Fanfic: After All - AyA [Finalizada]

Amaldiçoado destino que montava peças no meu quebra cabeça onde Alfonso Herrera Rodriguez metia-se sem permissão. Era a ultima peça a ser encaixada, a mais fácil, mas ao mesmo tempo a mais demorada. Assim como o caminho que eu traçava até em casa, apesar do meu refugio afastar-se um pouco da cidade adorava-o pelo mesmo motivo. Andei em média velocidade adiando o momento de ter que dar explicações a dona Marichelo. Foi quando vi no canto da estrada algo que chamou minha atenção, quase atropelara algo por culpa dos meus devaneios, brequei o carro no acostamento e sai do mesmo dando alguns passos atrás. Miados finos e meigos preencheram meus ouvidos, deparei-me com uma miniatura de gato no meio da estrada. A seqüência dos seus miados apertou-me o coração. Encolhidinho como um bebê a procura da mãe. Seus olhos eram tão azuis quanto os meus, agachei-me e prontamente ele veio até mim esfregando-se em minhas pernas. Sorri ao senti-lo ronronar e decidi levá-lo comigo. Uma boa ação talvez animasse meu humor. Enrolei-o em uma toalha e coloquei-o em meu lado no banco carona. Ele era muito pequeno para passar o cinto, talvez ele não precisasse. Deus Anahí gatos filhotes não precisam de cinto! Acelerei o carro e recoloquei-me na estrada, a viajem a partir daí foi mais proveitosa e rápida. O pequeno gatinho pareceu dormir enrolado em si próprio, sorri ao vê-lo tão fofo como se nada no mundo o atingisse. Queria estar assim, no lugar dele, quem sabe nos braços de Alfonso. Teria adiantado se dissesse que o amava? Merda! Não, isso não adiantaria. Ele era tão orgulhoso quanto eu.

            — Preciso te dar um nome gato... – falei em voz dispersa – Poderia se chamar Poncho se for homem e Poncha se for mulher.

Olhei o gatinho continuar a dormir. Dona Marichelo não iria ficar satisfeita por eu levar um bicho de rua pra dentro de casa.

            — Ok, ela nem precisa saber não é gato?

O ronronar pareceu dobrar, alisei sua cabeça peluda sentindo meus dedos afundarem nos pêlos claros.

            — Acho que você precisa de um banho! – analisei a cor e a textura do pêlo.

De repente quis fazer uma loucura em pleno domingo. Estava quase chegando à cidade, tudo parecia deserto. Apoiando uma mão ao volante e mantendo meus olhos na estrada, estiquei uma mão ao porta-luvas. Como previra encontrara um boné que Jorge havia esquecido semana passada. Aproveitei um semáforo mais a frente para enrolar os cabelos em um coque desajeitado e colocar o boné quase o dobro da minha cabeça. As calças largas e o moletom deveriam esconder quem eu era. Droga! Estava descalça, mas talvez isso não tivesse importância. Andei mais alguns quilômetros e estacionei frente a um supermercado. Quase vazio. Sorte. Pessoas normais não vão ao supermercado ao meio dia. Assustei-me com a hora quando a vi. Passara tudo muito rápido, mal dormira e minha cabeça continuava a latejar.

            — Fique aqui gatito... – usei minha voz de bebe para falar com o dorminhoco – Tititi já vem!