Fanfic: Fanfic sem Título
Capitulo 2...
Ucker tinha
razão. Melody Lane Tavern definitivamente não é uma boate. Boates são para
gente
bonita das metrópoles. Boates tem DJs e champanhe. Tudo o que tem em Melody
Lane
é uma
jukebox quebrada e a Privada do Sticker.
A placa
de néon piscava falhando quando atravessamos o estacionamento coberto de
cascalho
para
chegar até a porta de entrada. O lugar era basicamente uma cabana de madeira
caindo
aos
pedaços decorada com calotas, localizada na saída da cidade. O cara na porta
desenhou Xs
pretos
gigantescos nas costas das nossas mãos. Anahí olhou o dela com desgosto. Não
gostava
de ser riscada de nada.
O
interior estava em penumbras. Vimos o bartender passar uma caixa de cerveja
pelo balcão
para um
cara de camiseta rasgada.
– Mal
posso esperar até ter idade pra ficar bêbada – disse Anahí. – Já tomou cidra
sabor de
pêssego?
– Já, foi
demais – menti.
– É
nojento! – contestou ela. Depois se encolheu um pouco quando um dos jogadores
de
futebol
americano da escola entrou, encarando os peitos dela.
– Oi,Anahí.
Você ta bonita – disse ele.
– E aí, Chris.
Anahí revirou
os olhos. Depois que ele se afastou o suficiente, ela me cutucou e disse:
– Ele
acha que é bom o bastante pra mim. Não admira que esse cara esteja na turma de
matemática
para retardados.
– É –
concordei, distraída. Ao olhar em volta, reconheci um garoto da escola. – Ei, é
Ahmet,
da Índia!
O aluno de intercâmbio!
Os olhos
de Anahí acompanharam a direção dos meus e se enrugaram de irritação.
– Por que
chamaram esse garoto de novo? – perguntou ela.
– Acho
que o diretor Lunquist pensou que seria bom pra, você sabe... diversidade.
Ela
revirou os olhos.
– Não
acredito que a gente trocou um jogador de hóquei gostoso por isso.
Dei de
ombros.
– Ah, sei
lá, ele parece OK – argumentei. – E tem uma estátua sensacional de elefante no
armário
da escola.
Eu andava
planejando pesquisar sobre aquela estátua. Tinha quase certeza que era algo
religioso.
Não deve ser demais ir à igreja cultua elefantes? Eu me sentia empolgada, pois
o
simples
fato de Ahmet existir fazia tudo parecer multicultural.
Fomos
para o fundo da casa noturna e nos aproximamos do palco. Bom, acho que a
plataforma
seria um termo melhor. O lugar para a apresentação só era cerca de vinte
centímetros
de altura mais alto do que o resto da boate. O lugar estava lotado, mas a
maioria
das
pessoas era freqüentadora regular. A banda não tinha atraído muita gente
diferente, além
de nós e
de Ahmet.
Anahí sacou
um maço de cigarros da saia jeans. Depois tirou devagar um cigarro e o ergueu
entre dois dedos, como se estivesse esperando alguém vir acendê-lo. Não me
preocupei muito
com os
pulmões dela, nem com os meus riscos de fumante passiva. Ela fazia aquilo o
tempo
todo para
atrair os homens e raramente ultrapassava a marca de um cigarro antes de acabar
se
agarrando
com algum cara.
Dito e
feito. Roman Duda, com boné camuflado, veio andando como quem não quer nada e
se
plantou
um pouco perto demais de Any. O cara tinha tipo uns 25 anos. Era nojento. Bebeu
um
gole
enorme de uma garrafa de cerveja e depois arrancou o maço de cigarros das mãos
dela.
–Anahí,
você tem 17 anos – repreendeu ele. – Seus pulmões são como duas costeletas de
cordeiro
perfeitamente rosadas, não os polua com esse lixo.
Ela
respondeu colocando o cigarro que estava segurando entre os lábios e
apertando-os na
direção
dele, que também o arrancou.
– Sabe
que eu podia te prender por estar com isso?
– Me
prender? Ai, ai. Você nem saiu da academia, Roman!
Ah, sim,
eu mencionei que esse verdadeiro exemplo de humanidade estava na academia de
policia?
Logo, logo, iria proteger a gente de bem de Devil’s Kettle. Eu duvidava que ele
fosse
capaz de
proteger um rato de um gato. Ou uma adolescente com tesão demais de si mesma.
– Dois
meses – rouquejou ele. – Daí vou estar na força pra valer.
Anahí inclinou-se
e sussurrou:
– Você
vai me algemar?
Depois se
esfregou nele. Olhei pro lado. Sabia que ela já tinha ido pra cama com aquele
cara,
mas
tentei não pensar nisso. Não sou puritana, mas a coisa toda tava me dando nos
nervos.
Roman
gemeu um pouco e sussurrou de volta:
– Não
faça isso aqui. Não posso arrumar encrenca.
– Olhem!
– gritei, apontando para uma distração conveniente. – A banda!
Eles eram
os típicos aspirantes a roqueiros alternativos. Eram tão magros que dava para
contar
seus ossos. Não lavavam o cabelo havia semanas, talvez desde o inicio da turnê,
e todos
vestiam
jeans rasgados ou calças cargo com a camiseta coladas ao corpo.
O líder
da banda, porém era definitivamente salgado. Usava uma camiseta marrom sobre
uma
camisa
branca de mangas compridas. Seus jeans eram ultracolados e ele tinha olhos
enormes e
intensos,
como poças de tinta. Parecia... perigoso.
Ao meu
lado, Anahí pelo jeito achava a mesma coisa.
– Dá pra
ver que são de fora.
Ela
acenou na direção do resto da platéia, que era formada na maioria pelos bons e
velhos
garotos
meio valentões com botas de caubói e metidos em jeans surrados.
Roman
olhou a banda com desconfiança.
– Eles
parecem um bando de...
– É
lógico que você diria isso – cortou Anahí. – Você é tão mosca morta. Que bom
seria se a
gente
tivesse mais caras como esses em Devil’s Kettle. Todos estilosos e tal.
Eu ainda
os estava encarando.
– Eles
são tão maneiros – murmurei.
Observei
o guitarrista tirar a guitarra brilhante do case. Ele olhou para cima e seus
olhos se
encontraram
com os meus. Lambeu os lábios. Congelei e engoli em seco.
– Ei,
acho que eles tão precisando de duas groupies – disse Anahí, agarrando meu
braço. – Vamos! Vai ser igual a Quase famosos! Eu vou ser a Penny Lane e você
pode ser aquela outra
garota.
– Não! –
falei, automaticamente. Sentia dificuldades para respirar.
– Não
seja nerd, Dulce . Eles são só garotos. Petiscos. Nós é que temos o poder. –
Ela me girou
e me
encarou fundo nos olhos. – Você não sabe disso? – Depois colocou as mãos nos
meus
peitos.
Essas coisas são como bombas inteligentes. É só apontar na direção certa que a
coisa
começa a
rolar.
Eu estava
bem consciente de que muitos homens ali perto estavam de olho nas mãos dela nos
meus
peitos, como se a gente fosse se agarrar a qualquer momento e eles não
quisessem perder
o
showzinho. Dei de ombros e a afastei, mas sabia que ela tinha razão. Já a tinha
visto
conseguir
muitas e muitas vezes o que queria só ostentando seus atributos. Mas eu não
sabia
fazer
aquilo. Ela era ímã sexual; eu era só a Dulce. Mesmo assim, quando ela andou
até a beira
do
palco/plataforma, eu a segui.
O
vocalista veio nos encontrar ali e olhou para Anahí com expectativa. Aquilo não
era
novidade
para ele.
– Oi! Hã,
a gente queria muito conhecer vocês, e tal? Sou Anahí e essa é... minha
amiga? –Anahí
piscava muito e entoava todas as frases como se fossem perguntas.
Ele não
lançou exatamente um sorriso para ela, foi mais como se quisesse mostrar os
dentes.
– Sou
Nikolai, e essa é minha banda. – Ele apertou a Mao dela. Seus dedos tinham
montes de
anéis de
prata pesados, e ele exibia uma tatuagem de lua negra no pescoço. Achei o nome
dele
demais.
“Nikolai” parecia o nome de um caçador de vampiros gostoso de um filme que
poderia
passar de madrugada no Starz.
– Ah, ta, Low Shoulder, né? Ouvi dizer que vocês são super...
superbons com seus
instrumentos.
Verdade
seja dita, Anahí tinha uma grande coisa a seu favor, e não era a aparência. Era
a
coragem.
Era a garota mais corajosa que já conheci na vida. Capaz de abordar qualquer um
e
conseguir
o que queria. Ela era assim. Não tinha muito o que dizer àquele cara, mas
conseguiu
soltar
uma quantidade suficiente de palavras para fazê-lo notá-la. Depois, seus
filhotinhos
meio que
selaram o acordo. Tá bom, então acho que ela tinha duas grandes coisas ao seu
favor.
Mas que Anahí tinha cara de pau, isso tinha, sem dúvida.
– A
guitarra é quase uma extensão do meu corpo a essa altura – disse Nikolai.
Finalmente
pensei em algo para dizer.
– Ei, se
não se importam com a pergunta, por que viram tocar em Devil’s Kettle? Vocês
vivem
em uma
cidade grande, né?
Achei que
era uma pergunta justa. Estávamos mesmo no fim de lugar nenhum.
Nikolai
por fim voltou seus olhos negros para mim.
– É –
respondeu ele. – Mas, sabe o que é, acho muito importante a gente se conectar
com
nossos
fãs nos lugares de bosta também.
Justo.
–
Impressionante. Posso lhe pagar uma bebida? – perguntou Anahí.
Tava na
cara que ela queria avançar naquilo. Mas, sério: como ela iria comprar uma
bebida? A
gente
tinha dois Xs enormes nas mãos. Estávamos no meio do mato, mas mesmo assim não
serviam
bebida a menores de idade.– Eles fazem uma batida ótima em tributo ao 11 de
Setembro. É vermelha, branca e azul, mas
você tem
de beber bem rápido, senão fica marrom – disse Anahí.
Nikolai
estremeceu um pouco.
– Hã...
claro.
– Volto
já.
Anahí saltitou
até o balcão. Eu meio que fui para um canto, para poder ficar de olho nela.
Seja como
for, não sabia mesmo o que mais dizer a Nikolai. O olho dele era
verdadeiramente
assustador.
Um cara
alto de calças jeans e botas colocou uma música de Loretta Lynn para tocar no
jukebox.
Alguém deve ter concertado aquela coisa. Aí um casal começou a faze uma dança
country
bem na frente da banda, como se fosse para irritar os caras do rock.
O
baixista foi até Nikolai e os dois começaram a sussurrar um para o outro. Não
consegui
deixar de
ouvir. Ei, não me julgue. Eu não tinha mais nada o que fazer! Ver Anahí exibir os
peitos
para o bartender não era muito empolgante.
– Dirk, o
que você acha dela? – perguntou Nikolai.
Meu pulso
acelerou. Ele estava falando de mim?!
– Quem, a
Jan Brady? – perguntou Dirk.
SIM! Eles
estavam falando de mim! Encolhi a barriga para dentro e tentei parecer sexy.
– Não,
não; aquela que vai me trazer uma bebida. É ela, cara.
Ah,
claro. Eles estavam falando de Anahí . Qual era a novidade, mesmo?
– Sei não
– disse Dirk.
Ahá!
Talvez ele tivesse gostado mais de mim!
– Tem
certeza de que ela é... – começou Dirk.
– Olhe,
eu fui criado num lixo como esse – interrompeu Nikolai. – Sempre tem aquela
garota
que é a
mais gostosa da escola. A princesa da feira anual da região, ou algo assim. Ela
acha que
vai ser
atriz ou cantora um dia, mas não entende que as regras mudam depois que a gente
sai
do meio
do mato. De repente, você deixa de ser especial.
Fiquei
completamente confusa a essa altura. Ele a tinha visto, certo? Anahí não era nenhuma
princesinha.
– Você
disse pra gente que era do Brooklyn – protestou Dirk.
– A
questão é – continuou Nikolai – que ela com certeza absoluta é virgem.
Meu
queixo caiu.
– Já saí
com meninas assim. São todas princesas metidas que adoram provocar, mas nunca
abrem as
pernas. E depois... te dão o fora.
— Sei não
- repetiu Dirk.
Meu
gatinho sabia o que estava rolando. Eu estava dando apoio total a ele.
— Dirk, a
gente não veio até aqui pra nada!
— Certo,
tá bom. Mas, sabe, não sou só o seu baixista. Sou uma pessoa, com sentimentos,
que
por acaso
toca baixo. E gostaria de um pouco mais de respeito...
Ele
continuou a lenga-lenga, mas parei de escutar. Estava furiosa. Como eles
ousavam falar de
minha
melhor amiga assim? Tornei a encolher a barriga e subi de novo naquele
palquinho.
— Com
licença - disse, enquanto dava um tapinha hesitante em Nikolai.
— Que
foi? - cortou ele.— É da minha melhor amiga que vocês estão falando. E... você
tem razão... ela é virgem. O que
é muito
melhor do que ir pra cama com umas aberrações como vocês!
Depois me
virei e atirei o cabelo para trás na direção dele. Eu me senti como um
redemoinho
de
dignidade, quando saí batendo os pés.
Então tá,
menti sobre o negócio da virgindade. Como se eu fosse dizer que minha BFF é uma
piranha!
Andei
direto até o bar. Anahí tinha de fato conseguido pôr as mãos em uns drinques.
Estavam
em tubos de teste e eram mesmo vermelhos, brancos e azuis.
— A Torre
Um não está cheia o bastante - reclamou ela. - E eu tive de brigar com Roman
pra
consegui-las.
- Ela olhou minha cara de raiva. - Que foi? Tá com medo dos astros do rock?
— Esses
caras são nojentos, Any. Esqueça,
— Acho
que o vocalista está na minha - disse ela, olhando por cima do meu ombro para
ele.
Isso só
porque ele acha que você é virgem. Eu ouvi os dois conversando.
— O quê?
Difícil, hein. - Ela endireitou os ombros. - Bom, se Nikolai quer o tipo
inocente,
posso
fazer o tipo inocente. Vou ser a Pequena Miss Sunshine - disse ela, com
determinação.
— Ele é
velho demais pra você!
Anahí me
encarou com olhos semicerrados de raiva. Nunca ninguém se colocava entre ela e
um homem.
Jamais.
De
repente os alto-falantes ganharam vida e o retorno guinchou em nossos ouvidos.
Estremeci
enquanto Nikolai agarrava o microfone e sorria para a platéia.
— Boa
noite, Devi’s Lake.
O guitarrista
soltou um acorde de furar o tímpano.
— Devil`s
Kettle! - corrigiu alguém.
Olhei em
volta, achando que pudesse ser Ahmet. Mas ele estava perdido no meio da
multidão.
— Foi
mal. Enfim, somos o Low Shoulder e só queremos fazer vocês felizes.
O logo da
banda, pendurado atrás deles, mostrava os fundos de um carro meio inclinado
para
a
direita. Não entendi. Também não entendi o nome da banda. Era indie demais pra
mim.
Estava
começando a achar que aqueles caras só podiam ser roubada. Nikolai, especialmente,
tinha um
brilho maligno no olhar. Mas, no momento, eu só achava que ele era gostoso.
Então o
guitarrista soltou outro acorde de furar o tímpano e a banda tocou a canção de
rock
mais
impressionante e mais assustadora de todos os tempos. Hoje faz parte do
zeitgeist
nacional,
mas naquele momento foi uma revelação.
“Através
das árvores vou achar você.”
A
primeira vez em que ouvi aquela melodia foi mágica. Ver Nikolai cantar a letra
foi intenso.
Com um
dos pés sobre o amplificador, ele gritava ao microfone. O guitarrista parecia
sentir
dor, de
tão concentrado que estava.
Anahí ficou
totalmente hipnotizada; agarrava meu braço e encarava Nikolai. Bom, como
todo
mundo. O bar todo ficou enfeitiçado. O Low Shoulder estava fazendo alguma
macumba
maluca
naquela multidão. Tirei o meu capuz. Começava a ficar muito quente com tanta
gente
socada
aqui
As
pessoas sacudiam os braços no ar; era uma
loucura
total. Anahí e eu balançávamos ao som da música, junto com todo mundo. Fechei
os olhos
por um instante e deixei a voz de Nikolai preencher minha mente. Por fim abri
os olhos e olhei ao redor. Havia um movimento estranho à minha esquerda,
contra a
parede. Uma luz dançante. Achei que talvez a multidão tivesse acendido os
isqueiros
e que
estivessem movendo-os em homenagem à banda, mas logo percebi que chamas
dançavam
pelas paredes. Chamas de verdade. Chamas grandes. Fogo!
Fiquei
parada, assistindo àquilo tudo como se fosse um filme. O fogo subiu pelas
paredes e
enrolou
os pôsteres pregados na madeira. As flâmulas presas no teto se acenderam como
fósforos
e a parede inteira se iluminou. Tudo aconteceu muito rápido - afinal, aquele
lugar
inteiro
era feito de madeira. As pessoas começaram a lutar para se afastar da parede e
uma
mulher
gritou.
O
bartender idiota abriu caminho pela multidão e atirou um jarro de cerveja na
parede, o que
só fez
piorar as coisas. Não se ensina mais na escola o que significa “inflamável”
não?
Todo
mundo por fim se ligou que o lugar estava em chamas. Pararam de balançar e
cantarolar
com a
música e ficaram ali em silêncio. Foi assustador, sobrenatural, o jeito como
todos
simplesmente
ficaram esperando algo acontecer, esperando o fogo aumentar. A banda
percebeu
que tinha perdido a platéia e parou de tocar abruptamente. Todos nós escutamos
o
fogo
crepitando enquanto corria até outra parede e depois pelo teto.
E sabem o
que aconteceu nesse momento crucial? Prestem atenção, isso será importante mais
tarde. Eu
estava lá, eu vi. Aqui vai exatamente o que os ilustres membros da banda Low
Shoulder
fizeram: atiraram longe os instrumentos e deram no pé! Os amplificadores e as
guitarras
foram abandonados enquanto os músicos sai¬am desesperados. Exceto Nikolai, que
meio que ficou
ali, sorrindo. Aquele cara era estranho. Observou o lugar e o fogo, depois
olhou
paraAnahí. Como se estivesse satisfeito com aqueles acontecimentos. Depois deu
no
pé,
também. Eu repito: o Low Shoulder deu no pé.
A fuga da
banda finalmente quebrou o encanto. Os clientes do bar voltaram em pânico à
vida.
Foi um
caos quando as pessoas debandaram até a porta de entrada - a única porta. As
chamas
se
espalharam, e o cabelo loiro de uma mulher pegou fogo. Ha uivou e caiu no chão,
tirando a
jaqueta
jeans para bater com ela na cabeça. Um cara saltou por cima da mulher para
chegar
até a
porta. Sem sequer olhar para baixo. O cheiro acre do cabelo queimado dela
atingiu
minhas
narinas e por fim me arrancou do transe.
Ao meu
lado, no meio daquela loucura, Anahí continuava parada, como se estivesse no
olho
do
furacão.
— Sei pra
onde a gente tem de ir! - gritei Agarrei Anahí e comecei a arrastá-la até o
banheiro.
Era como
arrastar um manequim. Ela ainda estava hipnotizada, ou sei lá o quê, e seus
membros
não se dobraram.
— Hmmmm?
- disse ela, como se não notasse a bola de fogo gigantesca no meio da qual
estávamos.
— Vamos!
A janelinha!
Abri
caminho às cotoveladas entre uns bêbados que estavam ziguezagueando na direção
oposta,
enquanto puxava Anahí comigo até os fundos do bar. Entramos no banheiro
minúsculo,
o que dizia DAMAS na porta. Pisei na Privada do Sticker, que já exibia um
sticker
do Low
Shoulder grudado, e arrastei Anahi para cima comigo. Eu me equilibrei na
privada
enquanto
a empurrava para fora pela janelinha. Em geral a gente entrava no Melody Lane
daquele jeito. Porém hoje era a única saída. Dei um impulso para cima e sai
também, atrás
dela.
Caímos na grama e depois, cambaleantes, nos afastamos do edifício.
Olhei
para a fogueira atrás de nós e vi que ainda tinha gente lá dentro. Homens e
mulheres
tropeçavam
na saída, mas obviamente estavam subindo sobre corpos para isso. Subindo em
pessoas
como a mulher loira cujo cabelo pegara fogo. Havia gente sendo pisoteada até a
morte.
Cobri o rosto; não conseguia mais olhar.
Porém, eu
continuava a ouvir os gritos... muitos gritos. Alguns devem ter sido meus. Ouvi
sirenes.
Escutei o estalido de ossos e o uuuuush do fogo queimando-os. Os estouros
soavam
como
fogos de artifício. Era de gente queimando, eu sabia. Podia ouvir os engasgos
ao meu
lado.
Anahí caiu
em cima de mim, tossindo. Suas meias-calças estavam rasgadas por causa da
saída
pela janela, mas ela ainda estava com as duas botas cinza. Sua corrente com o
coração
dourado
escrito BFF brilhou à luz do fogo. Abracei-a com força e assim fiquei.
— Tá tudo
bem - sussurrei. - A gente conseguiu sair. Você vai ficar bem.
De
repente, alguma mão esquelética agarrou o ombro deAnahi. Era Nikolai.
— Graças
a Deus, tá tudo bem com você! - declarou ele. - Estive te procurando em tudo o
que
é lugar!
Não dava
para acreditar que aquela aberração ainda tentava dar em cima dela.
— Acho
que você devia ir procurar sua banda - dei a dica.
— Aqueles
caras? - acenou ele. - Foram os primeiros a sair correndo. Fugiram para o
furgão
como se
fossem um bando de mulherzinhas.
Viu? Ele
mesmo admitiu que os caras fugiram! Eu o encarei enquanto mais gritos se ouviam
do prédio
em chamas. Anahí estremeceu e cobriu as orelhas.
— Tá
perigoso de verdade aqui, meninas - disse Nikolai. Como se a gente não
soubesse, dã. -
Querem
saber? Vocês deviam vir pro meu furgão, onde é seguro.
— O quê?!
- guinchei. O cara queria que a gente entrasse no seu furgão depravado?
Ele falou
comigo como se eu fosse surda.
—
Perigoso. Furgão. Segurança. Vamos nessa.
Anahí me
empurrou e caiu nos braços dele.
— Certo,
certo - murmurou.
— Você tá
em choque, Any - falou ele suavemente enquanto a envolvia com um dos braços e
enfiava a
outra mão no bolso, de onde tirou um frasco. - Tome, beba isso aqui.
É claro
que ela deu um gole enorme. Minha BFF nunca dispensava álcool de graça.
— Você
não tá meio na noia com tudo isso, não? - berrei, tentando falar a língua dele.
- E seus
alto-falantes,
amplificadores e não sei o que mais? Tá tudo pro¬vavelmente derretido, e
quando
vocês forem pra próxima parada vão ter de, sei lá, fazer um show acústico
idiota!
Ninguém
curte isso!
— Vamos
arrumar equipamento novo logo, logo. Tenho a impressão de que a gente vai
estourar.
Eu não
sabia se ele estava falando da banda ou do prédio.
Insisti
com Anahi:
— Vamos,
Any.— É, vamos pro meu furgão - arrematou Nikolai e a conduziu até um furgão
branco
encardido
estacionado na estrada que levava a Melody lane. As janelas eram negras: não
dava
para ver
lá dentro, nem dizer se a banda estava lá ou não.
Anahí a essa altura estava enrolando a língua.
— Quero
ver seu furgão descolado. Vamos, Dulce , vamos pro furgão.
Cara, o
que é que tinha naquele frasco?
— Por
quê? Por que a gente deveria ir? Temos de pegar o Sebring! A gente podia ir pro
El Ojo
e comer
uns Northwoods Nachos com Molho Badger extra! Por favor? Tô morrendo de fome?
Ela
sempre estava a fim de nachos... Por favor, Any, por favor.
— Dulce ,
corta essa! Cala a boca!
Minha
melhor amiga entrou no furgão branco com o vocalista do Low Shoulder. Um cara
que
parecia
pálido, torto e maligno como a árvore petrificada que eu vi quando era pequena.
Ele se
virou ao
ajudá-la a entrar no banco do carona. Juro que mostrou os dentes para mim e
rosnou.
Não
fiquei para ver. Virei e saí correndo na direção da floresta enquanto Melody
Lane
explodia
atrás de mim.
Nunca fui
tão corajosa quanto Anahí .
COMENTEM PLIX...
Autor(a): cookie
Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).
Prévia do próximo capítulo
Capítulo 3... Corri o caminho inteiro até minha casa. Quase caí no choro enquanto tentava enfiar a chave na porta. A única coisa que eu queria era estar em casa. Só parei de correr quando cheguei no meu quarto. Acendi a luz e arfei em busca de ar, enquanto ficava ali parada um instante. Fui até o banh ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 2
Para comentar, você deve estar logado no site.
-
rafaelavala Postado em 18/08/2010 - 20:47:56
oi eu sou a autora de mortos em minha casa... me coloca no seu web
eu sou a nicole winchester
a mesma que ta na minha web viu a mesma foto -
paulavondysiempre Postado em 02/08/2010 - 23:35:52
Ameiiiiiiiii o filme*-*
Quero ver a sua vesão!!!!!!!
D++++
Poxta mais