Fanfic: O Prisioneiro AyA (terminada)

Anahí
entrou na sala cheia de painéis, onde gerações de lairds Portilla
haviam se reunido com seus conselheiros. No caso presente, porém, os conselheiros é que haviam pedido a reunião, uma situação incomum.

Pedro
e os outros 11 idosos cavalheiros já a esperavam. Entrou e foi
recebida por um silêncio sombrio. A tensão na sala era tão forte que parecia sólida.

- Milady. - Em pé na entrada, Pedro
recebeu-a com a costumeira mesura.

Os
demais se levantaram e seus olhares a seguiram enquan­to ela se encaminhava
para seu lugar à cabeceira da mesa de pedra.

- Senhores, sentem-se.

Quando
todos se sentaram, Anahí correu o olhar pelos ho­mens, para avaliar o que a
esperava. Todos abaixaram os olhos, sem querer encontrar os dela, o que não era um bom sinal. Quando
ninguém falou, Anahí disse:

- Parece que estou numa colônia de mudos. Vamos, senho­res,
falem.

Pedro,
sentado a sua direita, voltou-se para ela.

- Um grupo de Herrera foi visto em Cuillin Hills,
nove lé­guas a sudoeste do castelo.

- Eles carregam armas pesadas? Lorde Angus
respondeu:

- Sim, milady, canhões e espadas.

Então tinham a intenção de sitiar o castelo.
Anahí não pre­cisava perguntar o que queriam, Ucker
Herrera viera buscar o irmão.

Dirigindo-se
a lorde Angus, sentiu o olhar de Pedro nas costas.

- Quanto tempo temos antes de eles chegarem ao
castelo?

- Estarão aqui ao amanhecer, milady, talvez antes.

- Por que não fui informada antes? - perguntou a Pedro. Houve
um silêncio desconfortável.

- A senhora estava... indisposta. Não queria aborrecê-la an­tes de confirmar os
rumores por mim mesmo.

Por
indisposta, queria dizer na cama com Alfonso. Anahí sen­tiu uma onda de culpa,
então
a dominou. Tudo o que precisavam fazer era bater à porta. Era como se
tivessem demorado deliberadamente a lhe dar a notícia, deixando para fazê-lo diante do conselho e,
portanto, colocando-a numa situação desconfortá­vel, o que a encheu de fúria.

- Não lhe cabia tomar essa
decisão. Indisposta ou não, no futuro espero ser
informada de imediato.

- É claro, milady, peço perdão.

Sua
maneira obsequiosa irritou-a ainda mais. Sabia que Pedro servira bem e com
fidelidade a seu pai. Crescera conside­rando-o mais um tio do que um primo.
Mas, nas poucas semanas depois de se tornar laird, passara a suspeitar
que seus motivos não eram tão puros como acreditara
antes. Lembrou-se do dia em que Alfonso fora seqüestrado. Pedro culpara o
prisioneiro pelos ferimentos que sofrera e seu filho, Hugh,
confirmara. Na ocasião, aceitara a palavra deles, mas agora tinha menos
cer­teza. Ao pensar nas marcas de chicote nas costas e ombros de Alfonso,
cicatrizes que teria pelo resto da vida, sentiu culpa... e raiva. O orgulho a
impedira de perguntar a Alfonso o que realmen­te acontecera. Mas as ações atuais de Pedro
mostravam como a situação havia fugido ao seu controle.

Ao
não
informar a ela a aproximação dos atacantes, pusera todos no castelo e fora
dele em grave perigo. Não podia mais confiar nele, e portanto lhe tiraria
o lugar no conselho, mas ago­ra tinha um assunto mais sério a resolver.

- O cativo deve ser levado de volta ao Herrera
antes que ele e seus homens cheguem ao castelo.

Levantou
para sair quando a voz de Pedro a fez se sentar de novo.

- Há outra questão urgente a discutir.

- E qual é, Pedro?

- A senhora deve nomear um sucessor imediatamente,
no caso... de alguma coisa lhe acontecer.

- Seu cuidado por mim é comovente, milorde. - Não se deu ao trabalho de
disfarçar o sarcasmo.

Pedro
pareceu não percebê-lo e continuou:

- Meu filho, Hugh, é um guerreiro nobre e
corajoso que já provou seu valor ao servir bem este clã.

De
tudo o que esperava ouvir, isso era o pior, e Anahí se sentiu tonta. Cheio de
espinhas e desajeitado, Hugh acabara de fazer 18 anos. E o menino era um
seguidor, não um líder.

- Quer que indique Hugh como meu sucessor? Mas ele é
um menino.

- Na verdade, milady, minha sugestão é que se case com ele. - Anahí ficou muda. - Hugh é um belo rapaz e jovem o
bas­tante para ser moldado por milady... e por mim, se necessário.

Então queria uma marionete
como consorte dela. Mas ela não queria um menino como
marido, não queria ninguém, ape­nas Alfonso.

- É muito... generoso de sua
parte oferecer seu filho, milorde, mas devo recusar. O casamento de uma laird é mais do que a união entre um homem e uma
mulher, é uma aliança. Não vejo benefício em me casar com um integrante
do clã.

- Mas, milady, se... as circunstâncias exigirem que se case às pressas, ter um marido
jovem, de natureza compreensiva, pode ser de grande valor.

Sua
menção
às
"circunstâncias" era uma referência velada à
possibilidade
de ela estar grávida. Embora nada tivesse dito a ninguém, tivera náuseas nas últimas manhãs e se lembrou dos
primeiros dias da gravidez anterior. Ainda não tinha certeza, mas
suspeitava que seu plano de ter um filho de Alfonso tivera sucesso.

- Não vou me casar com Hugh.

- Não compreendo...

- Silêncio! - Pela segunda vez em dois
minutos, Anahí interrompeu Pedro. - Sou sua laird. Não preciso que me com­preenda,
apenas que me obedeça. No momento, tome as provi­dências para fornecer uma
escolta segura para lorde Alfonso até o acampamento do irmão. E considerem o conselho
encerrado.