Fanfic: After All - AyA [Finalizada]

After All – 3ª Temporada

Capitulo 24 – Recordações

Enfiei-me debaixo das cobertas sabendo exatamente de quem eram os passos fortes e insistentes que subiam as escadas em direção ao meu quarto. O que em sã consciência, em pleno domingo, às seis horas da manhã, Guillermo Rosas estava fazendo em minha casa? Ok, eu não tinha colaborado nas ultimas semanas: Três porres em três dias seguidos em intervalos de quatro dias de sanidade! Sexta, sábado e domingo. Direto, exponencialmente. Trabalhava como uma profissional durante a semana me transformava em Carmem, orgulhosamente me chamo assim, nos finais. Sei que ando sendo imatura, fazendo o que quero da minha vida sem me importar com o resto, mas naqueles momentos podia extrapolar, ser a menina que nos últimos meses decidira deixar. A porta se abriu, minha cabeça estava tampada pela coberta e fiquei imóvel fingindo dormir.

            — Eu já notei que você está acordada... – disse ele.

Provavelmente parado a porta com as mãos apoiadas na cintura. Não o respondi. Na verdade tive uma vontade imensa de rir.

            — Anahí! – chamou-me impaciente.

Continuei imóvel. Ele não existia, era uma lembrança chata do meu dia-a-dia. Amava-o mas tem horas que queria matá-lo.

            — Sexta Acapulco, sábado Monterrey e onde você vai beber hoje? – reclamou ele – E os ensaios que marcamos? Você mal terminou os preparativos pro vídeo? Esqueceu da sua sobrinha também? Sua mãe está preocupada....

Escutei-o com atenção pegando em todos os meus pontos fracos, uma lista gigantesca viria, eu sabia... Mas cortei-o antes que ele chegasse ao ponto que eu, decididamente, não queria chegar.

— Não precisa enumerar minha lista de cumprimentos...

            — Ah falta deles você quer dizer! – desdenhou.

Bufei sobre os cobertores. Mantive-me debaixo deles como se aquilo me protegesse do mundo real prestes a desabar na minha cabeça. Aliás, cabeça que começava a latejar diante de mais uma ressaca. Na verdade já convivia com isso, era tão normal que me acostumara com a dor, o corpo mole e preguiçoso. Mas ninguém precisava saber disso além de mim.

            — Você pode ir embora agora! – minha voz saiu abafada.

Um silencio manteve-se, ouvi alguns passos e realmente achei que ele tinha ido embora. Abaixei o cobertor um mínimo milímetro para, desgraçadamente, encontrá-lo a minha frente.

            — Levanta, toma um banho e sem birra... Preciso falar com você! – falou calculista.

Tão serio e mandão que não tive escolha se não levantar e seguir ao banheiro. Veja bem, às seis horas da manha de um pleno domingo. Isso não é vida pra mim.

Guillermo me esperou estático no mesmo lugar. Quis mandá-lo embora pra trocar-me, mas nem isso ele permitiu. Fiquei com o robe felpudo próximo ao corpo e voltei pra debaixo das cobertas. Deitei como um feto agarrando-me a um travesseiro e olhando para o nada. Quando ele sentou-se ao meu lado sabia que a conversa seria longa.

            — Pode começar a me atacar... Me preparei o mês inteiro pra isso! – falei amargurada.

De repente uma vontade de chorar invadiu-me. Aquilo acontecia freqüentemente, sem motivo nenhum um desespero aferrava-me o peito.

            — Não vou te atacar, vim te avisar que os produtores ficaram sabendo da sua ultima saída e não ficaram satisfeitos...

            — Não vou parar por eles, isso nunca impediu o RBD.

            — Achei que já tinha consciência que RBD não é Anahí!

            — Já não me importo mais... – sussurrei.

            — Os velhos tempos não voltam Annie...

Mirei-o.

            — Sabe eu adoro o que faço e juro pra você que amo cuidar do meu disco, mas as vezes queria que aquele tempo voltasse, que não precisasse pensar por mim, que tinham mais cinco pessoas pra me ajudar... – suspirei – Guille sinto que não sou capaz...

            — Pare ai...

            — Não me escute! – sentei na cama disposta a falar – Você não sabe o que foi pra mim subir ao palco e não tê-los ao meu lado... – entreguei o ouro e derramei as primeiras lagrimas – Me senti tão vazia... E depois que tudo acabou foi como se nunca tivesse existido. Afastei Mai, Dulce e continuo fazendo com Ucker e Christian... – guardei um soluço no fundo da garganta deixando minha voz embaraçada – E agora... Oh eu afastei Poncho pra sempre!

No momento que a tormenta foi exposta Guillermo me abraçou. Caí em seus braços e chorei como uma menina que não tinha sua boneca. Meu coração pulsava freneticamente e sentia que aquele desabafo ajudava a aliviar um pouco da minha culpa. Estava perdendo o controle da situação, eu sabia daquilo.

            — Se acalme... – disse ele limpando-me as lagrimas quando voltei a mirá-lo – Por mais erros que você tenha cometido pode repará-los... Todos Annie.

Assenti, mas não estava convicta daquilo. Cada vez que tentava reparar só acabava piorando as coisas. Fora assim com Poncho, sempre fora. Mas agora não tinha volta, ele tinha uma namorada e estava feliz com ela, o que diabos eu poderia fazer? Doía-me por ser estúpida e não saber.

            — Lembra quando você fazia suas loucuras e corria me pedir ajuda? – perguntou ele. Assenti – Se você fizer uma estou aqui do mesmo modo! – sorriu.

Abracei-o e depois daquilo senti-me muito melhor. Guillermo levantou meu astral, me fez rir ao relembrar aqueles tempos. O território era neutro, fazia-me feliz pensar naquela época, a melhor de minha vida.