Fanfic: After All - AyA [Finalizada]

Certamente cada dia que passava se tornava pior. Mil coisas giravam na minha cabeça à medida que as horas passavam e antecediam o lançamento de Mi Delírio. Quando voltei ao México naquela manhã senti como se o mundo e as horas parassem. Mal tive tempo de tomar uma ducha já tive que correr ao trabalho. Guillermo me deixava mais loca a cada momento. Por certo, a visita e companhia de Paulina comigo animava-me as horas. Com ela e Maria esquecia um pouco das coisas e dava-me a liberdade de perder tempo falando besteiras. Não tive noticias de Poncho, sabia que ele estava na Argentina e que se tudo desse certo voltaria na noite de quarta-feira. Não sabia quando poderia vê-lo e aquilo me agoniava.

Lerdamente fui respirando, pensando e ansiando pelo dia de amanhã. Vi-me sozinha em uma noite estrelada observando cada ladrilho brilhante no céu pela sacada do meu quarto, fazendo meus pedidos e pedindo ao universo que conspirasse. Deixei que a brisa fresca golpeasse meus cabelos e arrepiasse minha pele quente. Quando dei por mim estava desligada do mundo pensando nas coisas boas da vida. Desejei que alguém compartilhasse aquele momento comigo, queria que Poncho estivesse ali, que adornasse seu torso em minhas costas e sussurrasse em meu ouvido que daria tudo certo. Suspirei em pensamento preenchendo-me de um calor imaginário. No momento seguinte me sobressaltei com a entrada de minha mãe no quarto. Trazia em mãos uma caixa media embrulhada em papel claro.

            — O que é isso? – perguntei com um sorriso arqueando as sobrancelhas.

            — Se você quer que eu estrague a surpresa posso te falar! – disse ela colocando a caixa sobre a cama.

Aproximou-se de mim e aconchegou-me em seus braços num abraço maternal. O abraço que sempre buscaria nas noites de tormenta, que sempre me daria conforto e confiança. Voltei a olhar dona Marichelo com seu olhar maroto e o sorriso ladino nos lábios.

            — O que está aprontando? – perguntei-lhe alegre.

            — Eu? Oh nada minha filha! – disse indignada ponto a mão sobre o peito – Abra logo sua caixa, eu quase não me agüento de curiosidade!

Gargalhei puxando-a para a cama. Peguei a caixa entre as mãos e abri o laço dourado sobre ela. Dentro encontrei um envelope branco, o resto do conteúdo eram CD’s. Rebelde, Nuestro Amor, Celestial e todos os outros que formavam a carreira do RBD. Peguei cada um deles entre as mãos com um sorriso bobo nos lábios. Sem entender direcionei minha atenção ao cartão.

“Foram anos de trabalho, esforços, sonhos e realizações. Dias de tormenta, de lagrimas sem motivo. Compartilhamos cumplicidades, compartilhamos sonhos juntos. Cada CD representa uma fase da sua vida que vai lembrar pro resto dos seus dias. Talvez os melhores ou os que você quer a todo custo esquecer, mas... Cada vez que achar que tudo está perdido volte a olhar essa caixa e se de conta que tudo pode ser possível.

A rebelde cresceu e está louca!

Não esqueça que sempre, sempre, sempre e sempre seremos rebeldes, mas não deixamos de ser loucos... Por você!

Dulce, Christian, Christopher, Maite e Poncho.

Quando terminei os versos meus olhos estavam repletos de lagrimas. Deixei que elas caíssem em emoção molhando todo meu rosto. Mirei dona Marichelo com um sorriso compreensivo nos lábios.

            — Vou deixá-la sozinha querida! – levantou-se depositando um beijo em meus cabelos – Te amo Annie!

            — Também a amo mamãe! – respondi com a voz embriagada.

Mesmo assim um sorriso apareceu em meus lábios. Quando a porta fechou-se me dei conta do significado daquela caixa, daqueles CDs: era minha vida. Tudo que eu era, os anos mais importantes por que passara. Os mais difíceis, os mais alegres. Retirei cada CD e abri-os relembrando e me dei conta que cada um tinha uma dedicatória, cada um tinha uma frase ou uma memória gravada. Reconheci a letra espessa de Christian dizendo sobre as paginas de “Feliz Cumpleaños” como adora a Pollita magrela. Entre “Ser o Parecer” vi os versos de Dulce lembrando-me das noites que passávamos em claro fofocando. Christopher deixou “bebês” espalhados por “Así Soy Yo”. E assim sucessivamente fui transcorrendo as paginas e cada uma lembrava-me de algo ou continham simplesmente uma mensagem. Não contive os soluços ao reconhecer a letra de Maite gravada. Sentia saudades dela, sentia-me culpada por afastá-la por tanto tempo. “Não importa se você faz birra, sempre vai ser a mesma pra mim!” – disse ela sobre “Era La Musica”. Levei as mãos ao rosto tentando afastar o choro. Iria concertar as coisas de algum modo. Continuei a olhar os rabiscos. Versos de musicas estavam sublinhados, consegui gargalhar ao passar por “Cariño Mio” e ver o apelo sexual que se fazia. Olhei tudo, cada detalhe, mas nada me surpreendera mais que correr os olhos pela pagina clara de “Si No Estás Aqui”.

Não sabia se chorava ou se controlava meus lábios. Estava sem reação. A única frase ali revelava um turbilhão de coisas. “Para ti, para siempre”. A frase retumbou em minha mente, aquilo era tudo que eu precisava saber.