Fanfic: Fanfic sem Título
Capítulo 5...
Quando
cheguei em casa, soltei Spector da sua jaula e o levei até a cozinha. Nem dava
para
perceber
que alguém havia vomitado meleca preta em tudo ontem à noite.
— Quer um
sanduíche de mortadela frita, Spector?
Ele
simplesmente correu pelo chão para perseguir uma bola. Acho que não estava com
fome.
Tirei o
pão e a mortadela da geladeira e coloquei uma frigideira no fogão. Quando o
sanduíche
estava chiando com um pouco de manteiga, liguei o rádio da cozinha.
Adivinhe
que música estava tocando?
Curar os
destroços que restaram em você.
Coloquei
a espátula de lado e me afastei do fogão. Não tinha certeza do que fazer. Ouvir
aquela
música de novo... me senti encurralada. Por sorte terminou, e o DJ começou a
falar.
— Vocês
acabaram de ouvir o Low Shoulder, os caras da banda local que se tornaram os
heróis
improváveis da tragédia que aconteceu em Devil’s Kettle ontem à noite.
Quê?
Heróis? Não. Desliguei o fogão e apanhei um prato do escorredor, enquanto
ouvia.
—
Testemunhas oculares afirmam que os garotos ajudaram inúmeras pessoas a
escaparem do
inferno,
arriscando suas próprias vidas. Isso é que é rock’n’roll com consciência,
senhoras e
senhores.
Aí está.
Foi por isso que eu insistira tanto antes em contar aquela parte da história.
Aqueles
canalhas
não pensaram em ninguém além de si mesmos!
Coloquei
o sanduíche no prato e cortei-o na diagonal devagar. Será que todo mundo nessa
cidade
enlouqueceu? Será que eu era a única que realmente se lembrava do que aconteceu
ontem à
noite?
— Tivemos
muitos pedidos desta música. E adivinhem quem temos a honra de ter no estúdio
agora?
Low Shoulder! E aí, como estão, rapazes?
Ah, isso
seria bom. Dei uma mordida na mortadela e mastiguei devagar, enquanto Nikolai
respondia.
— Estamos
indo, cara. Não é fácil. Mas os verdadeiros heróis são o povo de Devil’s
Kettle.
Espero
que a gente consiga reunir um décimo de sua coragem e atitude no nosso próximo
álbum...
Desliguei
o rádio. Não conseguia escutar mais nada. Sentei-me e deixei o resto do meu
sanduíche
cair no chão. Spector tornou a aparecer e começou a mordiscá-lo. De repente eu
não me
sentia nada bem. Estava meio enjoada. Talvez estivesse com gripe.
Minha mãe
entrou na cozinha de pijama.
— Mãe!
Não sabia que você tava acordada!
— Tive um
daqueles meus pesadelos noturnos.
Ela olhou
ao redor da cozinha, piscando.
— São
quatro da tarde, então tecnicamente você teve um pesadelo diurno.
— Certo,
certo. Estou toda confusa depois que comecei a trabalhar no turno da noite de
novo.
Minha mãe
se sentou à mesa em uma cadeira de vinil laranja e verde. Parecia tão cansada.
Seu
cabelo
com bobs estava desgrenhado, e havia mais grisalho naquele loiro claro do que o
normal.
— O que
você sonhou? - perguntei.
— Sonhei
que algumas pessoas más estavam tentando pregar você em uma árvore com
martelos
e estacas grandes. Como Jesus Cristo. - Ela se benzeu. Minha mãe ain¬da
freqüentava
a igreja. - Mas eu não os deixei pegarem minha filha! Sou uma mamãe ursa
durona!
Sorri
para ela. Era a melhor mãe do mundo, que me protegia até em sonho.
— Eu sei
cuidar de mim mesma - garanti.
Desde que
meu pai nos abandonara, eu meio que cuidava de mim. Sabia que já era difícil o
suficiente
para ela conseguir dar conta de ir trabalhar.
— Espere
só - disse minha mãe. - Um dia desses você vai gritar por mim e eu não estarei
lá.
Ela
agarrou uma de minhas mãos e a apertou. Odiava ter de fazer isso quando ela
estava tão
cansada,
mas ela precisava saber.
— Ei,
mãe, você ouviu o noticiário antes de ir dormir hoje de manhã?
Ela
observou Spector tirar a mortadela de dentro do sanduíche e levá-la até um
canto,
enquanto
eu lhe contava tudo. Bem, contei do incêndio e que pessoas morreram. Não
precisava
preocupá-la com todos os detalhes.
Naquela
noite, depois que minha mãe saiu para trabalhar, eu me sentei no quarto e tentei
ler
uma
história em quadrinhos que Ucker tinha
me emprestado. Mas na maior parte do tempo só
enfiei um
biscoito atrás do outro na boca. Depois de ter passado mal mais cedo, eu agora
me
sentia
muito melhor e estava morta de fome. Comia tão rápido que mal mastigava. Podia
comer
chips sabor cedro do jardim que não veria a menor diferença. Acabei com o saco
de
biscoitos
e o sacudi na minha escrivaninha, procurando por algum pedacinho de chocolate
que
talvez tivesse escapado,
Meu
celular tocou. Era Anahí , e o rádio dela tocava tão alto aquela Top 40
repugnante que
eu mal
conseguia escutar o que ela estava dizendo.
— Eu me
sinto tããão bem!
— Que bom
pra você.
— Sabe
quando você beija um cara pela primeira vez e todo o seu corpo parece vibrar?
— Sei.
— É bom
assim.
Era
inacreditável.
— Que
legal. Eu... ainda tô meio deprimida com tudo o que aconteceu. Sabe, a pira
funerária
gigantesca
ardendo no meio da cidade?
—
Sai-dessa-ponto-com, Dulce! Já era. A vida é muito curta pra ficar triste com
um churrasco
de porcos
pobretões imundos.
— Que
legal da sua parte, Any - retruquei, áspera.
— Só
estou explicando como as coisas são. Além do mais, você devia estar contente
por mim.
Esse é o
melhor dia da minha vida desde que inventaram o calendário. - Então ela riu
como
uma
pessoa insana. Havia algo seriamente errado com ela. Alguém tinha levado a
minha
melhor
amiga embora e deixado um andróide no lugar.
O bipe da
chamada em espera tocou. Salva pelo gongo.
— Tem
alguém na espera - falei.— Deixe pra lá! - disse ela. Em qualquer outro dia era
o que eu provavelmente faria, mas ela
estava me
tirando do sério.
— Só um
segundo.
— Buuu,
vou riscar você da minha lista.
Eu a
ignorei e cliquei para atender a outra chamada. Era Ucker , e parecia muito
assustado.
— Preciso
ver você agora mesmo! - gritou ele, em meio ao som de várias teclas tocadas no
piano com
força, em desarmonia. Devia ser a irmãzinha dele, Camille. Às vezes ela era um
saco.
— Não tô
conseguindo escutar direito! - gritei
— Camille
tá tocando piano - explicou ele.
Ahá! Eu
tinha razão. Depois eu o ouvi mandar ela parar com aquilo, então a menina disse
para ele
parar com aquilo.
— Pode me
encontrar no McCullum daqui a dez minutos? - perguntou ele ao telefone.
— Quinze
- respondi.
Depois
apertei a tecla para voltar para a outra ligação, enquanto a irmã dele
continuava a
gritar.
— Any,
tenho de ir.
— Sou uma
deusa - disse ela, satisfeita.
Eu não
tinha tempo para esse tipo de maluquice.
— Hum,
tá, mas preciso ir encontrar Ucker no
Parque McCullum.
— Sabe
que Ucker anda uma graça ultimamente? Me
diga uma coisa, ele anda malhando ou
algo
assim? Qual é a jogada, hein?
Ai. Meu.
Deus. Eu absolutamente não podia lidar com Anahí se interessando por Ucker . Ele
era a
única coisa que era minha, não dela.
— Preciso
ir - disse e desliguei.
Fiquei
sentada um minuto, rezando para ela esquecer do Ucker e deixá-lo em paz. Depois me
levantei
e peguei um suéter.
Dez
minutos depois eu estava no parque. Havia uma quadra de vôlei e um gramado,
além de
um
estacionamento com chão de cascalho. O mato rodeava tudo, e as árvores faziam o
lugar
ficar bem
escuro à noite. Era um ponto famoso de pegação, mas Ucker não tinha parecido com
tesão ao
telefone.
Subi o
morrinho nos fundos do gramado e lá de cima vi que estava acontecendo alguma
coisa
embaixo,
perto das casas. Havia um monte de carros de polícia com as luzes rodando, e o
local
estava
todo protegido com fita amarela de isolamento. Ucker estava ali de pé, olhando os carros
de
polícia. De repente me dei conta do que eu estava vendo.
— Por que
os policiais estão aqui na sua casa? - perguntei, agarrando o braço dele em
pânico.
Seu braço
era sólido. Eu disse ao meu cérebro: Ucker está aqui, Ucker está bem, não entre em
pânico.
— Na
minha, não. Na do Afonso.
Ah, era o
Afonso. Bom, isso era normal, na verdade. Relaxei um pouco.— O que foi? Ele
tentou vender peiote falso pros alunos do oitavo ano de novo?
— Não, Dulce
. – Ucker engasgou um pouco. - Ele foi
assassinado.
Apertei
de novo seu braço.
— O quê?!
— Ai -
murmurou Ucker , tirando minha mão do seu braço e segurando-a. Ele respirou
fundo
para se
controlar e me contou o que sabia.
Alguém
destroçou o Afonso membro por membro no mato atrás da escola. E... comeu partes
dele.
— Comeu
partes dele? - repeti, chocada. Alguém comeu o Afonso? - Quem faria isso?
— Não sei
- sussurrou Ucker . - Aconteceu logo depois das aulas. Ninguém pode saber
ainda,
mas meu
pai foi lá falar com os policiais. A mãe do Afonso ficou catatônica ou algo do
tipo. Ela
só
consegue ficar olhando pela janela como uma estátua-robô-manequim-zumbi.
Agora que
ele disse isso, eu consegui ver uma forma na janela da frente da casa dos Herrera.
Isso
estava além dos limites
— Não
pode ser coincidência - falei, com firmeza.
Ucker me encarou.
— Como
assim, Dulce ?
— Uma
armadilha mortal ontem à noite e agora um canibal maluco come o maior cara da
escola?
Dá um tempo!
— Não me
assuste,amor - disse Ucker .
Ele
realmente parecia assustado. Mas eu estava ficando irritada.
— Dá um
tempo, Ucker . Na maioria das cidadezinhas acontece uma tragédia a cada década,
talvez. E
em Devil’s Kettle dois pesadelos acontecem em 24 horas? Isso é de dar medo!
— Como
assim? Você acha que é algo sobrenatural?
Fiz que
não.
— Não
sei. Sou extremamente inteligente, mas é claro que não sei tudo. - Sorri meio
amarelo e
dei de
ombros.
— Bom,
agora a maré de azar já deve ter passado, certo? Não pode piorar, né? É claro
que não.
Claro que
não pode. Quer dizer, você concorda, né? Não vai mais ter nenhuma vítima.
Ucker de repente estava seriamente surtando.
— Você tá
tremendo! - repreendi.
— Hã, tô
com frio - respondeu ele, controlando-se. - Tá muito frio aqui fora.
Tentando
animá-lo um pouco, ofereci meu suéter.
— É rosa!
- reclamou ele.
— Rosa é
demais - argumentei. - Os rappers usam rosa.
Agora
quem estava tremendo era eu. Não estávamos conseguindo consolar um ao outro.
Estávamos
apavorados. Ucker me puxou para perto e
me beijou. Enquanto ele me abraçava,
tentei
encontrar alívio em seus braços, mas não iria funcionar. Sentia nos ossos que
algo
muito,
muito pior estava para acontecer.
Autor(a): cookie
Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).
Prévia do próximo capítulo
Capitulo 6... Na semana seguinte houve uma vigília à luz de velas nos escombros do Melody Tavern. A cidade em peso apareceu, segurando velas espetadas em copos de plástico. A cerca laranja que a policia colocou em volta dos entulhos esturricados virou um quadro de recados para um santuário. Cruzes brancas, baldes de ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 2
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rafaelavala Postado em 18/08/2010 - 20:47:56
oi eu sou a autora de mortos em minha casa... me coloca no seu web
eu sou a nicole winchester
a mesma que ta na minha web viu a mesma foto -
paulavondysiempre Postado em 02/08/2010 - 23:35:52
Ameiiiiiiiii o filme*-*
Quero ver a sua vesão!!!!!!!
D++++
Poxta mais