Fanfic: Enséñame

Levantei-me de minha cama. Não posso dizer que acordei, pois
eu mal dormi. Passei a noite chorando, meu coração ainda doía. Passei a noite
lembrando-me dos meus pais, eu queria tê-los ao meu lado, perto de mim... Eu
queria poder ter pais. Só o que eu sei é que eu fui abandonada quando
bebê, e mesmo assim, não consigo sentir raiva deles...

Parei de pensar e abri a cortina do quarto. Direcionei-me
para o banheiro e tomei banho. Hoje eu iria ter que comprar um apartamento para
mim, vivo de favor na casa de uma amiga, e já está mais do que na hora de morar
sozinha.

Peguei uma blusa sem mangas vermelha, uma calça jeans meio
preta e um par de tênis All Star. Penteei meus cabelos, passei uma leve
maquiagem, coloquei perfume e saí. Desci as escadas e fui despedir-me da Ana. Fora
ela que me ajudara em tantos anos sozinha, devo tudo o que eu tenho hoje a ela.
Tudo.

Dulce: Adeus, Ana.

Ana: Dul, tem certeza que você tem que ir? Por que você não
continua morando comigo? – falou triste.

Dulce: Aninha! Tenho sim, eu tenho que abrir minhas asas –
falei abraçando-a – e voar. – eu e ela sorrimos.

Ana: Tudo bem. Mas olha, me liga sempre, hein? Não se
esquece das amigas não! – falou rindo, eu também ri.

Dulce: Óbvio que não, né minha amiga! – falei dando um
beijinho no rosto dela – Tchau! Adeus casinha! – falei olhando ao redor da
casa, que para mim, é como se fosse minha também.

Ana: Adeus não, ô! Você ainda vai voltar muitas vezes aqui! –
falou decidida, eu ri e dei mais um beijo nela. Minhas malas já estavam na
sala, assim que eu saísse da faculdade iria pegá-las naquela casa.

Peguei uma maçã e fui andando a facul. Eu gostava de andar,
a faculdade era perto da escola e até lá eu podia espairecer um pouco. Deixar
um pouco as tristezas de lado. Ver um pouco a natureza e sentir o aroma das árvores.

Assim que me dei conta, já estava em frente à faculdade. Suspirei,
e já estava entrando pelo portão principal quando ouça apenas um “SAI DA FRENTE!”.
Depois, eu já estava no chão e um garoto em cima de mim. Fiquei olhando-o ainda
assustada. Depois de uns segundos, pude perceber como ele era lindo. Pude
perceber que ele também me olhava, até que depois de um tempo a ficha caiu. Arregalei
os olhos com raiva, e o empurrei.

Dulce: O que deu em você, garoto? – falei indignada – Tá maluco,
ou o quê? Ah não, maluco eu pude perceber que você já é, não? – falei com
deboche.

XxX: Cala a boca, garota! Você que se meteu na frente! –
falou levantando-se do chão.

Dulce: Eu? – ri cínica – Se toca, idiota! Você que não bate
bem da bola. – revirei os olhos – Devia pelo menos me pedir desculpas!

XxX: Há-há-há, claro, o culpado agora sou eu. Você se joga
na minha frente e eu ainda tenho que te pedir desculpas. Se enxerga, querida! –
falou com o skate na mão.

Dulce: Não vou ficar aqui falando com um imbecil que anda de
skate na faculdade, atropela as pessoas, as culpa e nem sequer pede desculpas. –
falei mirando-o com raiva e logo depois voltando a andar pela faculdade. Fui
procurar minha sala até que finalmente a achei, era cedo, e tinha apenas alguns
alunos por lá. Resolvi beber um pouco de água, e conhecer mais o local.

Por algum motivo, aquele garoto que me atropelou não saía da
minha cabeça. Ele era tão lindo, os olhos escuros expressivos, o cabelo
castanho, a boca...

Dulce: Pára, pára, pára! Dulce María, você deve tá ficando
louca! – falei batendo na minha cabeça. Estava tão presa em pensamentos que
acabei esbarrando em alguém, e caímos no chão. “Não, só pode ser brincadeira!”,
pensei.

Dulce: Agora todo mundo deu pra esbarrar em mim, foi? –
falei alterada sem nem olhar para a cara da garota. Levantei-me do chão e só até
aí pude olhá-la. Ela tinha longos cabelos negros, olhos castanho-escuros, e era
muito bonita.

XxX: Desculpe-me... – falou levantando-se. Assim que ela
falou arrependi-me de ter me alterado.

Dulce: Não, desculpe-me eu... É que um garoto esbarrou em
mim hoje de manhã, e... – olhei pra ela e logo parei de falar – E que você não
tá nem aí pra saber, né? – falei rindo, ela riu também.

XxX: Meu nome é Maite, mas pode chamar-me de Mai... Prazer. –
falou tímida e estendo a mão, apertei e sorri.

Dulce: Prazer Mai, sou Dulce María. Mas pode me chamar de
Dul. – ela sorriu.

Maite: Em que sala você está?

Dulce: A cinquenta e seis. E você?

Maite: Também. – sorriu tímida. Fomos em direção a sala, e
ela sentou ao meu lado. Ficamos conversando por um bom tempo. A Maite era
gentil, calma, ela meio que passava paz.

Dulce: Mai, você sabe onde eu posso encontrar um
apartamento? – suspirei. Odiava ter que morar sozinha, isso me lembrava o
orfanato. Fechei os olhos por um momento e lembranças me vieram a mente,
segurei as lágrimas e olhei para ela com um sorriso amarelo.

Mai: Aqui perto da facul, tem um monte de repúblicas. Eu
também estou procurando um lugar, podemos... Procurar juntas... Claro, só se
você quiser! – falou um pouco tímida. Eu sorri e concordei. O resto dos alunos
entraram junto com o professor, e eu o vi lá.

Dulce: Não acredito... – falei e Mai me olhou com cara de
confusão. Abaixei a cabeça e a enterrei na carteira em que estava sentada.