Fanfic: After All - AyA [Finalizada]

Pensei em levantar-me no desespero e arrumar-me, mas não o enganava. Bufei pra mim mesma por ainda ter aquela mania boba de querer-lhe mostrar uma imagem que não cabia a mim. Iria esperá-lo ali mesmo, estava com moleza demasiada para levantar-me. O que eu não imaginaria é que o cansaço fosse tão grande que acabaria pôr-me a cochilar. Meus olhos pesaram e deixei que aquilo me levasse. Não sei quanto tempo se passou, nem mesmo sei como aconteceu, como ele entrou e sentou-se a minha cama. Mas ele estava ali, analisando-me, traçando meu rosto de leve com as mãos. Uma vez desperta senti seu perfume entrar por meu corpo, sua presença inquietava-me. Mantive os olhos fechados aproveitando-me daquela situação.

            — Já vi que está desperta! – sussurrou ele.

            — Fica tão obvio assim? – disse deixando um sorriso bobo apossar-se de meus lábios.

Abri os olhos em tempo de vê-lo assentir. De leve sua mão deixou meu rosto e passamos a batalhar com os olhos. Não sabia exatamente o que fazer, sabia que ele avaliava meus traços, as pequenas sardas do meu nariz, os lábios rosados e secos. Não conseguia desviar o foco do esverdeado intenso de seus olhos, só queria ter coragem de dizer-lhe algo, perguntar talvez por que ele estava ali.

            — Está cansada... – afirmou – Acho que vim em mau momento!

— Não! – segurei-lhe a mão incisivamente – Estou bem!

Sentei-me na cama para demonstrar-lhe isso.

            — O que veio fazer aqui?

O pequeno minuto de silencio preparou-me para sua resposta. Ele não precisava dizer, seus olhos falavam-me.

            — Há quanto tempo? – perguntei-lhe baixo.

            — Quase uma semana. 

Analisei sua expressão e algo não se encaixava. Porque ele demorara tanto tempo para terminar seu relacionamento? Merda! Estava julgando-o novamente. Pedimos e acertamos o tempo, mas não necessariamente qual. Precisava confiar nele, nos seus motivos e pela primeira vez atribui aquilo. Levei uma mão até seu rosto e contornei a bochecha áspera sentindo-o acalorar-se com o toque.

            — E agora que temos uma chance para tentar ser feliz? – sussurrei.

Seus olhos cerraram-se, sua mão buscou a minha enquanto seu corpo se aproximava mais do meu.

            — É a hora que eu te convido pra jantar, te levo pra dançar e enquanto nossos corpos se juntam sentimos a sensação de estar no lugar certo com a pessoa certa!

Baixei o rosto vetando o efeito das suas palavras. Minha mão decaiu até seu ombro enquanto ele próprio segurava meu rosto entre as mãos macias.

            — Vamos começar do zero Annie, como qualquer outro casal...

            — Poncho! – mirei-o.

            — Não quero cometer os mesmos erros! – falou impacientemente – Você concorda nesse ponto comigo?

Assenti devagar por que era aquilo que esperava dali a frente. Queria beijá-lo por tê-lo de volta ao mesmo tempo em que queria chorar e despistar toda magoa que sofremos durante aquele tempo. Olhei fundo em seus olhos, queria falar-lhe algo, expor o medo que via a frente, mas, nada saiu.

            — Confia em mim? – ele perguntou como se lesse meus pensamentos.

            — Confio Alfonso! – respondi-o sem hesitar, tendo aquela certeza dentro de mim.

Ele deu um sorriso fraco.

            — E eu confio em você Anahí... – disse baixo alisando meu rosto com os dedos – Não há que temer!

Assenti novamente. Mais uma vez minha voz emudeceu na garganta. Mal tive coragem de mirá-lo vendo sua certeza contra minhas duvidas. Aprenderia a lidar com aquilo, mesmo sabendo que ia ser difícil, por que no final, o teria ao meu lado. Poderia contar os minutos para vê-lo depois de uma viagem, contar todas as coisas que guardava a uma amiga, poderia ouvi-lo e sentir seu entusiasmo a um novo trabalho... Compartilharíamos os tantos sonhos que tínhamos. Poderia abraçá-lo e beijá-lo sem ter medo de pensar que aquilo era uma ilusão. Um sorriso acanhado apossou-se de meus lábios imaginando tudo.

            — Vou a Porto Rico pela manhã! – disse-o desviando de alguma maneira o assunto.

Foi a vez dele assentir, um tanto... Desapontado.

            — Sei que esse é um momento importante da sua vida... – fez uma pausa – Não vou lhe cobrar nada! – com um sorriso completou – Podemos jantar quando voltar!

Acompanhei-o no riso sentindo-me deslocada. A presença de Poncho deixava-me inibida por vezes, era como se me transformasse em algo frágil a ponto de quebrar-se. Sabia que podia enfrentá-lo, reinar, fazer birra, mas havia momentos como esse, que sentia-me acanhada.

            — Vou deixá-la descansar... – disse ele vendo-me viajar.

Neguei no mesmo momento.

            — Fique aqui... – pedi-o – Já tenho tudo pronto pra viajem...

Ele arqueou uma sobrancelha em duvida. Sabia bem o que ele tinha pensado: A velha Anahí atrasada deixando tudo de ultima hora. Estranhamente senti-me atraída enquanto um sorriso maroto transformava sua expressão. Em um impulso pousei uma das mãos em seu pescoço e beijei-o. Nossos lábios encontraram-se com lascívia num movimento pálido e sensual. Inclinando-se sobre mim deitou-me na cama e posicionou-se ao meu lado. De lá não saiu até o anoitecer. Sorri contra seus lábios quando nos despedimos. Não deixamos promessas, não dissemos nada que comprometesse aquela nova chama. Seria devagar dessa vez e assim, sem querer, aquilo criava um lume em meu peito, uma estimativa que, daquela vez, daria certo.