Fanfic: O Prisioneiro AyA (terminada)

O
calor nos olhos de Alfonso quando olhava para ela e a genti­leza de seu toque
quando faziam amor demonstravam carinho. Se ele viria a amá-la ou não, não sabia, mas já o amava. Ama­va-o há dez anos e, como dizia
sua divisa, havia segurado com firmeza.

Saiu
do jardim e foi procurar Alfonso.

Ele
estava sentado num banco de pedra no pomar lendo The Canterbury Tales, ou
tentando ler. As horas que passava longe de Anahí eram cada vez mais monótonas. Dado o feudo san­grento
entre os dois clãs, não seria possível serem vistos juntos em
público,
embora cada morador do castelo soubesse que par­tilhavam a cama.

Estava
surpreso por Ucker não ter vindo procurar por ele. Era evidente que
Anahí não enviara um pedido de resgate. E devia estar
planejando sua fuga. Em luta singular, seria fácil do­minar o guarda com
cara de rato. Mas Alfonso não tinha vontade. Por mais
que detestasse ser prisioneiro, a liberdade significaria dizer adeus a Annie.

Já podia estar carregando
seu bebê, mas, grávida ou não, laird ou não, não importava. Queria-a por
ela mesma. Passara horas pensando num meio de fazer de Annie sua noiva. Se
pudes­se limpar o nome de Ucker, poderiam ter uma chance de felici­dade...
pequena, mas mesmo assim uma chance. Não acreditava que seu gêmeo fosse um assassino.

- Alfonso.

O
som da voz de Anahí pegou-o desprevenido. Quase dei­xou cair o livro na terra úmida.

- Anahí... milady, o que a traz aqui? -Absurdamente fe­liz por vê-la, embora tivessem se
separado há apenas uma hora, ele fechou o livro, colocou-o
sobre o banco e se levantou.

Antes
de responder, ela olhou para o guarda, Seamus, e disse:

- Quero falar com lorde Alfonso em particular. Pode
nos deixar.

- Mas, milady, as ordens de lorde Pedro são para não dei­xar o prisioneiro
longe dos meus olhos.

Alfonso
percebeu a expressão de Anahí e calculou que o guarda receberia o que
merecia.

- Lorde Pedro não é laird. Eu sou.
Agora, por favor, deixe-nos.

- Como quiser, milady.

O
olhar malicioso do guarda mostrou o que pensava sobre o uso que fariam da
privacidade. Alfonso daria muito pelo privilégio de esmurrar aquela
cara de rato.

Seamus
fez uma mesura e recuou. Alfonso se aproximou de Anahí.

- Annie, há alguma coisa errada? Você parece fora de si.

- Acho que talvez ame você. Pronto, falei. Agora que
já sabe,
eu o deixarei com seu livro. - Virou-se para sair.

Alfonso
estendeu a mão e agarrou-a antes que ela desse um passo.
Segurou-a pelos ombros e a fez se voltar para ele.

- Diga de novo.

- Eu estava sentada num banco no jardim,
despetalando uma margarida, e de repente pensei que talvez ame você.

O
coração de Alfonso cresceu dentro do peito. Anahí
Portilla "talvez" o amasse.

Ela
soltou um suspiro.

- Bem?

- Bem o quê? - repetiu ele, dividido
entre divertimento e ternura.

- Não tem nada a dizer sobre o
assunto? Ele fingiu pensar no assunto.

- Então acha que talvez me ame, é isso?

- Sim, acho que talvez o ame.

- Essa é uma notícia muito boa, Annie.
Porque estou comple­tamente seguro de que a amo.