Fanfic: After All - AyA [Finalizada]

After All – 3ª Temporada

Capitulo 30 — Diário de Bordo IV

Recuei mais de cinco vezes até decidir abrir a porta. O cartão deslizou pelo trinco e a indecisão rondou minha mente. Fiquei paralisado pensando se estava agindo corretamente ou não. Sabia que deveria esperar até o dia seguinte, talvez, mas uma força magnética puxava-me pra dentro do quarto, o cheiro dela enfurnava minhas narinas e ponha-me embriagado. Era uma estratégia sórdida recuar. Entrei, fechei a porta com cuidado. O pequeno corredor estava escuro e o quarto iluminava-se por um feixe de luz de um abajur distante. Os passos que se seguiram foram inseguros e silenciosos como o quarto que se tragava num absorto silêncio. Quando alcancei o centro do ambiente logo a vi jogada entre os lençóis levemente desarrumados. Sua roupa continuava a mesma me dando sinal que desfalecera sem se dar conta. A peça mal cobria suas pernas lisas e torneadas, o rosto sereno mal dizia que havíamos brigado. Rodei a cama visualizando-a, aproveitando-me do seu sono para olhá-la e guardar em minha mente aquela imagem pro resto da vida. Ali ela não podia brigar-me, jogar na minha cara meus erros e propor seu orgulho. Ali era o objeto dos meus sonhos, a imagem idealizada da mulher que queria ao meu lado. Aproximei-me da cama, sentei cuidadosamente ao canto e logo vi a garrafa de champagne aberta. Peguei-a. Quase vazia. [i]Bêbada[/i].

            — Porque faz isso? – mirei-a.

No fundo esperava que ela me respondesse, que gritasse comigo e me enchesse de tapas, mas o silencio foi cruel. Quem eu estava enganando? Eu a amava pelo que era: birrenta e orgulhosa, a mistura da menina e mulher. Amava-a por ter a capacidade de tocar os outros com seu amor, por seu talento, seu sorriso. Sua forma de ser, de atuar nas situações, sua forma de me olhar, de tocar-me, de juntar seus lábios aos meus num beijo tenro. Amava-a porque meu coração não aceitava que outra o tomasse, era dela. Sempre foi assim e talvez o erro fora ter descoberto tarde demais. Precisei errar e perdê-la para me dar conta que a necessitava. Obriguei-a crescer pelo erro há anos atrás, através de uma magoa transformara-a. E eu a odiava por não saber me amar como antes. Céus! Observei-a serenamente dispersa em seu sono. Silenciosamente queria pedir-lhe perdão, mas isso não adiantaria. [i]Teria que perdoar-me primeiro[/i]. Essa era o problema, não conseguia aceitar minhas falhas, ela tinha razão. Era tão orgulhoso quanto ela, mas ainda não me sentia preparado para uma decisão. Elevei a mão até seu rosto devagar, parei antes de tocá-la, mas a tentação de sentir sua pele foi maior. Deslizei os dedos pela lateral de seu rosto afastando a pequena mexa de cabelos que ali faziam contorno. A pele quente e macia queimava meus dedos abrindo caminho para delinear sua face com a mão.

            — Queria tanto que fosse diferente... – sussurrei.

Meu rosto aproximou-se mais do dela, como um impulso em meu peito que mandava fazer aquilo. Iria e queria beijá-la, mas detive-me perto de seus lábios. Mirei o rosto tranqüilo entre minha mão sentindo a respiração calma batendo em meu rosto. Teríamos e conseguiríamos algo no futuro? Vagarosamente inclinei o rosto e toquei meus lábios aos dela buscando uma resposta. Fora superficial, mas inteiramente capaz de acender todo meu corpo e adquirir a força extrema de querer mais. Já não tinha consciência de mais nada. Beijei-a de novo arrastando os lábios em sua boca macia sorvendo o gosto doce do [i] champagne [/i]. Deixei que meu nariz atritasse ao dela e mantive-o ali, junto. Não tinha coragem nem forças pra afastar-me daquela sensação que subia por meu corpo. Era errado, eu sei, mas não conseguia, simplesmente não conseguia. Foi então, naquele exato momento que senti a leveza da mão cálida de Anahí deslizar por meu braço. Fora tão devagar, tão preguiçoso que não saberia responder se era mesmo real. Quando sua mão chegou a minha, aconchegou-se ali em um leve apertão, foi como se ela se abraçasse para manter-me junto.

            — Fique aqui... – sussurrou ela – Comigo.