cotovelada.
— Acabei
de comprar nossos ingressos pro baile da primavera. Você fez reservas na
Cheesecake
Factory?
Olhei
para baixo e não respondi.
— Seu
vestido é de que cor? - continuou ele. - Que tal rosa-shoching? Você é
definitivamente
uma
garota do inverno. Minha mãe diz que as garotas do inverno deveriam usar tons
nobres
de jóias,
como rosa-choque. Ou quem sabe azul-esverdeado.
— Certo.
Esqueci que sua mãe é uma mulher da Avon.
— Bom,
agora eles chamam de representante de vendas - corrigiu ele.
Isso ia
ser difícil, mas eu sabia que precisava fazê-lo. Para salvá-lo.
— Não
posso ir ao baile com você. Não posso mais ver você de jeito nenhum.
— O quê?
Por quê?
— Porque
ela quer tudo o que eu quero.
— Do que
você tá falando? - perguntou Ucker .
Olhei
melancolicamente para seu cabelo castanho bagunçado e seus braços fortes. Acho
que
ele
merecia uma explicação. Ele não iria gostar, mas merecia que contasse.
— Aqui
não; venha.
Agarrei o
braço de Ucker e comecei a arrastá-lo
para o pátio da escola.
— O que
está acontecendo? Você não tá terminando comigo, né?! - perguntou ele em
pânico.
Achei um
banco escondido em um canto embaixo de uma figueira enorme. Eu o empurrei
para
baixo, para que se sentasse no banco, e me sentei ao lado dele.
— Certo -
fiz uma pausa, sem saber como começar. Escolhi a simplicidade: - Anahí é do
mal.
— Eu sei
- disse Ucker , com um sinal de cabeça. Ele já tinha ouvido aquilo antes.
— Não,
quero dizer que ela é do mal mesmo. Não mal tipo garota popular da escola.
Aqui,
preciso
mostrar uma coisa.
Abri
minha bolsa e tirei um fichário preto grande em cuja lombada estava escrito
PESQUISAS
SOBRE ANAHÍ
. Folheei por entre as cópias da biblioteca e as páginas impressas da internet.
Ucker recuou um pouco.
— Dulce ,
eu me preocupo com você. Muito. Como pessoa. E tô com medo do que tá
acontecendo
com você.
Ucker era muito meigo. Mas o garoto precisava calar
a boca e escutar.
— Por
favor, me deixe só mostrar a você.
Ele
entendeu que não tinha escolha, por isso só fez que sim.
— Bom,
fui pesquisar na seção de ocultismo da biblioteca umas cinco vezes.
Achei a
cópia que estava procurando e mostrei para ele.
— Nossa
biblioteca tem uma seção de ocultismo? - perguntou.
— Bom, é
pequena - admiti -, mas tem. Eles têm coisas como Pergunte a Alice — Diário
íntimo de
uma jovem drogada e a biografia de Sammy Davis Júnior, só que também têm
alguns
textos esotéricos verdadeiramente obscuros! Quem diria? Enfim, leia isso.
Ele se
atrapalhou logo na primeira palavra, por isso eu a li para ele.
—
Transferência demoníaca. É algo que acontece quando você tenta sacrificar uma
virgem
para Satã
sem usar uma virgem de verdade.
Ucker me encarou como se eu fosse uma dessas pessoas
que usam chapéus de alumínio para
afastar
ETs. Continuei mesmo assim.
— Foi o
que aconteceu com Anahí! Aqueles caras da banda tentaram sacrificar Anahí na
floresta,
mas o que eles não sabiam era que Anahí não é mais virgem há anos! Agora tudo
faz
sentido! Leia isso.
Puxei o
fichário de volta da mão dele e li:
— “Se o
sacrifício humano for impuro, o resultado ainda assim pode ser alcançado, mas
um
demônio
para sempre viverá na alma da vítima, que deverá consumir carne eternamente a
fim
de
sustentá-lo.” Entendeu?
—
Ceeeeeerto - disse Ucker . Ele não estava ligando os pontos.
— Ela
está comendo garotos! Eles a deixam toda bonita, brilhante, com um cabelo
sensacional.
Além
disso, ela fica... invencível. Sei lá. Só que, quando está com fome, fica
fraca,
mal-humorada
e feia. Quer dizer, feia para ela. É porque precisa se alimentar! Ela precisa
da
força
vital desses meninos!
— Você
realmente acha que Anahí matou Afonso e
Andy ? - perguntou ele, devagar.
Fiz que
sim, vigorosamente:
— E
talvez Ahmet, da índia. Sei que ela não é mais ela mesma. Você não entende o
que eu vi.
Ela me
mostrou!
— Dulce ,
acho que você precisa de ajuda.
Caí em
silêncio. Ele não havia acreditado em uma palavra sequer. Droga.
— Acho
mesmo que você devia ir conversar com o Dr. Feely ou algo assim. Só pra, sabe,
clarear
as idéias. Sei que você passou por coisas difíceis - disse ele, com suavidade.
— Você
não acredita em mim. Acha que sou uma louca varrida!
Ele pegou
o fichário das minhas mãos e o fechou.
— Não é
que eu não acredite em você; só não acredito nisso. - Ele deu um tapinha no
fichário
com o
dedo.
Entendi
por que ele não queria pegar minha loucura infecciosa. O problema é que eu não
estava louca.
O resto das pessoas é que estava. Mas, quando você é a única pessoa sã, talvez
seja a louca. É subjetivo, entende?
— Isso
não está acontecendo - sussurrei. - É um pesadelo. - Eu me virei para olhar
dentro de
seus
olhos. - Não é seguro a gente continuar se vendo agora.
Ele
franziu a testa.
— Peraí,
você tá mesmo terminando comigo? Não sou mais seu namorado?
— Eu sei
que você vai ser o próximo. Posso sentir.
— E o
baile?
— Quem se
importa com esse baile idiota? - explodi.
— Eu! - exclamou
ele. - Já pedi seu buquê de pulso. É uma orquídea e custou 12 dólares!
Vacilei
um pouco.
— Olhe,
vou ao baile. Preciso ficar de olho em Anahí. Só não se aproxime de mim.
Ele me
olhou como um filhotinho abandonado num canto da rua. Minha barriga deu um nó.
Fiquei
mal, mas eu me amaldiçoaria se a deixasse enfiar os dentes nele.
— Acho
que eu não iria querer, mesmo - disse ele.
Ucker me devolveu o fichário e depois foi embora. Eu
o vi se afastar com um peso enorme no
coração.
Estava tão apaixonada por ele, e estraguei tudo.
E,
finalmente, eu começava a aceitar o fato de que Anahí era uma completa vadia.
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Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).
Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 2
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rafaelavala Postado em 18/08/2010 - 20:47:56
oi eu sou a autora de mortos em minha casa... me coloca no seu web
eu sou a nicole winchester
a mesma que ta na minha web viu a mesma foto -
paulavondysiempre Postado em 02/08/2010 - 23:35:52
Ameiiiiiiiii o filme*-*
Quero ver a sua vesão!!!!!!!
D++++
Poxta mais