Fanfic: Enséñame

(Tipo,
eu só quero falar que eu chorei muito escrevendo esse capítulo, ainda
mais se você fica ouvindo música melancólica escrevendo ele! Ç.Ç)

Recomendo essa música pra ouvir enquanto estiver vendo o capítulo: Leave Out All The Rest – Linkin Park. A música não tem nada a ver com o capítulo, mas eu acho ela perfeita pra se ouvir com um capítulo desses. *-* (http://letras.terra.com.br/linkin-park/989327/traducao.html)

“Seria
tudo tão mais fácil se deixássemos o orgulho de lado, e compartilhássemos as
coisas que só nos fazem mal.”

Dulce: Um sorvete de chocolate, por favor. – pedi sorrindo
ao sorveteiro, peguei o sorvete e fui mais uma vez passear pela praça.

Sentei de baixo da mesma árvore em que estava com Crist,
fechei os olhos e respirei o ar de flores que rodeava o local. Tulipas, rosas,
violetas, margaridas. O local era tão confortável, te fazia sentir-se mais
perto da natureza. Continuei com os olhos fechados, enquanto comia a casquinha
do sorvete. Aquele cantinho era um pouco mais afastado da praça, e ao lado do
lago. Abri meus olhos e fiquei observando o lago, tão limpo, tão azul, tão
puro. Terminei de comer o sorvete e fui até lá, coloquei a mão na água e fiquei
passando de um lado para o outro, enquanto pensava na minha vida. Nunca pude
dizer que fui feliz, aliás, porque eu não fui. Perdi minha infância naquele
orfanato, naquele maldito orfanato. Maldito seja! Era tão difícil segurar as lágrimas
ao lembrar. E o pior de tudo, é que eu não consigo esquecer as lembranças.
Lembranças cruéis, de tempos difíceis, de dor e sofrimento. Eu já chorava descontroladamente
lembrando-me de tudo.

Cresci sendo maltratada pelos donos do orfanato. Cresci vendo
crianças serem torturadas. Cresci em um inferno, um maldito inferno. E quando
eu completei a maioridade, liberdade. Finalmente, a liberdade. Finalmente
podendo ser livre, finalmente sair daquilo. Mesmo assim, as lembranças nunca saíram
da minha cabeça. Nunca. Toda hora eu me lembrava, me lembrava das torturas, me
lembrava das crianças chorando e pedindo por seus pais... Eu era uma delas.
Aquilo não podia chamar-se um orfanato, não podia. As donas eram sujas, não no
quesito limpeza. Elas eram cruéis, torturantes. Elas vendiam corpos de algumas
crianças, mas não crianças mortas. Elas vendiam para homens nojentos, que
queriam abusar delas, literalmente.

Às vezes eu conseguia fugir, ia pra festas, baladas. Foi em
uma balada dessas que eu conheci a Ana, tornamo-nos amigas, e eu me sentia
menos triste ao lado dela. Qualquer lugar, desde que não fosse perto daquele
lugar asqueroso, eu me sentia melhor. Mas no final, sempre acabavam me
encontrando e me colocando na “solitária”. Eu ficava lá, sofrendo em silêncio. E por mais
que eu não gostasse daquela sala, era muito melhor do que ficar vendo as cenas
torturantes de sempre.

Apertei os olhos com mais força, lembrei-me de quando uma
das mulheres do orfanato ofereceu meu corpo para um homem. Comecei a chorar
mais. Chorar era minha única forma de desabafar, de tirar todo aquele
sofrimento que parecia não ter mais fim. Eu já estava sentada ao lado do lago,
com os braços abraçando as pernas, e com a cabeça apoiada nos joelhos. Não, eu
não fiz nada com ele, consegui fugir com a ajuda de um amigo, mas ainda podia
sentir as mãos nojentas dele tocando-me. Desde aquele dia, eu sentia repugnância
do meu corpo, às vezes me sentia suja, isso só melhorava quando eu tomava
banho. Senti alguém tocar meu ombro, levantei meu rosto e mirei a pessoa.
Senti-me assustada e feliz ao mesmo tempo, abri um sorriso e continuei olhando
pra ele.

XxX: Dul? – perguntou sorrindo.