Fanfic: Enséñame

Levantei novamente a cabeça e olhei para a Mai com cara de
confusão olhando para mim. Eu ri.

Dulce: É que aquele garoto que entrou foi o menino que me
atropelou na entrada da facul, aí depois ainda veio jogar a culpa em cima de mim,
gritar comigo e nem sequer veio pedir desculpas. – falei me lembrando da cena e
ficando com raiva. Mai riu e o professor começou sua aula.

O professor Martín era engraçado e divertido. Passamos todo
o tempo da aula apenas rindo com as palhaçadas. Pude conhecer alguns alunos
legais, e outros completamente idiotas.

Professor: Bem meus queridos alunos, hoje foi o primeiro dia
de aula de vocês, por isso ficamos só na teoria. Mas amanhã, já partiremos para
a prática! Tudo bem? – os alunos disseram um “sim” em coro, o professor explicou
mais algumas coisas e o sinal para o intervalo bateu. Todos saíram, só ficamos
eu e a Mai.

Dulce: O que está fazendo? – falei curiosa tentando ver o
que ela escrevia no caderno.

Maite: Ah... eu... eu... t-tou... – ela estava envergonhada em falar. Parei de ver o
que era e olhei para ela, que fez o mesmo.

Dulce: Mai, não precisa falar se não quiser! Tem coisas que
são apenas da nossa conta e de mais ninguém. – sorri sincera.

Maite: Desculpa, mas... Nós somos amigas... Não é? – eu assenti
– Então eu devo te mostrar, é que... Eu tou fazendo uma música...

Dulce: Sério? – falei animada.

Maite: É sim... Eu confesso que não sou muito boa, mas... Ai,
pega aí! – e me deu o papel. Eu li a canção e adorei, era muito bonita.

Dulce: Cuando El Amor Se Acaba? – perguntei para confirmar o
nome da música, ela assentiu com a cabeça – Mai, a música é linda! Não é todo
mundo que tem seu talento.

Maite: Brigada Dul! – sorriu tímida – Vamos para a
lanchonete? Tou com fome...

Dulce: Pode ir, eu vou ficar aqui... – sorri.

Maite: Quer alguma coisa? – já na porta da sala, eu respondi
que não e ela foi em direção a cantina.

Fiquei terminando de escrever algumas coisas e depois fiquei
pensando lá na sala. Não estava a fim de ir para o intervalo, mas ficar na sala
também não era bom. Suspirei e fui em direção ao pátio. Vi um monte de pessoas
em uma roda, corri até lá querendo ver o que era. Pedi licença a algumas
pessoas e vi uma loira brigando com a Mai. Parecia que eu conhecia de algum lugar
aquela garota, mas deixei isso pra lá. Vi que a Mai estava com a cabeça baixa,
quase chorando. E a loira continuava a insultando.

XxX: Olha o que você fez, sua imbecil! Olha como ficou a
minha blusa, ela tá toda manchada! – falou irritada, meu sangue subiu a cabeça.
Odiava pessoas como ela.

Maite: D-de-esculpa... Eu não fiz por mal! – falava ainda de
cabeça baixa, com a voz um pouco baixa.

XxX: Escuta aqui, garotinha – falou com deboche – VOCÊ NÃO
SE ENXERGA NÃO? DERRAMOU SUCO EM MIM! VOCÊ VAI ME PAGAR! – Mai levantou o rosto
e a garota levantou a mão, eu só sei que eu corri e parei na frente da Mai e
segurei sua mão, apertando forte. Nem percebi que outro garoto também a tinha
segurado pela cintura.

XxX: Me solta Christopher!! – percebi o garoto que a estava
segurando. Christopher! Esse era seu nome, era o mesmo garoto a quem eu odiei
desde o primeiro segundo que nos conhecemos – SOLTA MEU BRAÇO SUA RUIVA
FALSIFICADA!

Dulce: Acho que você não pode dizer nada sobre mim, já que
com certeza esse seu loirinho aqui – com o outro braço peguei no cabelo dela, o
que a fez me olhar com raiva, já que não podia mexer-se por causa do “Christopher”
– com certeza não é natural, ou estou enganada, queridinha? – falei com
deboche. Ela queria jogar, eu entrei em seu jogo.

Todos: Uuuuuh!

XxX: Escuta aqui...

Dulce: Escuta aqui você, você não é ninguém pra tratar minha
amiga assim. Eu tenho nojo de pessoas como você, que só pensa em futilidades e
faz um escândalo por causa de uma blusinha manchada.

XxX: Você não sabe nada sobre mim! – ofendida.

Dulce: Não preciso saber, reconheço tipinhos como você de
longe. Tenho certeza que a Mai não fez por mal, garota! Ela já pediu desculpas,
e você não é melhor que ela para ofendê-la. Tá me ouvindo? – tentei manter a
calma, mas estava com raiva dela. Soltei seu braço, assim como o garoto que
estava a segurando.

Christopher: E quem você pensa que é pra tratá-la assim? –
falou com raiva nos olhos. Eu ri irônica.

Dulce: O que foi? Veio defender a namoradinha, foi? Eu só
quero dizer pra não mexer com a Mai, ela não merece ouvir ofensas vindo de uma
pessoa como você.

XxX: E quem é você, a defensora dos pobres e oprimidos? – os
alunos que estavam lá riram – Querida, eu falo com qualquer um como eu quiser! Seus
pais não te deram educação não? – ao ouvir a palavra “pais”, meu coração doeu. Eu
nunca os conheci, não tenho uma foto, não tenho nomes. – Ah, já sei, eles devem
ter é abandonado uma garota como você, não foi? Claro, por que quem agüenta... –
ela não pode terminar a frase.

Eu já não conseguia mais segurar as lágrimas, e ao ouvir o
que ela disse... Dei um tapa em sua cara. E por algum motivo, o tapa doeu tanto
em mim como nela.

Dulce: NUNCA MAIS FALE DOS MEUS PAIS! – falei com as lágrimas
teimando em cair. O
rosto da loira fervia de raiva, e ela ia partir para cima de mim, se não fosse dois
garotos a segurando. Não pude ver o rosto do outro, por que eu já não agüentava
mais estar ali.

Corri para o jardim da faculdade, quando havia andado um
pouco para conhecê-la, tinha descoberto um cantinho mais afastado. Fui para lá,
e fiquei lá chorando. Ouvir a palavra pais já me doía muito, e lembrar que eu
fui abandonada por eles, doía mais ainda. Por que eles não me quiseram? Por que
me abandonaram? Por quê? Eu era apenas um bebê indefeso. Lágrimas caiam mais e
mais do meu rosto, eu estava abraçada as minhas pernas e com a cabeça enterrada
nelas.