Fanfic: Enséñame

(leiam o post com a música Nada Es Para Siempre - Luis Fonsi [http://www.youtube.com/watch?v=pNWZTG3sNf4] *-*)

“Antes de dizer que odeia sua
vida, que você não é feliz, que viveu uma mentira, reveja ela. Reveja seus
momentos com sua família; reveja seus momentos com seus amigos; reveja as
brincadeiras de crianças; reveja o primeiro beijo na puberdade; reveja quando
você levou seu primeiro fora; reveja quando você teve sua primeira namorada;
reveja quando você tomou o primeiro copo de cerveja escondido dos pais; reveja
sua primeira vez; reveja seus momentos mais difíceis, em que sua família e seus
amigos te apoiaram; reveja suas festas de aniversário, em que você completava
mais um ano de vida, feliz; reveja as festas que você ia com os amigos, pegar
garotas... Reveja toda a sua vida, e então você terá a resposta da pergunta: eu
realmente fui feliz?.

E assim, olhe para o seu lado, e
terá pessoas que sofrem mais que você. Que não tiveram pais, que não tiveram
casa, que não tiveram amigos. Que não tiveram diversão. Que nunca provaram um
pedaço de pizza, porque batalhavam apenas por um mísero pedaço de pão. Então,
abra os olhos e perceba que sua vida é ótima, e não tem nada o que mudar.”

Eu podia ver a dor em seus olhos,
relembrando cada cena, relembrando cada momento, cada frase e cada palavra
dita. Christian falava o que tinha acontecido e chorava, chorava muito. Ele
contava a história e olhava para o nada, como se relembrasse tudo. Era triste
ver meu amigo daquele jeito. Muito triste.

Dulce: Christ... – o chamei, ele olhou para mim, e eu o abracei.

Um abraço acolhedor, um abraço
confortante, um abraço de irmãos. Separamo-nos do abraço depois de um tempo,
ele já não chorava mais, talvez por não ter mais lágrimas. Mas, óbvio, isso não
queria dizer que a dor dele havia passado... Claro que não!

Christian: Por que eles fizeram
isso, Dul? Por quê? Por que mentiram pra mim? Eu merecia saber a verdade! Era o
meu direito saber da verdade! Eles não tinham o direito de me fazer sofrer
assim! – ele falava com a voz embargada, mas ainda sem derramar
nenhuma lágrima – Eles mentiram, Dulce! Eu odeio meus pais, ODEIO!

Eu que estava calma, tentando compreendê-lo,
tentando compreender a situação, tentando compreender sua dor, sua mágoa, seu ressentimento,
não me controlei ao ouvir que ele odiava seus pais, e que eles não tinham o
direito de fazê-lo sofrer daquele jeito. Alterei-me.

Dulce: Quer saber Christian? –
falei irritada, ele olhou-me confuso – Você não sabe o que é sofrer! Você não
sabe o que é dor! Você não sabe o que são mentiras! Você nunca passou pelo o
que eu passei! – eu estava tão irritada, que
não media minhas palavras, quase falei a ele o que eu havia vivido. Quase! –
Você não tem o direito de dizer que os odeia, foram eles que acolheram quando
sua mãe te abandonou, foram eles que te deram uma casa, que te deram comida,
que te deram educação... Mas além disso, eles te deram AMOR Christian! AMOR! –
repeti – Eles te deram amor, carinho, afeto. Foram eles que te ajudaram nos
momentos difíceis, foram eles que sempre quiseram o seu bem, foram eles que
mesmo não tendo o seu sangue, te amam como um filho legítimo! – algumas lágrimas
já rolavam pelo meu rosto, e ele também já chorava – Sua mãe te abandonou sim,
o erro foi dela! Mas e agora? Você vai ficar chorando? Chorar não vai fazer com
que ela volte, te peça desculpas e vocês sejam uma “família feliz”. Você já
parou pra pensar na versão deles? No ponto de vista deles? – ele que estava
querendo falar uma coisa, calou-se na mesma hora – Não existe só você nessa
história, Christian... Sua família te ama! Se não fosse por eles, você talvez não
tivesse cursando a faculdade dos seus sonhos, na qual eles te apoiaram, como
você havia me falado... Ou não? – ele assentiu com a cabeça – Talvez você
durante dezessete anos da sua vida, ficasse aprisionado em um maldito orfanato
onde maltratam crianças, e que você tem que trabalhar e ser maltratado, para
poder comer pelo menos um pão do mês passado! – algumas lágrimas de dor
escorriam pelo meu rosto – Sinceramente Christian, reveja toda sua vida,
pergunte-se se você foi feliz, e pergunte também se você está sendo injusto com
seus pais. A resposta das perguntas é sim, mas você terá que descobrir isso
sozinho. – antes dele dizer alguma coisa, corri dali.

Não queria ter que enfrentar perguntas, não queria ter que
dizer que o que ele está passando não chega nem perto do que eu passei. Não queria
que ele cometesse o mesmo erro que eu, não queria que ele sofresse. Pelo menos
o Christian teve alguém para abrir os olhos, para ele poder perceber que a vida
dele era ótima, e que sim, ele era feliz.